Ninguém gosta de despedidas. E eu não sou excepção.
Mas a verdade é que, por mais que custe, é, como tudo na vida, uma questão de hábito (por mais frio que isto possa parecer). Com os anos tornamo-nos especialistas no assunto. Pelo menos as pessoas que, como eu, vão viver para longe de casa e daqueles que amam.
Tinha 17 anos quando vim sozinha para Lisboa. Lembro-me de ver uma rapariga, que já devia ser velha nestas andanças, olhar para mim e para a minha mãe, lavadas em lágrimas, e achar piada à situação. Na altura apeteceu-me chamar-lhe todos os nomes e mais algum pela demonstração de tamanha insensibilidade. Mas hoje sou eu que olho para as caloiras em sofrimento e lembro-me de quando era eu.
Hoje, passados seis anos, despedimo-nos com um abraço forte e um beijo sentido, mas as lágrimas já não são presença habitual. A minha mãe, um doce que só ela, fica a acompanhar com o olhar os meus passos até eu desaparecer no horizonte (fofa, adoro-te!!), mas já faz isso com um sorriso no rosto. Também porque sabe que, se há seis anos eu vinha para cá como quem vai para a cadeira eléctrica (estou exagerando pouco), hoje venho com outro sentimento. O de quem volta para a sua vida, para a sua rotina, para a sua casa. Porque agora é aqui a minha casa. Por mais estranho que possa parecer, agora é aqui que está a minha vida. Embora parte do meu coração esteja lá longe, com a minha família.
O meu pai, mais sentimentaloide, às vezes ainda fica com a lagriminha no canto do olho, e sussurra-me ao ouvido, todas as vezes, que me adora. E eu adoro que ele diga que me adora!
O mais bonito disto tudo é ver como a distância, muitas vezes, intensifica as relações e valoriza os sentimentos. Não há nada como sentirmos a falta de alguém para lhe darmos o verdadeiro valor. E é por isso que eu aproveito cada minuto que passo com eles. E dou graças a Deus todos os dias por ter a família linda que tenho.
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