Quem me segue por aqui sabe bem que a minha mudança para o Porto nunca foi algo que me entusiasmasse por aí além. Era uma ideia que estava conversada com o meu namorado desde o início do nosso namoro mas a verdade é que, quanto mais próxima estava a sua concretização, mais me custava. Vivia em Lisboa há 12 anos, era (é) lá que me sinto em casa, era (é) lá que tenho um local de trabalho para onde vou bem disposta todos os dias (apesar de não gostar por aí além do que faço), era (é) lá que sinto que pertenço.
E, depois da mudança, continuou a custar. Mas nunca, em momento algum, me arrependi de ter vindo. Era uma oportunidade que eu tinha que dar à minha relação. Mesmo que mais tarde decidisse voltar. Pelo menos fá-lo-ia tranquila com a minha consciência, porque tinha tentado.
Passaram-se 10 meses desde a mudança. Houve momentos em que me senti mesmo triste por cá estar (quase sempre durante a semana, no trabalho), outros em que achei que já estava mais do que conformada. E andava eu em finais do ano passado nessa onda de conformação, vivendo relativamente bem com isso, quando o meu namorado - a pessoa por quem decidimos vir para o Porto - me disse que queria voltar para Lisboa. Oi? Como assim, voltar para Lisboa? Isso mesmo, voltar para Lisboa!
Mesmo depois de perceber que ele estava convicto do que me estava a dizer, confesso que andei em negação durante uns tempos. Porque não me podia dar ao luxo de criar expetativas de um regresso que depois não se concretizaria. Não teria estofo emocional para aguentar tal coisa. Não depois de tudo o que passei para me mentalizar que agora é aqui que está a minha vida. Mandei-o refletir seriamente sobre o assunto, disse-lhe que há certos problemas (que temos tido enquanto casal e sobre os quais não me apetece falar) cuja solução está longe de se encontrar na cidade onde vivemos.
O tempo passou e ele manteve a vontade de regressar a Lisboa. A vida que temos - que ele tem - aqui no Porto não o faz feliz, e ele já não tem dúvidas de que não é aqui que quer estar.
Eu não acredito em soluções milagrosas, e estou longe de achar que vamos chegar a Lisboa e que todos os nossos problemas se vão transformar automaticamente em contos de fadas. Não vão. Mas se ele está decidido, quem sou eu para contrariá-lo?
Não tenho andado aos pulos de contente porque infelizmente sei que esta mudança, por si só, não vai resolver os nossos maiores problemas neste momento. Mas, se é para enfrentá-los (e, a seu tempo, resolvê-los), que seja em Lisboa. Pelo menos lá estou em casa =).
[E já tenho autorização formal do big boss lá no trabalho. No dia 20 de fevereiro, estarei de volta à cidade do meu coração. Desta vez for good.]