Aviso prévio: Quem não se interessa minimamente por corrida vai achar este post não só grande como uma grande seca, portanto mais vale parar já por aqui e voltar noutra altura :).
Já por muitas vezes tive vontade de experimentar juntar-me a um daqueles grupos que treina em conjunto algures pela cidade. Mas ou o ponto de encontro era longe da minha casa e eu temia perder a vontade no caminho até lá, ou, motivo principal, faltava-me companhia (conhecida) para dar o primeiro passo, porque eu sou uma moça (bastante) tímida e não sabia como me comportar numa coisa destas. (Uma pessoa chega lá ao pé do grupo e depois, o que é que faz? Fica a olhar para eles? Apresenta-se? Não se apresenta? É completamente ignorada porque afinal de contas ninguém a convidou para estar ali?)
Pois que então ontem tive companhia de uma amiga tão ou mais maluca que eu nisto das corridas e lá fomos. O grupo chama-se "Porque a vida não é só corridas" e o "evento" chama-se "Escadinhas e subidinhas" (só o nome já dá vontade de fugir, certo?) e encontram-se na segunda 3ª feira de cada mês e na quarta 5ª feira, às 20h, na entrada principal da Estação de Santa Apolónia.
Optei por um outfit bastante luminoso, a ver se não passava despercebida no escuro.
O percurso basicamente faz-se entre Santa Apolónia e a Graça, entre muita subida e descida, e com uns 5 lances diferentes de escadas no total, os quais é suposto fazermos sempre mais de uma vez. O meu principal objetivo nas corridas "normais" é nunca parar, por mais cansada que esteja. Pois que aqui é absolutamente impossível. As subidas são de-mo-ní-a-cas, e as escadinhas não são muito melhores. Mas depois lá vem uma partezinha plana ou a descer e uma pessoa recupera um pouco as energias. A maior parte do percurso é muito gira, passamos por ruelas e sítios com vistas muito bonitas da cidade.
Uma das descidas que fizemos.
Eu já tinha ouvido falar muitas vezes no espírito de solidariedade que existe entre os corredores, e achava que era tudo uma grande treta. Mas realmente num grupo assim o espírito é outro. Temos orientadores que puxam por nós e não deixam ninguém ficar sozinho para trás, temos palavras de incentivo dos demais participantes, e estamos ali, todos juntos, durante mais de duas horas (e esta foi a parte em que me enganaram bem, porque eu ia preparada para, no máximo dos máximos, 1h30m).
Muito honestamente, só disse mal da minha vida em dois momentos: logo na primeira subida (porque eu costumo correr só em piso plano e acreditem, não tem absolutamente nadaaaa a ver) e quando a coisa começou a alongar-se para lá de 1h30m e eu não via maneira de nos aproximarmos do ponto de chegada. Pois que aquilo começou por volta das 20h20 e quando acabámos já passavam das 22h30.
É muito cansativo mesmo (acho que consegui a proeza de ser uma das últimas três pessoas do grupo em para aí 80% do percurso), mas é uma experiência que vale muito a pena para quem gosta de correr. E para quem quer treinar para provas mais longas, como é o meu caso (que quero fazer uma meia maratona), é um treino muito útil. A ver vamos se tenho coragem de repetir a dose.
Eu estava curiosa para ver a reação do meu corpo à experiência e até agora não sinto nada. Ou ainda é demasiado cedo, ou os 40 minutos que faço a pé diariamente (mas a andar, obviamente) entre casa e o trabalho, também sempre a subir e descer em ruas muito semelhantes às que fiz, deram-me mais estaleca do que eu pensava para estas coisas.