Já acreditei em contos de fadas e em "felizes para sempre". Nessa altura, estava numa relação que veio a durar dez anos e que começou bem no início da minha adolescência (ainda no século passado, vejam só). Acreditava de tal forma que até já tínhamos escolhido o nome do nosso primeiro filho (seria um Tiago, se fosse rapaz) e inclusive do cão (seria um Box) - eu, que nem aprecio cães. Acontece que a vida nos fez crescer em sentidos diferentes e a relação deixou de funcionar. Foi cada um para seu lado, mas fizemos questão de manter a parte boa da nossa relação - a nossa amizade (que me valeu os primeiros e únicos haters aqui do blogue, que não conseguiam perceber como raio podíamos continuar amigos, que eu era uma açambarcadora de homem alheio - mesmo sem saberem se ele já tinha ou não alguém, que o que eu queria era o homem de volta). Pois sabem que mais? Quase sete anos se passaram e continuamos amigos. E eu gosto tanto dele como se fosse meu irmão, por mais estranho que possa parecer, e só lhe desejo o melhor deste mundo (inclusive no amor).
O final daquela relação mudou-me muito. Sofri como não achava possível um ser humano sofrer, mas levantei-me. E cresci enormemente. E fiz coisas que nunca teria feito antes. Eu, a menina caseira e super dependente a nível emocional, foi sozinha para França viver na casa de desconhecidos. E depois disso ainda deu um pulinho a Londres com as amigas durante 3 meses. E, durante aquele ano, sozinha, consegui ser feliz como há muito não era. Como não me lembrava de alguma vez ter sido, arriscaria dizer.
Voltei para Portugal em 2012, para o trabalho onde estou hoje, e foi por lá - no lugar menos romântico da história (quem me segue saberá qual é) que conheci o meu namorado, que me fez recuperar um bocadinho da minha fé nisto do amor, mas já não da mesma forma. O "felizes para sempre" deu lugar ao "para sempre enquanto dure". Bem menos romântico, dirão alguns. Bem mais realista, digo eu.
De há uns tempos para cá dei por mim a refletir muito sobre a minha vida, inclusive sobre a relação que tenho. Por motivos muito meus, pus tudo em causa.
Tudo isto me consumiu durante algum tempo. A ideia de partilhar o que ia dentro de mim e fazer sofrer, de forma tão atroz, uma das pessoas mais importantes da minha vida e que menos o merece, era mais do que eu conseguia suportar. Até ao dia em que não aguentei mais e falámos. E percebemos que, afinal, as dúvidas não são só minhas. E bem... o alívio que isto foi para mim, não há palavras que consigam traduzi-lo.
Ainda nos esperam momentos muito complicados até encontrarmos o caminho certo - seja ele qual for. Mas para já sinto uma serenidade como há muito não sentia. Podemos não estar na nossa melhor fase enquanto casal, mas estamos em sintonia, e isso já é qualquer coisa.
Não sei o que é que o futuro nos reserva (ninguém sabe, na verdade) mas costumo dizer que é nas alturas menos boas que se conhece verdadeiramente as pessoas. E eu, nesta altura, só vim confirmar aquilo que já sabia: tenho a meu lado um ser humano incrível, que enriqueceu e muito a minha vida. O que faz de mim uma privilegiada. Aconteça o que acontecer.