2020 foi, possivelmente, o ano mais estranho da vida de quase todos nós. Um ano cujo pano de fundo foi digno de um verdadeiro filme de ficção científica.
Sinto que foi um ano em que experienciei todo o tipo de emoção, boa e má, muitas vezes no mesmo dia.
Foi o ano em que me apaixonei perdidamente pelo meu filho (que nasceu em setembro de 2019 mas, agora em retrospetiva, tenho clara noção que precisei de uns tempos para deixar o modo piloto automático e "encarrilhar" neste comboio que é a parentalidade e, acima de tudo, começar a desfrutar da parte boa. Mas foi também um ano dominado por muitos momentos de desespero, entre muitas cólicas e um bebé que ainda hoje, com 15 meses, não dorme bem nem de dia nem de noite (e não é por falta de esforço nosso, acreditem).
Se os meses de licença de maternidade já são, por si só, tempos muito solitários para a maioria das mulheres (onde me incluo), juntem a isso uma pandemia e temos cocktail explosivo.
Foi o ano em que senti muita solidão (não só durante a licença como depois, em teletrabalho), mas ao mesmo tempo nunca tinha amado tanto na vida.
Foi um ano dominado pela saudade. Desde abril só estivemos duas vezes com a minha família (sendo que antes disso, e desde que o Gustavo nasceu, estávamos juntos uma vez por mês).
Foi o ano em que o Gustavo foi para a creche e, contrariamente ao que eu temia, foi uma lufada de ar fresco para nós três.
Foi o ano em que, pela primeira vez na vida, passei o Natal em Lisboa, a três.
Foi um ano estranho, muito, muito estranho, mas também muito iluminado pelo meu Gu. Foi um ano em que, aos poucos, fui renascendo e me redescobrindo para além da mãe que agora sou (e que às vezes, demasiadas vezes, parece que não há espaço para ser mais nada).
Foi um ano diferente a todos os níveis, mas seria ingrato da minha parte dizer que foi mau. Retirando a saudade (que foi muita), acompanhei o crescimento saudável e feliz do meu bebé, as pessoas mais importantes da minha vida tiveram saúde, cá em casa mantivemos o emprego e salário apesar da pandemia, e fui tia (de sangue) pela primeira vez. Não foi o melhor ano de sempre, mas foi, apesar de tudo, um ano muito feliz.
[Quanto às fotos, é verdade: praticamente não há fotos sozinha nem sem o Gu, o que é bastante representativo daquilo que foi o meu ano, assoberbado pelo meu Gucas querido.]