E o primeiro post literário do ano é sobre os três últimos livros que li em 2017. Vamos a isso?
Há muito que tinha curiosidade para ler algum livro do Pepetela. Escolhi este "O quase fim do mundo" porque estava na feira do livro em versão de bolso e custava uma pechincha.
A história é muito sui generis: de repente, a vida animal desaparece de quase todo o planeta e há um grupo muito reduzido de pessoas numa cidadezita africana que se vê completamente sozinho no mundo. O livro conta-nos a interação entre elas à medida que vão descobrindo que não estão sozinhas no mundo e a forma como se desenvencilham naquela nova realidade inesperada.
O livro está bem escrito, conseguindo suscitar curiosidade com o desenrolar da história (e principalmente sobre o que raio terá acontecido que terá levado àquele "quase fim do mundo").
Não vai para o top de preferências, mas é uma leitura muito fácil e agradável, que recomendo.
Naguib Mahfouz é um escritor egípcio vencedor do Prémio Nobel da Literatura. Este livro contém pequenas histórias sobre cada um dos membros de cinco gerações egípcias, e "apanhou-me" porque estava com uma bela promoção numa feira e tem 4,02 em 5 de avaliação no Goodreads.
É um livro muito interessante em termos da perspetiva que nos dá sobre a história do Egito e da escrita do autor, mas algo confuso na forma como a história nos é contada: 67 personagens de três gerações e famílias cujas vidas nos são resumidamente contadas, por ordem alfabética dos personagens. Nomes árabes, sendo que cada membro da família é apresentado como sendo o filho de tal e tal, neto de Y e Z (sendo que ele não se chama Z, mas sim qualquer coisa como Allib Habad Haquim Amr), e depois casou com K e teve os filhos D, E, F, G e I, e é primo do personagem J, cuja vida foi já retratada a páginas tantas, tudo isto misturado com n termos da cultura árabe que não são familiares à cultura ocidental (e que são explicados em n notas de rodapé). Ou seja, obriga a uma concentração enorme para nos lembrarmos quem é que é tio, filho, neto e trisavô de quem e para não perdermos o fio à meada entre cada nota de rodapé.
Moral da história: se querem aprender um pouco sobre a cultura egípcia do século XVIII e tiverem uma memória que não seja uma porcaria como a minha (ou então paciência e disponibilidade para ir fazendo um esquema dos personagens), recomendo muito a leitura, mas se querem uma coisa leve e descontraída que não exija muito esforço mental (às vezes é tudo o que apetece), isto não é para vocês.
Depois de só ter ouvido falar bem sobre a mini série, a curiosidade para ler este livro era muita, e como o encontrei em promoção na Fnac lá o trouxe comigo para casa, com as expetativas em alta.
É um livro de leitura quase compulsiva, lê-se muito bem (há algum tempo que não despachava 500 e tal páginas numa semana).
Sabemos logo de início que houve um homicício mas não sabemos de quem nem como aconteceu, e ao longo da história o mistério vai-se aguçando e a curiosidade sobre o que aconteceu também. Enquanto isso, descreve-se a vida de três amigas, as três muito diferentes uma da outra, e são abordados temas pesados como, por exemplo, o bullying e a violência doméstica.
Aconselho a leitura, gostei muito.