Uma coisa que a (pouca) experiência já me ensinou neste mundo da maternidade (e da alimentação dos bebés em particular) é a não dar nada por adquirido. Nunca. Até agora a experiência de BLW tem corrido super bem (e esperemos que assim continue).
Posto isto, vamos então falar nos últimos quatro meses cá por casa, no que toca à alimentação.
Ponto n.º 1: O baby led weaning pode parecer muito giro quando vemos vídeos no Youtube das criancinhas com meses de vida a comer brócolos tão bem ou melhor do que adultos, mas para lá chegarmos há um processo que é moroso e, por vezes, implica algum sofrimento (dos pais, não dos filhos). Digo moroso porque nas semanas antes de começar o BLW e nas primeiras semanas em que eu o apliquei com o Gu, passava horas do meu dia a ler sobre o assunto para aprender e aperfeiçoar cortes e consistências dos alimentos. E os reflexos de vómito dos primeiros dias, como já contei noutro post, deixavam-me muito stressada (agora são muito menos frequentes, como é normal, e já não me incomodam, porque sei que são normais e que não são um sinal de perigo, pelo contrário). Foi só depois de passados os primeiros dias, e de me ter apercebido que estava a correr tudo bem que consegui relaxar e deixar de precisar tanto de estudar o assunto, porque a experiência e o feedback do Gustavo já me iam permitindo ver o que é que funcionava melhor com ele, e que a que alimentos e texturas ele mostrava maior recetividade.
Nós sempre tivemos intenção de dar sopa ao Gustavo, porque é algo que comemos cá em casa praticamente todos os dias, mas antes disso queríamos que ele se familiarizasse com os sólidos. Ao final de dois meses de sólidos em exclusivo, e porque ele passou por uma fase de não estar tão recetivo aos vegetais (para além do que era chegada a altura em que pelo método tradicional de introdução alimentar passa-se de 2 para 3 refeições diárias (para além do leite, claro)), decidimos que era a altura de introduzir a sopa. E durante mais de um mês correu super bem, até que ele se fartou e deixámos de dar todos os dias (dando sempre legumes inteiros em alternativa). E fomos sempre dando a sopa conforme o Gu a "pedia": muitas vezes ele estava tão impaciente e sôfrego que púnhamos mais água na sopa e davamos-lha a beber, outras íamos dando a colher para a mão dele e ele ia comendo à sua maneira, outra dávamos de forma mais tradicional, sempre conforme ele nos ia comunicando que a queria.
Exemplo de uma refeição adaptada à fase atual do Gustavo: hambúrguer de cogumelos e feijão branco, brócolos, cenoura e pepino (a partir do momento em que eles começam a fazer o movimento de pinça torna-se mais fácil dar variar mais no formato e diversidade de alimentos).
Não é sempre fácil ter paciência para isto, e por vezes a sujeira é muita, mas sou completamente contra forçar os bebés a comer seja o que for - se não faz sentido com o leite materno, porque é que faria com qualquer outro alimento? Não quer, dou-lhe alternativa (dentro do que há), e se não quiser nada do que tenho para oferecer, há sempre a maminha portanto está tudo bem.
Temos dado sempre almoço e jantar. Pequenos almoços e lanches damos na maioria das vezes (panquecas e/ou fruta) mas nem sempre. Deixei de oferecer maminha a seguir às refeições principais depois de termos tido consulta com a pediatra e ela ter dito que o leite impedia a absorção do ferro - presente na carne, por exemplo -,quando consumido na mesma refeição.
Até agora, e retirando uns dias em que há alguns vegetais para os quais o Gu não está muito virado (normalmente quando estão só cozidos, com menos sabor, por isso percebo-o perfeitamente ;)), diria que o meu filhote não tem sido nada esquisito. Mas mostra uma clara preferência por proteína, que é sempre a primeira coisa que vai buscar quando lhe pomos o prato à frente (seja leguminosas, ovo, carne ou peixe, é sempre a primeira escolha dele). Também adora fruta (principalmente manga e mirtilos), mas não há nenhuma que rejeite. Na grande maioria dos dias é um gosto tremendo vê-lo comer de forma autónoma (e se forem os alimentos preferidos dele, limpa o prato à velocidade da luz). Ainda não partilhamos as refeições em família porque, para já, prefiro que ele coma os alimentos da forma mais natural possível e os nossos horários de refeição também nem sempre são compatíveis. Mas consigo perfeitamente tê-lo a almoçar/jantar ao pé de mim enquanto arrumo a cozinha ou cozinho, por exemplo.
Como disse no início do post, se quisermos fazer BLW de forma consciente e segura é uma opção que nos primeiros tempos dá muito mais trabalho do que a opção pelo método tradicional, mas em termos de experiências sensoriais, desenvolvimento das capacidades motoras, e (espero) construção de uma relação saudável com a comida, diria que é um investimento de tempo que compensa muito. Pelo menos para já, eu não podia estar mais feliz com a opção que tomámos (ou tomei eu, já que alimentação é um assunto que me interessa muito mais a mim, e o homem apoiou a 100% desde o primeiro dia) e não podia recomendar mais (mas só se tiverem muita paciência, tempo e se preocuparem pouco com sujeira).