segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ou de como eu devia ser proibida de ficar sozinha em casa a ouvir músicas deprimentes

Não és necessariamente a primeira pessoa em que penso quando acordo nem a última em quem penso quando me deito. Não sonho contigo todas as noites, nem de longe nem de perto. E até sou capaz de viver sem a tua presença na minha vida se tiver mesmo que ser.
Mas o meu coração diz-me que não vale a pena continuar a "procurar" porque ninguém vai ser tão perfeito como tu (e no último ano isso tem-se comprovado: ninguém chega aos teus calcanhares sequer). Que és tu o homem da minha vida, por mais tempo que eu tenha que esperar para perceberes isso. Que as histórias de amor mais bonitas têm sempre os seus espinhos e os teus medos são os da nossa.


Que um dia vais contar aos nossos filhos que foste um parvalhão durante todo o tempo em que quiseste convencer-te a ti próprio que eras diferente do resto do mundo e não precisavas de amor para ser feliz (ou que conseguias ser imune a ele). E que tiveste uma sorte desgraçada por eu ter continuado feita parva à tua espera (sabe Deus por mais quanto tempo), porque mais ninguém no mundo te faria feliz como eu.
Porque podes acreditar que, com todos os defeitos que tenho (e não são poucos), ninguém te faria tão feliz como eu. Nem sequer a independência que tanto estimas.

Conversa de Marias

Estávamos as duas a planear o que é que ainda nos falta fazer/visitar em Londres quando ela olha para mim com cara de caso e diz-me:
- Sabes o que é que podiamos fazer? Ir a Paris! São só duas horas de comboio. E podíamos ir na altura do NATAL! Iamos um dia de manhã e voltamos à noite.
Quando eu ouvi a palavra Natal começaram a tocar sinos na minha cabeça, comecei a ver tudo cor-de-rosa (ou vermelho e verde, pronto) e respondi-lhe:
- E sabes onde é que podiamos ir em Paris? À Disneylândia!! (e depois de uns segundos de reflexão...) Pera lá... só temos um dia. É suposto irmos subir à Torre Eiffel que não fizemos na outra vez, não é? (com cara de criança a quem acabaram de tirar um doce das mãos).


- O quê? Queres ir ver telhados quando podes ver o Mickey com um fato de Natal? Ir à Disneylândia é perfeito, sim! Óptima ideia!
- Pois...tens razão. Bora c**** para a Torre Eiffel e ir  mas é ver o Mickey com fato de Natal!!!

Dá para perceber porque é que adoro esta Maria, não dá? Porque deliramos as duas praticamente com todas as ideias uma da outra, mesmo as  que para o resto do mundo podem ser uma grandessíssima parvoíce/futilidade/infantilidade.

domingo, 30 de outubro de 2011

Do altruísmo entre mulheres

De todas as pessoas que já conheci esta semana no restaurante (e foram muitas), há umas cinco que têm sido absolutamente impecáveis comigo. Agora adivinhem quantas mulheres fazem parte desse grupo de cinco? Nenhuma.
Porque só a elas lhes fez confusão eu não saber, no primeiro dia de trabalho, a diferença entre um latte e um capuccino quando nunca na vida tinha bebido um latte. Porque só a elas não lhes coube na cabeça que me tivessem dado um copo para as mãos e eu perguntasse se era para fazer o tamanho normal ou o grande sem ter visto, obviamente, que aquilo era um copo grande (bora trocar um bocadinho os papéis e agora faço-te eu umas perguntinhas de Direito?).


Porque só para elas é ridículo eu (que detesto café e não tenho por hábito bebê-lo) não saber o que é um Americano black. Porque só elas são capazes de me ver ser atirada de repente para a entrada do restaurante, pela primeira vez na vida, para receber os clientes e abanar os ombros como quem se está literalmente a c**** quando lhe pergunto como é que é suposto eu me comportar (ai como eu abdicava de um dia de ordenado por um par de estalos nessa cara. ainda por cima nem tem nome de gente, a sonsa).

E escusam de pensar que a ajuda dos homens tem algum interesse por trás. É que eu fico demasiado sexy de avental e chapeuzinho na cabeça para que isso pudesse sequer ser uma possibilidade. Trust me.

Só para dizer


Que tivemos a visita de duas raposas no jardim cá de casa agora à noite.

E, a avaliar pela nossa euforia - como se estivessemos a presenciar o acontecimento do ano - já toda a vizinhança deve saber que isto é casa de emigras recém-chegados.

sábado, 29 de outubro de 2011

London - Day 18






O rectângulo a meio é um íman com uma foto nossa dentro do London Eye.

Foi o meu primeiro dia de folga desde que comecei a trabalhar no restaurante. Aproveitámos que nenhum de nós estava a trabalhar ao fim da tarde e fomos, finalmente, andar no London Eye (20 minutos, 18,60£).
A vista lá de cima é linda, mas para ser sincera esperava ficar mais impressionada do que fiquei (talvez tenhamos que voltar a subir quando for de noite).

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Esqueçam todas a novelas brasileiras que já viram até hoje


Por aqui temos todos os indícios para desconfiar que a personagem que ocupa o último andar cá de casa é p#$% de profissão. Isso mesmo que acabaram de ler. E não tem chatices com deslocações, não senhor que isso dá muito trabalho. É tudo feito cá no sítio.

Ai se a minha rica mãezinha sequer sonhasse com esta história...

Acho que já escolhi o meu turno preferido no restaurante


É aquele onde posso voltar para casa com a mala apetrechada para oferecer um pequeno-almoço como manda a lei ao meu pessoal no dia seguinte.

Em relação ao post anterior...pois...quanto a isso...uma pessoa até tenta esforçar-se mas contra certas coisas não dá para lutar. E coisas doces à frente do nariz é, claramente, umas delas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Note to self


O teu rabo não tem acesso ao boletim meteorológico pelo que escusas de ficar aos pulinhos de contente quando sais do trabalho e vês que está a chover e que ainda não é desta que impões o hábito do jogging na tua nova vida londrina, porque não é isso que te vai safar de te transformares num pequeno elefante.
E já que pelo que se diz não chove propriamente pouco nesta cidade parece-me que vai ser bem mais eficaz começar por dizer adeus aos cookies e aos lanchinhos de rainha (nããããoooo!).

Dos incentivos à produtividade


Um dos gerentes lá do estaminé (sim, que aquilo tem um gerente por cada metro quadrado do restaurante) é parecidíssimo a este pedaço de mau caminho mas em versão francesa.

Começo a desconfiar que tudo o que é francês jeitoso fugiu de França... ou isso ou andaram todos fechados em casa enquanto eu lá estava.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Das ironias da vida

Passei seis meses em França para vir conhecer, em Londres, o primeiro francês - homem - interessante (não estou a meter o pai dos mini francesinhos ao barulho por motivos óbvios), e ainda por cima simpático, no meu primeiro dia de trabalho.
Estava eu na minha (meia) hora de almoço, apetrechada com a marmita do restaurante (a parte melhor daquele trabalho, sem dúvida) a dirigir-me a medo para a zona das mesas onde o staff costuma comer quando o rapazito que estava na mesa do canto, sozinho, e com um ar tão perdido como o meu, olhou para mim e fez-me um gesto para eu sentar-me com ele se quisesse.


Conversámos o tempo todo, em francês, (e olhem que eu costumo ser bem timida quando conheço as pessoas) até ele ter tido que voltar ao trabalho, mas não sem antes ter-se levantado para me ir buscar um copo (sem eu pedir) porque viu que eu não tinha trazido.
Pois é, acho que no meio daquela gente toda sou capaz de arranjar um amigo.

Mandei mensagem à mãe dos meus mini francesinhos a contar esta história mas com a salvaguarda a dizer para ela não se entusiasmar que não houve coup de foudre nenhum. Ela responde-me "Genial. Os rapazes franceses são tão românticos". Mensagem nova daí a 3 minutos: "Como é que ele se chama? Sinto que vais fazer progressos na língua francesa".
Esta mulher não existe. Anda a tentar arranjar-me um namorado francês praticamente desde o dia em que me conheceu.

Das coisas que uma emigra portuguesa tem que ouvir no primeiro dia de trabalho e com um sorriso estampado na cara (diz que é política lá do estaminé)

Colega 1: És de onde?
Gelatina: Portugal.
Colega 1: Ah, América do Sul, Brasil.
Gelatina: Não. Portugal.
Colega 1: Sim, foi o que eu disse. Brasil.
Certo...



Minutos depois:
 Colega 2: És de onde?
Gelatina: Portugal.
Vira-se para o colega 3 e pergunta-lhe: Acho que ainda não tivemos cá ninguém de Portugal, pois não?
Ao que lhe outro lhe responde: Tivemos um da África do Sul.
Oi?

E isto dito por pessoas europeias...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

It's London, so...

Estava ontem no meu dia de experiência no restaurante, atrás do balcão, quando a minha colega aponta para o chão atrás das minhas costas e comenta: "Olha um ratinho, não viram?", com a mesmíssima expressão de quem diz que está a chover.
Eu ainda pensei que ela estava a brincar porque absolutamente ninguém reagiu ao que ela tinha acabado de dizer, pelo que tentei manter um ar de naturalidade (eu, que tenho um pavor absolutamente gigantesco em relação a essa espécie) e perguntei-lhe "A sério?". Ao que ela me responde em tom afirmativo: "It's London, so...".


Já tínhamos ouvido esta história a propósito duma visita inesperada que tivemos numa janelinha cá de casa mas eu ainda estava com esperanças que tivesse sido um infeliz acaso. Mas não, diz que Londres é uma cidade muito suja (que é) e então é o paraíso para esses seres asquerosos.
Vai ser bonito se eu receber uma visita dessas enquanto estiver a atenter um cliente, vai... Sou despedida no mesmo segundo.

London - Day 13

Notting Hill

Tenho que arranjar um destes para o meu Smart.


O Hugh Grant estava de folga, o traidor.


Kensington Gardens

Perfect weather (ok, se estivesse um bocadinho menos de frio também não me chateava). Perfect places. Perfect Sunday.

Tenho uma boa e uma má notícia


A boa é que o dia de experiência ontem no restaurante correu bem. A má é que foi muito menos giro do que eu esperava (mas vai ficar mais giro, não perdi a esperança).
Hoje tenho o meu primeiro dia oficial de trabalho como retailer/barista de um restaurante francês mega fofo a poucos passos do London Eye (isto dito assim soa mesmo bem, caraças).

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Melhor do que contemplar esta vista


 Só mesmo contemplá-la ao teu lado.

Conseguiste o que parecia impossível: tornar o London Eye ainda mais luminoso. O Hyde Parque ainda mais encantador. Esta cidade ainda mais bonita. E este dia o mais perfeito de todos.

Porque é que uma pessoa tão especial tinha que ser também tão complicada? Porquê complicar o que podia ser tão simples, rapazinho? Porquê? Porquê? Porquê?

London - Day 12



Broadway Market (em Hackney)


Marias @ Green Park


Hyde Park (lindíssimo).

Just in case


Dia de experiência num trabalho novo num país estrangeiro e voltar a ver, depois de três meses, aquela pessoa que me faz disparar o coração, tudo num espaço de 12 horas é coisinha bem capaz de me causar um ataque cardíaco (tens sempre uma pontaria desgraçada, não tens rapazinho?).

Se este meu coraçãozinho sofredor não aguentar o dia de amanhã, gostei muito destes nossos momentos virtuais. Saudínha e muita felicidade para vocês todos, sim?

domingo, 23 de outubro de 2011

Nota para a posteridade a ver se tão cedo não me meto noutra


Eu não gosto de sair à noite, quer seja em Portugal, Inglaterra ou qualquer outra parte do mundo. Por mais que isso possa fazer de mim uma pessoa não cool.
Filas gigantes para entrar numa discoteca (seja ela qual for), rapar um frio desgraçado na rua (e ainda sentir-me ridícula por estar toda tapada ao pé de mulherio semi nu quando estão 5ºC), ver gente a vomitar pelos cantos e apanhar transportes públicos a horas indecentes (e que ainda por cima estão à pinha e com uns cheiros bastante duvidosos) não é, definitivamente, a minha onda.
A não ser que seja por um caso de vida ou morte, estou terminantemente proibida de voltar a (tentar) sair à noite nos próximos tempos. E estão autorizados a chamar-me nomes (mas nada de levezinho, uma coisa assim como deve ser) se eu voltar com a minha palavra atrás.

sábado, 22 de outubro de 2011

O descanso das guerreiras


O dia de experiência na próxima Segunda-feira até pode não dar em nada e continuarmos desempregadas, mas eu e a Maria estamos pela pontinha dos cabelos de estar fechadas dentro de casa a enviar CVs ou a fazê-lo in loco no shopping daqui da zona pelo que este fim-de-semana vai ser única e exclusivamente dedicado a fazer turismo e a stressar um bocadinho de cada vez que pensarmos na Segunda-feira.
London city here we go.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cold feet

No dia em que cá chegámos demos de caras com um restaurante/padaria/pastelaria hiper fofo, de nome francês, que nos chamou logo atenção. Estávamos famintas e cansadas, decidimos entrar para jantar e ficámos encantadas com tudo.
Saímos de lá a comentar o quão giro deveria ser trabalhar ali. Duas de nós enviámos CV para lá mas sem muita esperança de resultar. Daí a dois dias (ontem) eu e a Maria recebemos uma chamada da gerente, uma francesa super simpática que nos entrevistou por telefone e chamou-nos para uma entrevista de grupo no dia seguinte (esta manhã), onde nos explicou o funcionamento do restaurante e os direitos dos funcionários (free lunch and staff discount!!).


Segunda-feira temos um dia de experiência as duas exactamente no mesmo sítio onde fomos no nosso primeiro dia em Londres. E eu, mesmo tendo noção da sorte desgraçada que tive até agora (mesmo que isto ainda dê para o torto), estou em pânico.
Nunca tirei um café na minha vida, vou ter que falar com pessoas com sotaque britânico, vou ter que estar sempre a fazer qualquer coisa atrás do balcão independentemente de não fazer a mínima ideia do quê. Aquelas horas vão passar tão lentamente como as desta manhã. Mas todo este stress vai valer a pena. Pelo menos eu tenho que acreditar que sim.

London - Day 11



Já tinha dito que adoro o Borough Market, não já?

Não arredamos pé deste país enquanto não provarmos todas as misturas de
brownies que existem. Este é com caramelo (maravilhoso para não variar).


O tecto da loja dos frozen yogurts.


Marias no Fortnun and Mason.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Do nível das conversas que reinam por aqui neste momento


Diz o meu primo à Maria, que é casada, em tom de brincadeira:
- Comer sempre do mesmo milho não tem piada.
- Pois, mas come-se um dia frito, um dia cozido, um dia assado.
Maria: 1. Primo: 0.

E agora acho que vou mas é dormir que não se aprende nada com esta gente.

Na falta de trabalho vamo-nos agarrando ao que podemos para nos dar algum alento



Com unhas e dentes. Literalmente.

Anda uma pessoa seis anos na faculdade a tirar um curso e uma pós-graduação

(or not)

Para depois chumbar num questionário on-line para concorrer a um emprego que se resume a fazer e vender sandes. E depois fazer batota e copiar as respostas de uma das Marias que passou no teste. Para o que eu haveria de estar guardada, senhores...

Cheira-me que não enganei suficientemente os clientes nas situações hipotéticas que me colocaram. Sou demasiado banana boazinha, é o que é. Vou mas é passar a cingir-me às lojas de crianças e de livros que isto cada um é para o que nasce.

E dizer que há praticamente uma semana andava de havaianas nos pés e com 30ºC em cima do lombo