quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2020


















2020 foi, possivelmente, o ano mais estranho da vida de quase todos nós. Um ano cujo pano de fundo foi digno de um verdadeiro filme de ficção científica.
Sinto que foi um ano em que experienciei todo o tipo de emoção, boa e má, muitas vezes no mesmo dia.
Foi o ano em que me apaixonei perdidamente pelo meu filho (que nasceu em setembro de 2019 mas, agora em retrospetiva, tenho clara noção que precisei de uns tempos para deixar o modo piloto automático e "encarrilhar" neste comboio que é a parentalidade e, acima de tudo, começar a desfrutar da parte boa. Mas foi também um ano dominado por muitos momentos de desespero, entre muitas cólicas e um bebé que ainda hoje, com 15 meses, não dorme bem nem de dia nem de noite (e não é por falta de esforço nosso, acreditem).
Se os meses de licença de maternidade já são, por si só, tempos muito solitários para a maioria das mulheres (onde me incluo), juntem a isso uma pandemia e temos cocktail explosivo.
Foi o ano em que senti muita solidão (não só durante a licença como depois, em teletrabalho), mas ao mesmo tempo nunca tinha amado tanto na vida.
Foi um ano dominado pela saudade. Desde abril só estivemos duas vezes com a minha família (sendo que antes disso, e desde que o Gustavo nasceu, estávamos juntos uma vez por mês).
Foi o ano em que o Gustavo foi para a creche e, contrariamente ao que eu temia, foi uma lufada de ar fresco para nós três.
Foi o ano em que, pela primeira vez na vida, passei o Natal em Lisboa, a três.
Foi um ano estranho, muito, muito estranho, mas também muito iluminado pelo meu Gu. Foi um ano em que, aos poucos, fui renascendo e me redescobrindo para além da mãe que agora sou (e que às vezes, demasiadas vezes, parece que não há espaço para ser mais nada).
Foi um ano diferente a todos os níveis, mas seria ingrato da minha parte dizer que foi mau. Retirando a saudade (que foi muita), acompanhei o crescimento saudável e feliz do meu bebé, as pessoas mais importantes da minha vida tiveram saúde, cá em casa mantivemos o emprego e salário apesar da pandemia, e fui tia (de sangue) pela primeira vez. Não foi o melhor ano de sempre, mas foi, apesar de tudo, um ano muito feliz.
[Quanto às fotos, é verdade: praticamente não há fotos sozinha nem sem o Gu, o que é bastante representativo daquilo que foi o meu ano, assoberbado pelo meu Gucas querido.]

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Update e cenas várias




Podia dizer que é o tempo escasso que me impede de cá vir, mas a verdade não é bem essa. A verdade é que, graças à pandemia, a minha vida tem tido muito pouco de interessante (ou pelo menos com interesse digno de partilha por aqui).
Durante a semana continuo em teletrabalho e só saio de casa praticamente para ir ao supermercado, para almoçar fora em média uma vez por semana, e pouco mais. Durante o fim-de-semana, e mais uma vez graças à pandemia, os nossos passeios têm se limitado ao parque com Mr. Gu e pouco mais (porque passear de manhã não é a cena que nos dê mais jeito, por causa do horário da sesta do Gu, e passear de tarde há muito tempo que foi proibido em Lisboa...e uma pessoa escreve uma coisa destas e, mesmo passados tantos meses, ainda parece que é mentira).
Esta semana desmarquei a viagem que tinha comprado para ir à Madeira nos últimos dias do ano. Fi-lo com um nó imenso na garganta, mas em paz com a minha consciência. Temos um bebé que ia ser impossível "domar" no aeroporto, bem como perto dos meus avós e do meu sobrinho (bem, afinal há novidades dignas de partilha, fui tia (de sangue) pela primeira vez no dia em que o Gu fez 14 meses, e está a custar muito não ir conhecer o meu sobrinho tão cedo) e já que a minha família acaba por estar mais protegida do vírus por estar numa ilha pequena, prefiro não correr o risco de ser um de nós três a levar-lhes o "bicho" como "prenda" de natal.
Ainda não sabemos bem como será o nosso Natal, o segundo da minha vida longe da minha família (o primeiro e único até hoje foi maravilhoso, apesar da distância. há alguém aqui dos tempos em que vivi em Londres com as minhas Marias?), mas há de ser algures entre Lisboa e Braga.
E desse lado, ainda há alguém? Ou já só escrevo para mim mesma?

[A ver se me animo a vir fazer o "Gucas report", com as novidades dos últimos meses].