quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Rússia: 6 dias, 3 cidades e 1 casamento - o casamento

Os noivos já tinham casado antes em França, pelo civil, e (ficámos nós a saber depois), uma semana antes do casamento ortodoxo, o noivo - francês e agnóstico - foi batizado na Rússia pela igreja ortodoxa numa cerimónia que decorreu à beira rio e incluiu mergulho (literalmente) do batizando. Nesse momento, foi-lhe dado a escolher, entre os nomes dos santos que se comemoravam naquele dia, qual o nome ortodoxo que ele queria adotar, e ele escolheu Nikolay (sendo que o nome francês dele não tem nenhuma parecença com este).
Os noivos chegaram juntos à igreja, e os convidados puseram-se todos, de pé (não há cadeiras nas igrejas) à volta dos noivos e do padre, sendo que as mulheres tiveram que cobrir a cabeça. A missa é cantada, e os fiéis benzem-se sensivelmente 70 vezes durante a cerimónia (sem exageros) e não há padrinhos. [Decidi não colocar fotos dos noivos aqui, mesmo com a cara tapada, porque não lhes pedi autorização para tal]
A única coisa que percebemos o padre dizer foi "Nikolay e Aleksandra" diversas vezes. Eu, que não conheço bem o noivo, achei que seria o segundo nome dele. O senhor meu namorado - uma enciclopédia de história ambulante - pôs-se a adivinhar que aquilo nada tinha a ver com o nome dos noivos, sendo sim uma alusão aos dois últimos czares da Rússia que foram posteriormente santificados. A família dele, que também não sabia que o noivo tinha "ganho" um novo nome com o seu batizado ortodoxo, ficou a pensar "O que é que se passa aqui que até já me mudaram o nome ao rapaz".
Outro momento engraçado da cerimónia foi quando o padre agarrou nas duas coroas que estavam na mesa (e que nós, na ignorância, assumimos que seriam um elemento decorativo simbólico) e coroou os noivos, que deram três voltas à igreja com as ditas cujas na cabeça.
Também gostei especialmente do momento em que o padre perguntou ao noivo se ele queria casar com a Alex e ele, que percebe mesmo muito pouco de russo, teve que esperar pela tradução da noiva para dizer o seu "da" (sim).

Eu estava com de receio de não ir vestida de forma suficientemente formal, mas afinal até estava bastante "arranjadinha" atendendo à generalidade dos convidados (havia um coitado, inclusive, cuja mala não chegou a tempo e estava de calções e t-shirt. eu teria morrido de vergonha, mas ele estava na boa - não é que tivesse grande remédio, mas adiante. noutra vida também vou ser assim, relaxada e sem me importar com o que os outros pensam).

A igreja da cerimónia foi a do lado direito da foto (repararam que a torre do meio está torta, qual torre de Pisa?).

Seguiu-se um passeio a pé até ao local da festa que, para mim, de salto alto, foi uma aventura e tanto (tinha descidas em terra a meio do mato, um mimo!), apesar de, em termos de vistas, ter sido muito giro.



Chegados ao local da festa, puseram-nos a vestir disfarces e a dançar danças típicas russas, com animadoras que (guess what?) só falavam russo e nós (franceses e afins) só nos ríamos e íamos tentando fazer o que nos mandavam. Ainda fizeram um segundo jogo (que eu, graças a deus e a todos os santos, dispensei antes de saber o que era) que consistia em dois grupos a competir um com o outro que deviam, à vez, esvaziar uma garrafa de vodka (bebendo todos do mesmo copo...no-jo! ainda ando a ponderar se me divorcio do senhor namorado por ele ter entrado na brincadeira).

O baú dos disfarces.

Cá está o disfarce que nos calhou em sorte.



Achava eu que, quando nos sentássemos para comer, a animação pararia. Está bem, está... Se eu vos disser que, enquanto comíamos (ou antes, tentávamos comer) não houve mais de 5 minutos seguidos sem que o animador não tenha tirado alguém das mesas para algum jogo ou nos tenha mandado fazer um dos 100 brindes que fizemos durante a festa, não estarei a exagerar. Tanto que a maior parte das pessoas estava tão entretida na hora do prato principal que muitos nem lhe tocaram.
Provámos várias especialidades russas, entre elas uma sopa de peixe com vodka que, estranhamente, não só sabia bem como me soube um pouco à nossa canja.
O que dizer deste dia? Vi a minha amiga realizar um sonho, conheci pessoas espetaculares de várias nacionalidades, dancei, ri, provei várias iguarias e fiquei a conhecer imensas tradições russas. Mesmo que tivesse ido à Rússia apenas para assistir ao casamento, garanto-vos que já teria valido (e muito) a pena.

5 comentários:

  1. Parece-me que foi um casamento realmente muito animado :)

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  2. deve ter sido uma experiência única. eu já fui a um casamento polaco, mas só à parte dos comes e bebes. Não era convidada oficial, mas estava a fazer intercâmbio na casa de uma das convidadas. não fui à igreja só me levaram lá para o copo de água e claramente estava a destoar com a roupa, mas devem ter achado graça que fui obrigada a casar com uma série de polacos que não conhecia de lado nenhum e que já tinham bebido demasiada vodka.

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  3. Adorei os pormenores do casamento! É muito mais "único" quando se vivem tradições do país, muito giro.

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  4. Ai que engraçado. Realmente mais diferente é impossível =)
    Admito que no meu, queria animação, mas não em exagero. Gosto de comer em paz =P

    Beijocas

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  5. Que engraçado, parece ter sido um casamento mesmo diferente daquilo a que estamos habituados (= acho que esta viagem à Rússia te vai ficar para sempre na memória!

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