E que é o principal culpado por eu continuar a acreditar no amor verdadeiro.
Os meus pais fazem 29 anos de casados para a semana. A minha mãe veio comigo para Lisboa por dois dias apenas. No aeroporto a despedida deles foi uma coisa bonita de se ver. Ainda não tínhamos entrado no avião e já estava ele a ligar para saber como estavam as coisas. Entretanto acho que falaram mais três vezes depois de chegarmos (ter em consideração que já chegámos às 18h). Uma delas só para dar um beijinho de boa noite.
A última viagem de avião que fizeram juntos foram em classe executiva porque o avião estava cheio e as hospedeiras vieram oferecer-lhes quatro (sim, quatro) garrafas de champagne porque já não se viam amores como aquele com a idade deles - estão na casa dos cinquenta (isto depois de terem presenciado o beijinho de boa viagem que o meu pai deu na mão da minha mãe).
Um dia o meu pai disse-me que, logo depois da minha mãe, eu era a mulher que ele mais amava no mundo. A minha mãe, que não é nada de graduar o amor que tem pelos filhos e pelo marido (pelo menos verbalmente), disse-lhe logo que essas coisas não se dizem. Mas eu achei lindo. E adorei a sinceridade.