quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Deste vício que é destralhar




Neste momento partilho um apartamento T3 com o senhor meu namorado, que pertence aos meus pais desde que eu nasci, onde durante toda a minha infância passámos sempre algumas semanas nas férias, e que, desde 2004 (ano em que entrei na faculdade) tem tido sempre alguém a lá morar. 
Resultado: é um apartamento pejadinho de tralha, muita dela já do século passado. Ou antes: era pejadinho dela, porque eu ando a tratar do assunto com muito afinco. Só que é uma assunto que, dada a sua dimensão e o facto de eu ter que trabalhar e pretender ter uma vida para além de arrumações, é coisa para ainda durar uns bons meses. E isto inclui não só a tralha antiga como coisas (nomeadamente roupa) mais recentes e que ou não uso, ou não gosto por aí além, mas que por motivos vários vão permanecendo erradamente a ocupar espaço precioso lá em casa.
Se eu já andava empenhada nisto, o livro "Arrume a sua casa, arrume a sua vida" que andei a ler deixou-me quase obcecada com a ideia de atingir o objetivo final de ter uma casa espaçosa e apenas e só com bens úteis e/ou dos quais eu gosto meeesmo. Nada de lembranças que não têm utilidade nenhuma mas uma pessoa guarda porque não tem coragem de mandar fora (perdoem-me os mais sensíveis, mas as memórias não se apagam por se mandar fora coisas), nada de roupa que não é usada há anos que uma pessoa não se desfaz porque foi cara, nada de tralha que "pode eventualmente dar jeito um dia, nem que seja algures em 2030", nada de roupa que "pode voltar a servir, ou estar na moda, ou gostarmos outra vez". Nada de apontamentos daquele curso de espanhol que fizemos em 2012 e que podemos ter vontade de voltar a pegar. Nada de caixas de eletrodomésticos e afins que uma pessoa comprou há décadas e nem se lembra que tem guardadas. Nada de papéis de garantias de produtos com 10 anos. Nada de apontamentos da faculdade que nunca mais vou pegar na vida (já foi tudo à vida). Nada. Se vier a fazer falta algures no futuro, compra-se ou arranja-se uma alternativa. Sem dramas. Antes deitar fora erradamente uma coisa do que guardar 100 inúteis.
Para quem, como eu, guardava tudo e mais um par de botas (muito cortesia de uma educação baseada em poupar, a qual eu prezo muito, mas que pretendo usar apenas para aquilo que eu gostar e/ou me for útil) e que associa momentos e pessoas às roupas (ai que não uso estas botas há três anos mas foram comigo àquela viagem tão especial, percorreram aquelas estradas que me fizeram tão feliz) nem sempre é uma tarefa fácil. Mas quando se começa a ganhar o ritmo, garanto-vos que se torna viciante e muito, mas mesmo muito libertador. Cada vez que consigo esvaziar uma gaveta ou convencer-me a mim própria de que aquela coisa que não me fez falta nos últimos 2 anos (mesmo que tenha custado uma fortuna) não fará mais no futuro, é uma felicidade só. E há-de estar para breve (2019, pelo menos) o dia em que vou ter a minha casa só com coisas que me fazem feliz ou que são verdadeiramente úteis. Mi aguardem.  

2 comentários:

  1. Tendo em conta que me mudei há mais ou menos meio ano, ainda não deu tempo para acumular muita coisa, portanto tenho em minha casa apenas coisas que uso e gosto. Só que caí no erro de comprar imensas coisas para a casa, quando ainda não morava cá, que agora não uso. Sei que irei usar, mas não agora que somos só dois e raramente temos imensas visitas de uma só vez. Faz-me um bocado de confusão saber que aquelas coisas estão ali guardadas, muitas ainda em caixas, mas também penso que é uma situação diferente: nã vou deitar fora porque no futuro próximo vou precisar. Além de que acho que é diferente ter um serviço de loiça grande que não uso sempre (mas tenho, caso queira convidar muita gente ao mesmo tempo) embora só precisemos de dois pratos, etc, do que ter roupas guardadas na esperança de voltar a usar, coisas só pelas memórias, etc.

    Fui muito exagerada no departamento da cozinha, tenho noção, mas são coisas que dão sempre jeito! Acho que é diferente! :) Talvez no início do próximo ano faça uma revisão às coisas para destralhar, se for necessário.

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  2. Olha eu sempre fui assim, mas agora com a casa nova ainda mais.
    Como não temos muitos móveis, é destralhar mesmo ao máximo.

    Ele é que é pior, acumula tudo.

    Beijocas

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