sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Dos palpites que vêm de fora

(sim, estou mal disposta e não é pouco)


Uma pessoa reflecte muito. Uma pessoa acaba por decidir que quando, em menos de dois anos de trabalho na função pública, vai ver o seu salário descer dentro de dois meses pela segunda vez e isto quando, nos entretantos, começou a trabalhar mais cinco horas por semana, a coisa está mal. Pior, quando me estão a tirar a mim, pessoa cumpridora da lei, que paga impostos e pede facturas, para tapar buracos causados por gente corrupta. Uma pessoa sabe que, infelizmente, quem se vai lixar com a sua decisão de greve é apenas a própria, já que (no meu caso) o trabalho não desaparece só porque decidi fazê-la, além do que o prazo para acabá-lo também não se altera. 
E depois desta porra toda uma pessoa liga a televisão ou lê um blogue ou um jornal e ainda tem que ouvir  e ler comentários maldosos de quem está completamente fora desta realidade? Só porque a greve vos afectou os planos para o dia? É que a nós, funcionários públicos, os cortes previstos vão afectar-nos 365 dias por ano.
Tenham a santa paciência... Falem do que sabem e respeitem as pessoas que querem apenas exercer um direito, sim?

E quanto ao facto da greve ser numa sexta-feira (já agora não fui eu que a marquei portanto escusam de me chatear os cornos por isso)... eu não sei quanto a vocês mas as minhas férias (ainda) são pagas. Ao contrário do dia de hoje, que não me vai entrar na carteira. E já agora também não aproveitei para ir de fim-de-semana prolongado nem nada. Pronto, já podem dormir descansados.

4 comentários:

  1. Os trabalhadores do privado sempre trabalharam as oito horas diárias ( e até mais)e nunca morreram por isso. Mais 5 horas aos função pública não os mata. Quanto ao facto de vos estarem a tirar tudo ao mesmo tempo, também as outras pessoas descontam mais e se deparam muitas vezes com horários reduzidos pelo facto de os patrões terem uma carga fiscal maior. O problema é que os funcionários públicos andaram anos e anos cheios de regalias. Eram só 7 horas diárias, ordenados acima da média, ADSE e tudo e tudo. Agora a vossa revolta é comprensivel.

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  2. com os salários reduzidos*

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  3. Andreia, quem lhe disse que os trabalhadores do privado "sempre trabalharam 8 horas diárias" mentiu-lhe. Tenho amigos no privado que trabalham menos que isso (e não falo de trabalhos em part-time, obviamente). As 40 horas semanais são o máximo legalmente permitido, e não a regra (se não acredita em mim vá ver o Código do Trabalho, está lá escrito).
    E não são o máximo só na legislação portuguesa, são também o número máximo de horas que a função píblica trabalha na Europa (já o salários...temos dos mais baixos da zona Euro).
    Era preciso passar do 8 para o 80? Não havia um meio termo? Até porque os funcionários públicos também fazem (e já faziam) horas extra sem a lei lhe obrigar a tal, quando isso era necessário (o público também tem prazos legais para cumprir, e não são poucos).
    Fala em regalias? Pois, da minha experiência, não sei o que isso é (assim como salários acima da´média), pelo que me acho em pleno direito de lutar por condições de trabalho dignas.

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