segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Vidas passadas

Corriam os últimos meses do ano de 2010. Tinha eu 22 anos, acaba de sair de um relacionamento de 10 anos. Ele (não o ex, outro), 31 anos (não propriamente um adolescente, portanto. Já de mim não se podia dizer bem o mesmo).
Eu estava a viver os dias mais infelizes da minha vida [na altura tinha criado o blogue há uns meses e tudo o que se foi passando nunca foi por mim revelado abertamente aqui, como será agora] quando ele, muito pouco tempo depois do fim do meu namoro, deu um ar de sua graça. Conhecia-me há anos, sempre tinha sido uma pessoa super correta, por quem eu tinha muita admiração enquanto ser humano, atraía-me a um nível negativo em termos físicos. Mal lhe disse que estava solteira passou a ser conversa diária (sempre iniciativa dele) e de repente, conversa puxa conversa (tudo no mundo virtual do falecido Messenger) eis que o rapaz começa a fazer-se ao piso. E eu não queria acreditar que aquilo me estava a acontecer. A pessoa mais improvável do mundo estava a fazer-me recuperar o sorriso (e de repente até se tinha tornado gira e tudo!), numa altura em que eu tinha o coração desfeito num trilião de pedaços, e achei que assim continuaria por uns bons anos (sim, eu estava completamente convencida disso e ai de quem tentasse dizer-me  contrário, sabiam lá o que era o amor!).


Acontece que esta pessoa alegadamente tão bem formada não estava muito virada para relacionamentos. A bem dizer, nem para me ver ao vivo sequer, porque cada vez que eu sugeria tal coisa o rapaz revelava-se o ser humano mais ocupado do planeta (e com 300km a separar-nos, ele tinha a vida facilitada nesse aspeto).
Houve um dia em que a criatura lá baixou a guarda e, durante umas horas, eu senti-me o ser humano alvo da maior paixão que o mundo já viu. Senhores, como aqueles olhos me enganaram bem! Depois desse dia, voltámos aos 300km de distância e a criatura passou dias sem me dizer nada de nada. Em vésperas de natal, eu na Madeira, com a minha família (mas tão longe dela), numa depressão de meter dó. Aquela criatura conseguiu o que o meu ex namorado (um senhor ao pé deste pedaço de bosta. e sem ser ao pé deste pedaço de bosta também, a bem dizer) não conseguiu: a tristeza de antes passou a depressão. Nunca tive pensamentos suicídas, mas estava convencida que morrer seria menos doloroso do que aquilo por que eu estava a passar. 
Foi nesses dias de tratamento de silêncio da criatura que eu decidi "agarrar em mim" e ir para França ser Au Pair. E foi essa experiência que me deu de volta a alegria de viver. 
A criatura ainda me assombrou mais uns tempos (depois de me ter tentado vender a ideia de que era uma pessoa muito traumatizada com um relacionamento passado, coitadinha, e que não conseguia ter um relacionamento sério - e ter-me deixado quieta no meu canto em vez de me vir atormentar só para alimentar a p**** do ego, não teria sido uma boa ideia?) até que eu fui para Londres e os meus interesses mudaram de direção e ele, quando percebeu isso, deixou-me em paz. Não falamos desde essa altura (corria o ano de 2011, já tinha passado mais de um ano desde o início daquela "brincadeira").
Entretanto o Facebook tratou de me informar que a pobre criatura traumatizada lá viu a luz e encontrou o amor (aquele que ele já tinha encontrado comigo - ahahahahah! - mas que o seu ser interior não lhe permitia viver, que ele tinha nascido mas era para ser uma alma livre e correr o mundo) e, no fim-de-semana que passou, parece que se casou (com um outfit medonho - que fique registado. obrigada universo por não teres atendido às minhas preces de um dia casar-me com ele. é que, se eu já não tivesse aberto os olhos antes, no segundo em que eu pusesse os olhinhos naqueles calções (????!!), teríamos noiva em fuga na certa).
E eu, apesar de há muito ter deixado de ter sentimentos (bons) por esta pessoa, tenho que confessar que não consigo ficar feliz com a felicidade dele no departamento do amor. Também não fico infeliz, calma, mas há aqui dentro um ressentimento que me impede de lhe desejar o melhor no amor. 
Como costumo dizer às minhas amigas, não lhe desejo nada de mal...apenas que tenha sexo mediano o resto dos seus dias :p.

6 comentários:

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  2. É sempre nestas alturas em que estamos inseguras, com o coração em frangalhos, que aparecem gajos como esse. Aconteceu-me também. Um "amigo" que se aproximou na altura em que eu e o meu namorado terminamos por um breve periodo de tempo. Mal soube que eu estava solteira, começaram as conversas mas nunca dei bola. Inicalmente era tudo muito de boa, só conversas básicas de amigos, séries, coisas da vida, trabalho. Depois é que começou a fazer-se ao piso mas eu nunca dei bola porque nem estava para aí virada. Quando esse "amigo" soube que tinha reatado o meu namoro, acabaram-se as conversas. Começou um mês depois a namorar com uma amiga minha da altura e continuam juntos ainda hoje. Soube mais tarde que ele sempre fez o jogo com todas as raparigas do meu círculo de amizades na faculdade, tudo raparigas com quem era sempre simpático, educado, em que nunca surgiu uma conversa mais para o flirt. Parece que lá conseguiu o que queria, que era namorar com uma das 4 :p ahaha Lá anda ele de boas com a minha ex amiga (acabamos por deixar de nos falar mas nada a ver com este assunto). Só espero que sejam muito felizes mas fico sempre com a sensação que pessoas assim só precisam de alguém que lhes abra um pequeno espaço... a partir daí é sempre a fazer o mesmo jogo até alguém acreditar na conversa.

    Felizmente nunca me iludi nem pensei que ali estaria um bom "substituto" para a relação que tinha (e tenho hoje). Sempre olhei para ele como um amigo preocupado e nem me atraía nada fisicamente. No teu caso já houve mais envolvimento, é sempre pior. Felizmente livraste-te disso! E ele lá encontrou o amor verdadeiro :) lol Ao menos livraste-te de boa! Casar de calções?? Nossa...

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  3. Engraçado (ou não)... Eu também passei por uma experiência semelhante... Parece que há criaturas que sentem a fragilidade de outros...

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  4. A última coisa de que uma pessoa precisa quando está mal/vulnerável é ficar ainda pior, mas parece que há pessoas que conseguem cheirar a vulnerabilidade ao longe.

    P.S.: Casar de calções? Really? Tás a ver, escapaste de boa ;)

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  5. Não vale a pena desejar mal a ninguém... mas digo sempre que "desejo aos outros o bem que me fizeram".

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  6. Estou de volta, pelo menos tentar a meio gás =)

    Eu li o texto todo e nunca passei por isso, por isso não sei pelo que passaste, mas acredito piamente que fácil nunca é.

    Mas a tua última frase... hahah :P

    Beijocas

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