quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Das metas concretizadas: voluntariado

Várias vezes ao longo do ano passado, quando andava a passar por problemas de foro emocional e havia dias em que me sentia miserável, dava por mim a auto-censurar-me (não sei se sabem mas tenho um doutoramento em auto-censura. mentira, não tenho, mas devia ter, porque experiência não me falta), mas dizia eu que dava por mim a auto-censurar-me com o facto de estar a desperdiçar tempo de vida saudável em sofrimento, em vez de aproveitar e vivê-lo de forma feliz enquanto a vida não trata de me dar problemas sérios tipo doenças, tanto a mim como aos meus. Como se eu tivesse escolhido sentir-me miserável. Mas a verdade é que era um pensamento que me ocorria de vez em quando.
Quando passou toda aquela nuvem negra e voltei a sentir-me a pessoa feliz e bem disposta que sempre fui - isto a juntar a meses de terapia que me têm ajudado muito a conhecer-me e a perceber o que é que me faz bem e feliz - comecei a sentir uma especial necessidade (mais do que vontade, era necessidade mesmo) de retribuir ao mundo a sorte que tenho tido na vida. Por ser uma pessoa saudável, por ter tido a sorte de nascer num país que não está em guerra, por ter uns pais que não só me deram amor como me proporcionaram sempre boas condições de vida e me deram tudo o que uma criança precisa.
Já antes disto tinha pensado n vezes em fazer voluntariado, mas agarrava-me às mais variadas desculpas para justificar a mim própria a minha inércia (que eu acho que na verdade era provocada apenas pelo medo do desconhecido). Ou era porque não tinha companhia para ir comigo, ou era porque não sabia de nada perto de casa (confesso que sou muito comodista com deslocações relativamente a tudo o que não seja obrigatório - tipo trabalhar), ou porque tinha receio de não ter estofo para lidar com certas situações (doenças por exemplo. tenho muita dificuldade - com reações físicas até - em lidar com certas doenças). 



Até que, em dezembro, estava a poucas paragens de autocarro de casa quando reparei que havia ali um Refood. Onde não só eu poderia fazer voluntariado como ainda para mais com comida (quem me conhece minimamente percebe que é só a minha cara). Mandei um email timidamente a perguntar se precisavam de voluntários e quando, em poucas horas, me responderam que precisavam "muito" fiquei mesmo satisfeita (não por haver tanta falta, obviamente, mas por poder, finalmente, ajudar). Eu posso demorar a tomar certas decisões, mas quando as tomo sou muito rápida a concretizá-las. A senhora que me respondeu disse-me para lá passsar na semana seguinte, mas eu no dia a seguir já lá estava (estava demasiado ansiosa para começar para esperar uma semana). Foi na altura do natal, pelo que estavam especialmente necessitados de pessoal. 
Fui lá, perguntaram-me quando é que podia começar, eu disse que estava disponível no imediato. Depois, a medo, disseram "Quer começar já amanhã ou prefere para a próxima semana?". E, no dia seguinte, lá estava eu, pronta para começar.

[E como isto já vai longo, conto-vos num próximo post como foi a primeira vez e como tem sido desde então.]



P.S. Não escrevi este post mais cedo pelo receio que pudessem pensar que estava a vir para aqui armar-me em boazinha (o que é um bocado parvo, porque na verdade 99% de vocês nem me conhece). Mas este é o meu diário e não faz sentido excluir dele uma parte importante da minha vida e que me tem feito bem. E, ainda para mais, pode ser que sirva para encorajar alguém que, tal como eu, não saiba bem o porquê de ainda não ter dado este passo.

8 comentários:

  1. Fico muito feliz por ler relatos como este! Não faço voluntariado , mas também ando com esse bichinho há muito tempo! Mas talvez pelos mesmos motivos que descreveu (ou falta deles) nunca dei esse passo. Espero que o quanto antes também ganhe coragem para avançar com algo que só nos trará coisas positivas!
    https://jusajublog.blogspot.pt/

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  2. Ando com essa vontade também, mas arranjo sempre desculpas... A verdade é que vivo numa terriola e tudo fica longe. Aqui não há nenhuma instituição que precise de ajuda, teria que me deslocar e não tenho carro sempre disponível. Mas quero mesmo começar a ajudar mais!

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  3. Também faço voluntariado e é algo que cada vez tem mais importância. Se todos fizermos um bocadinho, ajudamos a construir um mundo melhor :)

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  4. Adorava fazee voluntariado e para o ano, que tenho mais tempo livre, vou aproveitar :). Para já tenho outras prioridadea, ja estou metida em tanta coisa que sinto que não teria a enwrgia suficiente para me dedicar a uma causa.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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  5. Uma salva de palmas (= pessoas que se dedicam a fazer trabalho voluntário merecem todo o nosso reconhecimento (=

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  6. Isso é excelente. Por acaso preciso de tomar a mesma decisão.

    Beijocas

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  7. Es espetacular! Acreditas que não conhecia esse movimento do Re food? Já vi que tb há aqui no porto! Vou pesquisar melhor.

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