sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

33

Foto daqui.

E hoje faço 33 anos.
Será o meu primeiro aniversário como mãe (com o bebé fora da barriga, que ele já andava por cá há um ano) e será um dia muito parecido ao de ontem, anteontem e todos os dos últimos meses: a cuidar do meu bebé querido.
Mas terei o extra de ter os meus pais por perto, e amanhã vamos todos em passeio para a zona de Santarém. Vamos lá ver como corre o primeiro weekend getaway com o nosso bebé. [Quando voltar conto-vos tudo.]

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Reflexão pré aniversário

Faço anos daqui a pouco mais de uma semana. 33 (God!). E, se cada vez ligo menos ao dia de aniversário (apesar de gostar de usá-lo como pretexto para laurear a pevide), este ano quase que me esqueço que o dia está mesmo aí a chegar. Só não passará em branco porque aproveitei o pretexto para (finalmente) marcar uma noite para nós 3 num alojamento simpático perto de Santarém, e entretanto os meus pais decidiram marcar uma visita para esse mesmo fim de semana, pelo que vão juntar-se a nós.
Desde setembro - altura em que o meu filho nasceu - sinto-me a viver numa bolha em que praticamente tudo o que não se relacione com ele me passa ao lado. Sei pouco do que se passa no mundo, nem me apercebi da chegada do natal e ano novo e, apesar de ter estado com a minha família na Madeira e de ter sido ótimo, mesmo aí mantive a minha "bolha" e só saí dela para o mínimo indispensável.

Imagem daqui.

A maternidade está a ser uma experiência tão desafiante e plena que sobra, efetivamente, pouco espaço para viver fora dela nestes primeiros tempos. 
Pela primeira vez desde que me lembro, não há sequer nada que me tenha ocorrido que gostaria de receber como prenda de aniversário (normalmente os meus pais e o senhor namorado dão-me as prendas escolhidas por mim). Roupas e afins? Para além de eu já há mais de um ano estar muito mais consciente e seletiva nas compras que faço, a amamentação (e o facto de passar imensos dias ou em casa com o meu filho, ou a dar apenas uma voltinha a pé pelas redondezas) ainda menos vontade me dá de ter roupa nova nesta fase. Experiências gastronómicas ou passar uma noite fora? Como eu adoro as duas - e até vamos fazê-lo - mas agora a logística é bem diferente - o que acaba por nos demover em fases de maior cansaço. Não há nada que eu precise, na verdade. Bem, o que eu precisava mesmo não dá para comprar: queria uma noite completa de sono e um dia inteiro sem fazer nenhum, mas ainda não tenho coragem de deixar o meu filhote (para além do que ele ainda mama no mínimo duas vezes por noite, e não me apetece muito recorrer às alternativas). Para além do que praticamente não temos família por perto, pelo que também as oportunidades para tal não são propriamente muitas. Mas está tudo bem. Os 32 deram-me a maior bênção de sempre - o meu filho - e vou entrar nos 33 com as pessoas mais importantes da minha vida. Que mais posso eu querer?

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Diário de uma mãe de primeira viagem #12 - Fomos a uma consulta de sono

Com o aproximar dos 4 meses de vida do Gustavo e a constatação de que o sono dele nunca esteve tão mau, decidimos marcar uma consulta de sono infantil. Eu tinha referência de três especialistas cujo trabalho acompanho e aprecio (nas redes sociais, no caso das duas primeiras, e nos livros publicados, no caso da última): a dra. Andreia Neves (dá consultas no Centro Pré e Pós Parto, mas como é do Porto penso que seria mais complicado arranjar vaga), a dra. Mafalda Navarro (que dá consultas na Clínica da Criança e do Adolescente, e é psicóloga clínica especialista no sono do bebé), e a terapeuta de bebés Constança Cordeiro Ferreira (dá consultas no Centro do bebé). Mandei email para os três locais a pedir informações, e marquei com o primeiro que me respondeu: a Clínica da Criança e do Adolescente.
Independentemente dos efeitos que a consulta possa vir a ter a nível do sono do Gustavo (escrevo o início deste post dois dias depois da consulta), posso dizer que adorei a consulta e aprendi coisas essenciais sobre o meu filho (e não necessariamente diretamente relacionadas com o sono dele). Algumas delas aparentemente tão óbvias que me deixaram algo frustrada a pensar 'Porra, como é que isto é tão evidente e eu não via?".
Dizem os entendidos que os bebés comunicam todas as suas necessidades e nós 'só' temos que aprender a linguagem deles. É tão verdade...e tão fácil e tão difícil ao mesmo tempo.
Antes de mais devo dizer que continuo a achar que muitas das vezes em que o Gustavo acorda demasiado cedo das sestas (ou até dos sonos da noite, às vezes) o que o motiva são as cólicas e quanto a isso só nos resta esperar que passem. Mas quanto ao resto...
O Gustavo estava a mamar em média 10 vezes por dia (façam contas às horas que tem um dia e vejam lá a minha vida), sendo que durante o dia raramente fazia intervalos de 2h30m sem mamar. A dra. Mafalda disse que com 4 meses ele já aguentaria bem 4 horas sem comer (a relação disto com o sono da noite, em que ele ainda acorda 3 vezes para mamar? Pode ser por estar habituado a mamar com muita frequência durante o dia - e não necessariamente por fome - que ele acorda tantas vezes de noite). Eu fiquei meio em choque e o meu primeiro pensamento foi 'Mas como???'. Ora, na verdade eu continuo (continuava?) sem saber ler bem os sinais de fome do Gustavo e então quando passava das 2h sem comer e eu via que ele começava a ficar mais chatinho dava-lhe maminha. E dava apenas uma maminha em cada refeição, apenas porque em tempos oferecia a outra mama depois da primeira e ele rejeitava.

Fotografia tirada no primeiro dia do ano, no passeio (tão bom) que fizemos à Costa da Caparica.



O Gustavo mamou durante a consulta. Depois de dar uma maminha, a dra. sugeriu oferecer a 2a e ele... aceitou de bom grado. E adivinhem daí a quanto tempo voltou a mamar? 4 horas. (Eu sei, lendo isto de fora também diria 'Mas esta pessoa precisou de pagar a uma especialista de sono para perceber isto?'. Pois bem, meus amigos, a resposta é sim.).
Em relação às sestas diárias, dissemos à dra. Mafalda que o Gustavo fazia à volta de 5 micro sestas de 30/45 minutos. Ela sugeriu passarmos para 3 sestas de duração maior, sendo que deveríamos voltar a adormecer o Gustavo quando ele acorda ao fim das micro sestas (há bebés que fazem micro sestas e são suficientes para eles. O facto de o Gustavo acordar várias vezes durante a noite poderá ser sinal de que não está a dormir suficientemente durante o dia. Parece contraditório, mas segundo os especialistas quanto pior os bebés dormirem de dia, pior dormem de noite porque estão demasiado cansados para conseguir fazê-lo sozinhos e então acordam, mesmo querendo/precisando efetivamente de dormir). Ora antes, quando ele acordava sem reclamar eu assumiu que ele tinha dormido o que precisava. Aparentemente não é verdade, porque tenho tentado voltar a adormecê-lo e guess what? Volta a dormir em poucos minutos (às vezes um minuto ou dois), sem reclamar e aguenta até duas horas a dormir no total.
A verdade é que o motivo principal que nos levou à consulta foi o quão penoso tem sido adormecer e manter os sonos do Gustavo durante o dia (porque só adormece ao colo - e pior que isso, temos que estar de pé, de preferência a subir escadas ou simular esse movimento - e quando o pousamos não aguenta muito tempo) e o nosso objetivo era (é) que ele consiga adormecer deitado na caminha dele. Mas a dra. sugeriu começar pelas mudanças que falei anteriormente (mais espaçamento entre refeições e tentar prolongar a duração das sestas e reduzi-las em quantidade) e depois então focar nesse objetivo. E a nós fez todo o sentido, até porque estes passos deverão facilitar o atingir desse nosso objetivo 'final'.
Trouxemos então o 'tpc' para casa e marcámos nova consulta para dali a três semanas. Para já posso confirmar que sim, o Gustavo aguenta 4 horas seguidas sem comer durante o dia e sim, dorme sestas de 2 horas ou mais (ao colo, mas dorme).
Voltarei em breve com novidades sobre este assunto. Até lá torçam por nós, que bem precisamos. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Diário de uma mãe de primeira viagem #11 - Balanço de 4 meses de maternidade (o melhor e o pior)

No dia 14 de janeiro o Gustavo fez quatro meses. Este tempo passou tão rápido, apesar de certos dias parecerem intermináveis e todos iguais... Se acho que vou ter saudades destes quatro meses? Ora bem: vou certamente ter saudades do meu bebé pequenino (aliás, já as tenho...), mas da dureza da rotina dos primeiros meses, das cólicas e de acordar várias vezes por noite...hmmm, duvido muito.
As primeiras cinco semanas de vida do Gu correram muito bem: as cólicas ainda não tinham chegado em força, e ele dormia mais tempo tanto de noite como de dia, e nem precisava que o ajudássemos a adormecer. E nós, pais, conseguíamos ir "respirando". Depois dessa fase tudo mudou e adeus vida além Gustavo. Consome-nos praticamente todos os minutos, dia após dia, este ratinho.
O melhor de toda a experiência é mesmo o cliché tão verdadeiro de sentir este amor maior que tudo (que acaba por ser, ao mesmo tempo, também o pior, porque a ideia de lhe poder acontecer alguma coisa de mal, de não o conseguir proteger de todos os males do mundo, é assustadora). Vê-lo evoluir a cada semana, sorrir para nós (e agora começou também a dar gargalhadas), "palrar", são sensações que não dá mesmo para descrever de tão boas que são. Parece que o coração quer explodir.
Já o pior - passados os primeiros dez dias de maternidade em que a adaptação à amamentação foi terrível - tem sido mesmo as cólicas do Gustavo e os sonos (de noite porque acorda, em média, 3 vezes, apesar de adormecer de forma relativamente fácil desde os dois meses; e de dia porque só adormece ao colo (e está um texuguinho de 7kg, não é fácil) e, pior que isso, nem sempre conseguimos pousá-lo sem que ele acorde e quando não acorda, os sonos duram no máximo 45 minutos (é um relógio, este meu filho).

[A foto - maravilhosa - foi tirada pela Sofia da Lovetography - quando o Gustavo tinha 14 dias de vida.]



Em relação à amamentação, tenho imensa satisfação no facto de o meu filho, com quatro meses, continuar em amamentação exclusiva mas só porque sei que é a melhor opção para ele a nível de saúde porque, sendo muito sincera, não sou aquela mulher que ama amamentar (é limitativo a vários níveis, e acima de tudo é uma "prisão" porque não podemos estar longe da cria mais de 2 horas seguidas).
Tem sido uma experiência super enriquecedora e gratificante, e sinto-me mesmo sortuda por ter um bebé saudável e feliz. Mas tem sido também muito duro: mas também acho, genuinamente, que isso se deve muito ao facto de nós praticamente não termos família por perto - o que não será a realidade da maior parte das pessoas (mas também há realidades mais difíceis, tipo mães/pais solteiros, que têm toda a minha admiração e respeito). Porque há dias em que tudo o que apetece é uma hora ou duas simplesmente para respirar ou não fazer nada e pura e simplesmente não dá, porque só estamos os dois (às vezes até tarefas domésticas me apetece fazer para "espairecer" e nem isso consigo). Vamos ao ginásio à vez, saídas (para jantar ou o que quer que seja) ao final do dia não dá porque altera toda a rotina de sono do início da noite do Gustavo, ir almoçar fora a qualquer lugar sem pensar se é viável levar um bebé, ou com hora marcada, também é muito difícil (não faço uma reserva no The Fork desde que fui mãe). E qualquer um destes cenários seria possível se tivéssemos um familiar por perto que se disponibilizasse para ficar com o Gu por um par de horas. Não tendo, o cansaço psicológico de viver praticamente 24 sobre 24 horas para ele faz-se sentir.
Mas tudo se faz. Haja muito amor e paciência. E a recompensa - de estar a criar um ser humaninho adorável que só apetece espremer de tanto amor - não podia ser melhor.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Diário de uma mãe de primeira viagem #10 - Os três meses do Gustavo (e novas rotinas)

Foi por volta do meio do mês de dezembro que comecei a notar que o Gustavo já tinha um padrão de sono: começou a dormir 10/11 horas de noite (embora com 3 despertares pelo meio) e a fazer uma média de 5 sestas por dia (normalmente são micro sestas que duram entre 30 a 45 minutos. o que fazemos é tentar que ele não esteja acordado mais de 1h30m entre elas - normalmente a partir daí começa a ficar chatinho e torna-se mais difícil adormecê-lo). 
Uma ferramenta que me tem ajudado imenso a monitorizar sonos e refeições do Gustavo, e que me permitiu aperceber-me mais facilmente destes padrões do sono do Gustavo, é uma app que uso e que amo: chama-se Baby Tracker e marco lá sempre que o Gustavo mama, sempre que faz cocó/xixi, quando e tempo tempo dorme, banhos, vitaminhas (para não me esquecer de as dar) e até posso anotar mais dados mas são estes os que acho relevantes e que anoto. Recomendo imenso a pais nos primeiros meses de vida dos bebés, mesmo - numa altura em que o nosso cérebro está tão cansado, qualquer ajuda é bem-vinda.


Depois de voltarmos da Madeira, e porque o tempo colaborou (a chuva foi-se embora e vieram dias de sol), instituí uma nova rotina cá por casa nos dias de semana, que é dar um passeio de carrinho nas redondezas de casa (vamos ao supermercado comprar pão, ao parque) na altura do terceiro sono do Gustavo: é da maneira que arejo e que não tenho que adormecê-lo (já que esta é a única forma de ele adormecer durante o dia que não seja ao colo). Isto também se deveu ao facto de eu ter recuperado alguma energia pelo facto de o Gustavo já dormir mais horas de noite: é verdade que custa horrores ter que acordar para dar de mamar, mas deitando-me cedo, e enquanto não estou a trabalhar, vou conseguindo perfazer 6/7 horas de sono. Algumas vezes dá-me para ter insónias depois do segundo despertar da noite (a mim e ao pai da criança) que duram mais de 1 hora - é absolutamente horrível, principalmente numa fase e que queremos aproveitar todos os minutos de sono da criança.
Mas bem, isto para dizer que por volta do terceiro mês de vida do Gustavo - e apesar de ser muito duro ter que adormecê-lo várias vezes ao dia, e de ele fazer micro sestas - recuperei alguma da minha energia e começou a ser mais fácil aguentar a exigência do dia-a-dia com o meu filhote. 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

2019 em livros (e opinião sobre as últimas leituras)

  • Lá, Onde o Vento Chora by Delia Owens
  • O livro de magia das mães by Constança Cordeiro Ferreira
  • A Gorda by Isabela Figueiredo
  • Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa by Éric-Emmanuel Schmitt
  • Milagre by R.J. Palacio
  • Os Bebés Também Querem Dormir by Constança Cordeiro Ferreira
  • Grávida by Sarah Jordan
  • Pequenos Fogos em Todo o Lado by Celeste Ng
  • Princípio de Karenina by Afonso Cruz
  • Dois Guardam um Segredo by Karen M. McManus
  • A Educação de Eleanor by Gail Honeyman
  • O Rapaz Escondido by Katherine Marsh
  • Eleanor & Park by Rainbow Rowell
  • A Ilusão de Merit by Colleen Hoover
  • O Rouxinol by Kristin Hannah
  • O Projeto Rosie by Graeme Simsion
  • A Guerra Que Salvou a Minha Vida by Kimberly Brubaker Bradley
  • O Homem de Giz by C.J. Tudor
  • A Ponte Invisível by Julie Orringer
     

























































Tracei um objetivo modesto de 18 livros para 2019 (1,5 por mês), e mesmo a maternidade tendo-se "metido" entretanto pelo meio, consegui cumprir (e até superar). Já não leio no autocarro nas viagens para o trabalho (porque não estou a trabalhar), mas na grande maior parte das noites leio antes de dormir, quando o Gustavo já dorme. Mesmo que não tenha cinco minutos durante o dia para mim (às vezes acontece), raramente não tenho aquele momento de leitura ao final do dia, e sabe-me lindamente.
Reparei, entretanto, que deixei de vos dar feedback das minhas leituras a meio do verão, pelo que aqui vai uma opinião muito breve dos últimos livros que li:
- Pequenos fogos em todo o lado: Bem escrito, tem uma história que prende (o verdadeiro page turner), achei bastante interessante. Dei 4 de avaliação (avaliação do Goodreads: 4,11/5).
- Milagre (Wonder, na versão original): Uma história sobre um menino que nasce com uma condição rara que o faz ter um aspeto muito peculiar. Retrata a integração do mesmo na sociedade, e em especial na escola. É uma história mesmo bonita e tocante. Minha avaliação: 4,5. Avaliação do Goodreads: 4,45/5.
- Os bebés também querem dormir e O livro de magia das mães, ambos da terapeuta de bebés Constança Cordeiro Ferreira: Se estão grávidas ou são recém mães, façam um favor a vocês próprias e leiam estes livros. Um dele aborda mais a perspetiva dos bebés, o outro das mães, mas ambos dão ferramentas para lidarmos com os primeiros tempos (e dificuldades) da parentalidade e, acima de tudo, fazem-nos sentir humanas com as nossas fraquezas. Li o primeiro ainda grávida e voltei a ler depois do Gu nascer, e ainda achei mais importante a leitura desta segunda vez, porque já conseguia associar aquele discurso ao meu bebé em específico. O primeiro tem 4,39/5 no Goodreads, e o segundo 4,40/5. Para mim cada um merece 5.
- A gorda: Gostei da escrita, a história está construída duma perspetiva interesssante e original, mas sinceramente não me prendeu muito (li-o nas primeiras semanas de vida do Gustavo, talvez isso não tenha ajudado). Minha avaliação: 3. Avaliação do Goodreads: 3,85/5.
- Lá, onde o vento chora: Uma história bem ao meu estilo, ou seja, drama de fazer chorar as pedras da calçada. Intercala a história de vida de uma menina abandonada pela família, que vive sozinha num pantanal, com outra, alguns anos à frente, de um homicídio cuja autoria se tenta desvendar. O final, para mim, foi especialmente bem construído. Gostei de tudo no livro (só não gostei mesmo de ter encontrado uns 3 ou 4 erros ortográficos na tradução - no comments). Avaliação do Goodreads (que é também a minha): 4,5/5.

Finalizando, vamos lá ao pódio (vou excluir aqui os de maternidade):
Livros preferidos: A guerra que salvou a minha vida, O Rouxinol e A Ponte Invisível. Principalmente os dois primeiros são ma-ra-vi-lho-sos!
Livros que gostei menos: o único que dei 3 estrelas em 2019 foi mesmo A gorda. 
Já referi isto aqui antes, mas quem gosta de ler (e aprecia minimamente o estilo de livros que vou partilhando por aqui) tem que seguir o bookgang da escritora Helena Magalhães, que é de onde tenho retirado a maior parte das minhas sugestões literárias, dentro daquelas que fazem o meu estilo (não são todas), e desde que o faço as desilusões literárias têm sido em menor número. 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Diário de uma mãe de primeira viagem #9 - O nosso Natal (e a primeira viagem de avião do Gustavo)

Em 7 anos juntos, eu e o senhor namorado (agora que temos um filho sinto-me ridícula em chamar-lhe assim, mas adiante) nunca tínhamos passado o Natal juntos, para não deixar nenhuma das nossas famílias triste (e porque o Natal é tradição, e cada um de nós tinha as suas e nunca nos fez confusão passar a quadra separados). Mas sempre dissemos que quando tivéssemos um filho a coisa mudaria de figura. E assim foi. Conversámos e ele cedeu a que o nosso primeiro Natal juntos fosse passado na Madeira, com a minha família.
Foi em maio, grávida de 5 meses - quando já tinha passado a fase mais vulnerável da gravidez - que decidi comprar as viagens de avião. Os preços já estavam caríssimos (nada que me admirasse) e para não pagar um absurdo eu teria que ir no dia 16, sendo que essa data não era viável para o senhor namorado por motivos profissionais. Na altura um pouco às cegas, decidi arriscar e comprar viagem para ir sozinha com o Gu, no dia 16, e o senhor namorado logo se juntaria a nós uma semana mais tarde. Não seria a primeira pessoa a viajar sozinha com um bebé, haveria de conseguir.
Depois do Gu nascer, e com toda a logística associada a saídas com ele (desmontar carrinho, carregar o ovo, carregar as mil tralhas da cria e as minhas) tornou-se mais real a noção de que seria, efetivamente, uma aventura viajar sozinha com o Gustavo. Até que o meu querido pai - sem eu pedir nada - decidiu comprar uma passagem para vir a Lisboa buscar-nos, à filha e ao neto. Se isto não é o melhor avô do mundo, não sei o que será...
O dia 16 chegou. O tempo não estava famoso nem em Lisboa nem na Madeira. Na Madeira havia mesmo alerta amarelo e durante a manhã vários aviões foram desviados, sem conseguir aterrar. Se eu já estava nervosa por ir viajar com o meu filho de 3 meses, este cenário não ajudou nem um pouco.
Saímos de casa ao final da tarde, debaixo de chuva e trânsito. Mr. Gu fez o maior berreiro da (curta) vida dele no carro (ele até gosta de andar de carro na maior parte das vezes, mas lá está, tem que estar mesmo a andar...trânsito e pára arranca não é bem a cena de sua excelência. como o percebo...). Chegámos a aeroporto e o Gustavo acalmou logo. Custou-me tanto despedir do senhor namorado (e ele do filho...). Descobri um cantinho simpático e discreto onde dei maminha, e lá fomos para o avião. Se o meu pai não estivesse comigo, eu não teria tido alternativa que não pedir ajuda a um estranho para pegar no meu filho enquanto desmontava o carrinho do Gu para entregá-lo ao pé do avião (e carregar a tralha toda teria sido efetivamente um filme). Eu continuava sob um camadão de nervos. Já o Gustavo estava tranquilo, a apreciar tudo com muita curiosidade (dormir é que...nada). Entrámos no avião e fomos brindados com aquilo que já é muito habitual no aeroporto de Lisboa - uma eternidade dentro do avião à espera de podermos levantar voo. Mr. Gu sempre calmo. Quando descolámos dormiu perto de meia hora (e foi tudo o que dormiu entre as 16h e as 22h). Depois disso mamou e esteve calminho. Teve uma colicazinha mas nada de mais. Ao aproximarmo-nos da pista de aterragem na Madeira, respirei fundo, agarrei-me ao meu pai, e a aterragem foi bem mais pacífica do que eu esperava para um dia de alerta amarelo. Mas todo o sofrimento por antecipação que passei ninguém mo tira. Respirei, finalmente de alívio, agradeci muito o comportamento do meu filhote (que não poderia ter sido melhor), e lá fomos para casa.



No dia seguinte vivi o momento alto da viagem: apresentei o Gustavo aos meus avós paternos (os únicos que ainda tenho vivos). Há uns anos, em conversa (sem estar doente nem nada), a minha querida avó comentou, de lágrimas nos olhos, que já não iria a tempo de conhecer os bisnetos. Mostrar-lhe que estava errada - ainda que ela já não tenha a lucidez dessa altura - foi um momento mesmo especial. Ainda por cima o meu filhote fartou-se de rir para os meus avós. Coisa boa.
Outro momento especial foi a chegada do senhor namorado. Estar sem ele durante uma semana foi duro - para ele e para mim (só nós é que adormecemos a cria...e oh, se ela é difícil de adormecer durante o dia!).
Foi mesmo bom ver a alegria de toda a família com a chegada do Gustavo, o quão ele espalhava sorrisos a toda a hora por todos. Foi, sem dúvida, um Natal especial.
No dia do nosso regresso - dia 26, a minha mãe ficou com o Gu e eu e o senhor namorado fomos tomar o pequeno almoço fora. Quando cheguei a casa e vi que a minha mãe tinha conseguido adormecê-lo fiquei admirada e mesmo feliz.
A despedida foi dura. Há muito, muito tempo que uma viagem de regresso a Lisboa não me custava tanto. E nem foi por mim, mas sim por saber o que custa, principalmente aos meus pais, estar longe do Gustavo, e o quanto eles foram felizes enquanto nós lá estivemos. A chegada dos filhos muda-nos mesmo a perspetiva da vida....bem, muda-nos a vida toda, na verdade.
A viagem de regresso não foi tão pacífica como a ida. Contrariamente ao que eu esperava, também esperámos algum tempo para descolar, mas desta vez o Gustavo não teve paciência, e desatou a chorar, inconsolável. Eu tinha-o preso de costas viradas para mim, no cinto dele, e achava que não conseguia/podia amamentá-lo. Mas em desespero, depois de uns 10 minutos, virei-o para mim e lá o consegui acalmar (felizmente não há praticamente nada que a mama não resolva). Foi engraçado que, sendo já a segunda viagem com ele (e estando bom tempo), mesmo perante este cenário eu consegui manter a calma. Ao contrário do senhor namorado, que costuma ser o mais calmo de nós dois (mas que se estava a estrear naquelas andanças de viajar de avião com o Gu). E, contra o que eu imaginei, fui eu a acalmá-lo. A partir daquele momento a viagem correu sem mais percalços. E lá chegámos a Lisboa, ao final da noite.
Não me arrependi por momento algum da decisão que tomámos de ir à Madeira com o Gustavo tão pequeno, mas sendo muito honesta. foi difícil. Em termos físicos - por toda a logística associada, e eu até tenho a sorte de amamentar - e em termos psicológicos, de todo o receio de que alguma coisa corra mal. Quando estávamos em pleno voo, o senhor namorado perguntou-me, em tom irónico, "Então, ainda tens vontade de levá-lo de avião a conhecer o mundo?". E sorri e disse-lhe que aquele não era, de todo, o momento para tomarmos esse tipo de decisão (li algures que não se devem tomar decisões com base em emoções temporárias - algo do género - e faz-me todo o sentido). Indiscutivelmente, não é fácil (pelo menos para nós), mas não desisti, de todo, da ideia de voltar a andar de avião com o Gustavo nos próximos tempos (aliás, pelo menos à Madeira iremos no verão. E ainda bem que comprámos as passagens antes da viagem do Natal, não fosse o senhor namorado ter mudado de ideias entretanto ;)). E ter tido um Natal tão especial, em que consegui juntar o meu filho e os meus avós, valeu todo o esforço.