quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #8 - O segundo mês de vida do Gustavo (Cólicas e sonos)

[Aviso à navegação: Este post é praticamente só sobre os hábitos de sono atuais do meu filho. Escrevo-o porque quero muito poder recordar esta fase (para o bem e para o mal) no futuro, mas provavelmente será muito chato para quem não se interessar pelo assunto. É passar à frente, amigos na mesma. Prometo que tenho intenções de fazer um post sobre leituras - uma delas não relacionada com bebés - muito em breve].

Se, depois de passadas as primeiras duas semanas de maternidade, podia dizer que tudo corria sobre rodas e ia dando tempo para (quase) tudo, ultimamente as coisas já não são bem assim.
Nas últimas semanas o Gustavo deixou de fazer os sonos que fazia durante o dia (fazia pelo menos um sono de mais ou menos 2 horas) e passou a ter muita dificuldade em dormir fora do colo. Adormeço-o ao colo durante o dia (deitá-lo acordado normalmente é seguido de choro, contrariamente ao que acontece de noite) depois de uns minutos de resistência da parte dele, e pouso-o quando acho que já está ferradinho. Nas últimas semanas é muito raro ele aguentar 30 minutos a dormir depois de pousado. Na grande maioria das vezes são as cólicas que o acordam, o que aumenta muito a minha frustração (mas dá-me a esperança de sonos melhores quando as cólicas se forem embora). A grande exceção a este comportamento é se o pusermos a dormir no sling, em que aguenta basicamente o tempo que o tivermos lá colocado (quando quero mesmo que ele durma sei que é tiro e queda. as minhas costas é que não adoram a brincadeira, mas é a vidinha).
Quanto às noites, são sempre uma grande incógnita cá por casa. De cada vez que sou acordada pelo meu filho olho para o telemóvel para ver as horas enquanto digo baixinho "Por favor que tenham passado pelo menos quatro horas". 
Não sei se por esta altura já deveria haver uma rotina de sonos noturnos cá por casa (o Gustavo faz 3 meses esta semana), mas ainda não há. Já há um sono "grande" ao início da noite (que por norma varia entre 3h30 e 5h30, sendo que nos últimos tempos pende mais para as 3h/4h) e que começa normalmente algures entre as 21h e as 23h00, seguido de um sono de mais ou menos 2h e outro da mesma duração ou menos. Durante a noite é muito raro o Gustavo chorar com cólicas, mas há imensas vezes que o que o acorda são os gases que dá, e não propriamente a fome (mais uma vez, frustra-me horrores mas dá-me esperança num futuro próximo sem cólicas). 
Passámos por uns dias em que o sono do início da noite era maiorzito mas depois ficava quase uma hora acordado antes de voltar a dormir, para outros em que os sonos são mais curtos mas adormece com mais facilidade (tenho conseguido deitá-lo ainda acordado, desligo a luz e normalmente no espaço de 10 minutos ele adormece). Nem sei o que prefiro, honestamente (e quando ele adormece bem a meio da noite e me dá para ter insónias? oh vidinha!). 
Uma coisa que me irrita particularmente (e não sei se será mero acaso ou se será mesmo fisiológico dele) é o facto de o sono da noite por norma ser maior quando começa mais cedo (irrita-me porque para eu aproveitar para dormir também tenho que me deitar às 21h ou coisa que o valha, e eu quando me obrigo a dormir é meio caminho andado para ter insónias, por mais cansada que esteja). Parece que criou ali uma rotina de acordar por volta das 2h (mais coisa menos coisa) e das 7h, e o que dorme entre estes sonos é que vai variando.


Quanto a mim, acho que nunca estive tão cansada como agora. Tento assegurar 6 horas de sono diárias e quase sempre consigo, mas para isso temos 3 sonos intercalados por momentos de agitação a adormecer o meu filho, tempo em claro para adormecer-me a mim, e uma fome de leão que me assola a partir da segunda metade da noite...é duro. E mais duro do que tentar adormecer, é ter aquele despertador noturno que não dá aviso prévio, que não permite carregar no botão "adiar 5 minutos" e que nos obriga à máxima rapidez antes de começar a reclamar a sério (cá por casa durante a noite é assim, não há despertares calmos para a cria. bem, na verdade durante o dia também é raro). E este padrão de sono torna-se manifestamente insuficiente quando durante o dia uma pessoa não tem direito a uma horinha de "folga" para descansar a cabeça, como tem acontecido nas últimas semanas.
Confesso que sempre alimentei bem forte a esperança de ter um bebé que dormisse bem desde o início (é raro eu ser tão otimista quanto era com este assunto antes de ser mãe), não sei se por eu e os meus dois irmãos termos dado essa sorte aos nossos pais e já dormíamos a noite inteira com dois meses de vida (bem que podia ser uma coisa genética).
Apesar do cenário descrito, continuo a dizer que tenho um filho santo. Porque ele só é "chatinho" quando tem dores. O problema é que ele tem muitas dores. Porque quando não as tem é uma paz de alma. E dá os sorrisos mais lindos do universo. E palra comigo todo entusiasmado. E fica na espreguiçadeira sentadinho enquanto eu cozinho, lavo louça, estendo roupa ou como (normalmente farta-se ao fim de meia hora, mas sempre vai dando para eu assegurar as tarefas essenciais cá por casa).
No meio disto tudo, eu tenho bem mais sorte do que o meu filhote: porque a mim calhou-me o melhor filho do mundo. Já ele, tem que lidar com uns intestinos que (raios os partam) nunca mais ganham maturidade e aprendem a trabalhar sem fazer o meu docinho sofrer.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #7 - As primeiras semanas sozinha em casa com o Gustavo

Cinco semanas após o nascimento do Gustavo, o senhor namorado regressou ao trabalho. Com isso, acabou-se o meu sono solitário de grande parte das manhãs ou do início da noite (quando o Gustavo ficava na sala com o pai para eu descansar em condições) e as "trocas de turno" durante o dia quando o cansaço se intensificava.
Não sei se foi um pico de crescimento, se foram as cólicas a atingir o auge, mas o facto é que, contrariamente ao habitual em que, mesmo com cólicas, o Gustavo lá ia dormindo um ou dois sonos de 2 ou 3 horas durante o dia, na 3a e 4a feira dessa semana apoderou-se dele um "bicho" qualquer e não houve sonos de mais de 15 minutos para ninguém até ao pai chegar a casa, às 18h (a não ser alguns em cima de mim). E pior do que não haver sono foram os episódios de cólicas com choros dificilmente consoláveis, em que apliquei todas as estratégias e mais alguma (sendo muito honesta, disse muitos palavrões baixinho e enquanto embalava o meu filho nos braços e tentava acalmá-lo). E não dá para descrever a frustração que é adormecer uma criança, tê-la em sono profundo, e em menos de 1 ou 2 minutos ela encolhe-se toda e começa a gemer com dores (apesar de estar cheia de sono), arruinando todo o nosso esforço para fazê-los dormir.

[O meu amorzinho no colo da avó materna.]

Por aqui, vamos dando algumas massagens que ajudam a libertar gases, deitamo-lo de barriga para baixo no nosso colo (fica bastante mais confortável) e um som que costuma acalmá-lo é o secador do cabelo (consigo pensar em 100 sons menos irritantes  e mais económicos que este mas...fazer o quê?). Em termos de medicação, começámos por tentar o Biogaia, que é um probiótico, mas depois de duas semanas sem resultar mudámos (a muito, muito custo meu) para o Infancalm a ver se funcionava (digo a muito custo porque aquela porcaria leva sacarina e aroma de framboesa e tresanda a açúcar). Disclaimer: também não funcionou.
A segunda semana já correu melhor. Não em termos de cólicas - essas não foram a lado nenhum - mas acima de tudo para mim, que fui criando rotinas, agora a dois, com o Gustavo, e (o maior dos segredos) gerindo melhor as expetativas para evitar frustrações. O segredo, basicamente, é ter o frigorífico cheio de comida pronta (para garantir que mesmo nos dias maus comemos alguma coisa de jeito), e as expetativas de fazer seja o que for para além de cuidar do nosso filho bem baixas: tudo o que se conseguir fazer "extra bebé" é um bónus. Até porque na verdade, e como li no livro da  maravilhosa Constança Cordeiro Ferreira (acho que foi o "Os bebés também querem dormir") o meu "emprego" neste momento é cuidar do meu filho, é para isso que o Estado me está a pagar. E se não houver pausas para descanso das 8h às 18h (que é quando o pai está fora de casa), há nas restantes (tenho ido três vezes por semana ao ginásio sozinha  e tem me sabido pela vida).

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #6 - Balanço do primeiro mês de maternidade

Dia 14 de outubro a nossa aventura enquanto pais de primeira viagem completou um mês. Um mês! E quais foram os principais marcos deste mês?
Os primeiros dias foram muito, muito duros. Muitas dores nas costas, na zona onde tinha levado mil tentativas falhadas de epidural (estas dores continuaram durante um mês ou mais), adaptação a uma nova rotina de acordar várias vezes durante a noite e, a mais difícil de todas, a adaptação à amamentação. Se eu pudesse dar só um conselho às futuras mães - as que pretendam amamentar, pelo menos - seria procurarem ajuda de uma profissional especializada assim que o bebé nasce e, acima de tudo, no momento da subida do leite. Acho que até tive sorte, porque "só" sofri a sério para aí uma semana, mas acho mesmo que se todas as mulheres tivessem apoio especializado nos primeiros dias que para aí 95% dos casos que correm mal poderiam ser evitados. Não que fosse deixar de existir dor por completo, mas que ela diminuiria em larga escala com as técnicas certas, não duvido nada. E fico mesmo triste de pensar nos casos de mulheres que desistem só porque não tiveram o apoio necessário para conseguir ultrapassar as maiores dificuldades.
Vou falar do meu caso em especial, e quem não tiver interesse no assunto aconselho que passe à frente (mas acho mesmo importante deixar aqui o meu testemunho. se ajudar uma única pessoa no futuro já terá valido a pena). Na mesma altura em que tive a subida do leite (e com ela umas maminhas a ficarem duras e a doer horrores, e eu a sentir-me fraca e a ficar muito quente, e sem saber como se faziam as massagens para amenizar aquilo), tinha também um mamilo em ferida, pelo que decidi fazer uma pausa naquela maminha até a coisa melhorar (ia tirando algum leite com a bomba nos entretantos). Quando cheguei ao pé da enfermeira milagrosa com quem tive a consulta da amamentação, não usava a maminha ferida há dois dias. Ela disse-me que me ia ensinar uma pega de correção e mandou-me preparar para dar aquela maminha (a que estava em ferida). Eu até tremi. "Esta?". Pois que sim, a que tinha o mamilo ferido. Qual não foi o meu espanto quando o fiz com a técnica que a enfermeira indicou e...não doeu! Quando comentei "Por acaso não está a doer" a enfermeira riu-se e disse "Não é por acaso. Não é suposto doer.". Uma verdadeira fada que cruzou o meu caminho.


Outro aspeto de que acho importante falar é o famoso baby blues. Eu sou uma pessoa bastante sensível mesmo sem estar grávida ou em fase de pós parto, mas nos dias depois de ter o meu filho a coisa ganhou proporções ligeiramente assustadoras. Começou quando, no segundo dia de vida do meu filho, ainda na maternidade, chorei quando o vi chorar porque o tinham despido para lhe dar banho.  Sim, só porque vi o meu filho chorar. 
Uns dias mais tarde, quando fomos ao hospital fazer o teste do pezinho, tinha o Gustavo 4 ou 5 dias, dei por mim lavada em lágrimas na sala de espera do hospital (mas aí o principal culpado era a amamentação. e o sofrimento físico em que me encontrava). 
O episódio mais recente de choro descontrolado que tive foi no dia em que o Gustavo fez um mês, quando fui à consulta de pós parto com a minha obstetra. A consulta era em hora de ponta, de manhã cedo, num dia em que chovia sem parar, pelo que decidi ir sozinha e deixar pai e filho em casa. Chegou à hora da minha consulta e vi entrar uma pessoa antes de mim. Depois dessa entraram mais três e passou-se mais de 1h30m. Quando vi entrar a quarta pessoa desfiz-me em lágrimas (numa sala de espera cheia de gente). Eu sabia que o meu filho estava bem acompanhado e que tinha deixado leite no frigorífico, mas dei por mim a imaginá-lo com fome e a sentir a minha falta...eu sei lá, sabia que estava a fazer uma figurinha desgraçada a meio de tantas pessoas estranhas mas não consegui mesmo evitar. Entrei no consultório lavada em lágrimas e a pedir desculpa à médica pela minha figurinha.
De resto acho que passei pelo que a maioria das pessoas passa: zero paciência para comentários alheios que não foram pedidos (principalmente quando o assunto é a alimentação da criança). Zero vontade de ter visitas em casa que não fossem pessoas mesmo muito próximas (ou melhor, que não fossem a minha mãe). Zero vontade que tocassem nas mãos do meu filho ou lhe dessem beijinhos. E uns primeiros dias de muito sofrimento que foram dando lugar a dias mais leves (ou menos pesados, vá) à medida que o meu amor e disponibilidade para com o meu pequenino aumentavam. 
Sabem aquela coisa de o nosso filho nascer e sentirmos automaticamente um amor avassalador e aquele ser o dia mais feliz das nossas vidas? Eu não sei. Não senti isso. Foi tudo super intenso e especial, sem sombra de dúvida. Mas a felicidade e o amor avassalador têm chegado gradualmente. E se o amor está sempre lá presente, a felicidade vai estando - numas alturas mais que noutras (que uma pessoa não é de ferro e tem dificuldade em estar feliz quando a criança chora. ou quando acorda a meio da noite). E está tudo bem. Faz parte. Se não da experiência de todas as mães, pelo menos da minha.
Não diria que foi o mês mais feliz da minha vida, mas foi certamente o mais desafiante, preenchido e em que mais cresci a todos os níveis (inclusive no coração, com o seu novo inquilino tão especial).

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #5 - A terceira semana, as cólicas, e o meu regresso ao ginásio


Confesso que antes de ter filhos (e na vida em geral) enervam-me os discursos fatalistas (normalmente de pessoas frustradas, ou que acham que a sua experiência de vida é verdade universal) de pessoas que se riam na minha cara quando eu falava em manter um mínimo de vida extra bebé quando tivesse filhos. Ouvi de tudo: em relação a ler livros, ver séries, viajar. "Tu esquece lá isso". Como se a vida acabasse. E eu sempre me calei enquanto pensava "Veremos". E agora posso dizer - independentemente do que venha a acontecer no futuro- que pelo menos enquanto estivemos os dois em casa de licença houve tempo para fazer a lida da casa, para ele jogar, para eu ler, e para vermos alguns episódios das nossas séries. Nem sempre sem interrupções e nem sempre na altura em que tínhamos previsto inicialmente, mas lá fomos conseguindo sim. E isso, a par do sono, faz um bem tremendo à nossa sanidade mental.
Uma coisa em que mudei depois de ser mãe, no entanto, foi o não conseguir passar muito tempo em casa sem começar a "bater mal". Eu, que era aquela pessoa que não conseguia passar um dia inteiro fechada em casa (sou demasiado "hiperativa") passei a ficar às vezes dois dias seguidos, quase sem dar por ela. Normalmente ao 3.º dia obrigávamo-nos mesmo a sair, porque também nos faz bem, mesmo quando a preguiça da logística toda associada a sair com um bebé nos quer convencer que não precisamos assim tanto.
Na terceira semana deixámos de ter um bebé que praticamente não chorava, para um que, pobrezinho, começou a ter episódios de cólicas. A parte menos má disto é apenas a de que as cólicas raramente são durante a noite. Mas, noite ou dia, parte o coração ver o nosso pequenito a sofrer sem conseguirmos fazer grande coisa para ajudá-lo.
Um marco importante da minha vida de recém mãe foi o regresso ao ginásio. Como tive parto normal, tinha autorização para retomar (gradualmente e sem loucuras) a atividade física após duas semanas. Mas como estou a amamentar em exclusivo estava a custar-me sair de casa e dar-lhe biberão com leite materno (tinha pavor que lhe piorasse as cólicas por estarmos a dar biberão). Mas lá experimentámos uma vez o biberão, ele aceitou, e nessa noite, ao 23º dia de vida do Gustavo, eu fui ao ginásio fazer a minha tão adorada aula de Pilates. E voltar a fazer a aula sem adaptações para grávida foi tão, tão bom. Cheguei a casa para um bebé que ainda dormia, sem ter sido preciso usar o biberão que tinha ficado no frigorífico.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #4 - Segunda semana de vida, primeiros passeios e o sono (dele e nosso)

No dia 23 de setembro - tinha o nosso bebé 9 dias - sentimo-nos pela primeira vez com os mínimos exigíveis de energia para sair de casa os três sem ser para ir ao médico. A ideia inicial era pôr a criança no sling. Experimentou o pai, experimentei eu...e antes de desistirmos completamente da ideia (porque não estávamos a conseguir encaixá-lo decentemente e começámos a stressar) lá pegámos no carrinho e fomos. Foi um passeio muito curto perto de casa, mas que deu para nós (pais) apanharmos sol e ver a luz do dia. O Gustavo adorou a trepidação e dormiu o tempo todo.
Nessa mesma semana demos mais um passeio nas redondezas - desta vez no sling (ieii!) e fomos à farmácia pesá-lo. Continuava a crescer dentro dos parâmetros normais. O meu sofrimento inicial estava a valer a pena.
Ainda nessa semana, na véspera de fazer duas semanas de vida, fomos fazer uma sessão de fotos profissional com a Sofia da Lovetopraphy. Ainda não vimos o resultado final mas tenho certeza que vou adorar. Seguimos as recomendações da Sofia e a sessão correu super bem, com o nosso filhote a colaborar muito (ou seja, a dormir quase todo o tempo). Para quem goste de fotografia e tenha oportunidade, recomendo mesmo muito fazerem uma sessão de fotos de recém nascido (recomendam fazer até aos 15 dias de vida, porque é quando são menos agitados e mais fáceis de "manusear" enquanto dormem).


Por essa altura o Gustavo chegava a dormir 5 horas seguidas de noite, e nós víamo-nos confrontados com o dilema de acordá-lo ou não para comer (nós tentámos alargar o intervalo gradualmente até sentirmos que ele podia dormir a noite toda se quisesse, porque ele era demasiado sôfrego a mamar quando ficava muito tempo sem comer e depois engasgava-se com frequência...mas foi quando achámos que já podíamos deixá-lo dormir à vontade que ele decidiu passar a fazer intervalos de 3h/3h30m...só para mostrar quem é que manda ;)..
Uma das maiores dificuldades de ser mãe (e pai) de um recém nascido é, sem dúvida, o sono. Mas eu faço mesmo questão de manter os "mínimos olímpicos" e para tal - pelo menos enquanto o senhor namorado também está por casa - o que tenho feito é ir muitas vezes para a cama a partir das 22h, enquanto o pai fica a adormecer o bebé na sala, ou durmo mais um sono depois da "maminha das 7h/8h da manhã", enquanto o pai leva o bebé também já para a sala. No meio disto, e porque eu desperto por completo durante a noite para dar de mamar, nessa altura não me faz sentido dividir tarefas e já que tenho que ser eu a amamentar, trato também das fraldas e de adormecê-lo, deixando o pai dormir o seu sono de beleza (é isso ou passarmos os dois o dia mal dispostos de sono, e alternando desta forma tem resultado bem). Felizmente durante a noite raramente há episódios de cólicas, pelo que eu só grito por socorro do pai mesmo se a criança der muita luta para adormecer (por ele e por mim, que acho que não lhe faz bem nenhum aturar uma mãe nervosa).

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #3 - Os primeiros dias em casa

[Aviso prévio à navegação: como podem imaginar, tendo um recém nascido em casa tenho vivido praticamente em exclusivo para ele, pelo que será muito provavelmente o meu único assunto por aqui nas próximas semanas. Para além disso, como o blogue é uma espécie de diário, faço muita questão de descrever esta jornada por aqui, para lê-la e recordá-la no futuro. 
A quem este tema não interessar, é voltar daqui a umas semanas, que o assunto bebé deixará de ter exclusividade por aqui. Para já é o que temos ;) ].



Chegámos a casa na tarde de segunda-feira, dois dias depois do nascimento do Gustavo. Ao final do dia chegou a minha mãe para passar uns dias connosco (desvantagens de ter a família a viver longe...os avós tiveram que esperar uns dias para conhecer o neto tão desejado). Durante o tempo que a (santa da) minha mãe esteve connosco, não mexemos uma palha em termos de tarefas domésticas. Cozinhou para nós, deixou-nos a casa num brinco, e ainda ficou por duas vezes com o Gu para nós sairmos. Sim, o meu filho tinha 4 dias de vida e eu consegui separar-me dele (foi só uma hora, na verdade), embora tenha sido só para ir ao supermercado mesmo ao lado de casa e estivesse sempre atenta ao telemóvel para o caso de ele ter um ataque inesperado de fome. Daí a 3 dias voltámos a sair só os dois, desta vez para ir ao centro comercial comprar umas coisas que me faziam mesmo falta. E mais uma vez deixei o meu filho bem alimentadinho e fui descansada da vida, porque a minha mãe estava com ele. Sei que nem todas as recém mães conseguem este "desprendimento" de se separar do filho - por menos tempo que seja - e eu sempre achei que se confiasse plenamente na pessoa que ficasse a cuidar dele conseguiria (na verdade, confio desta forma praticamente só no pai da criança e na minha mãe), e a verdade é que consegui sem ficar minimamente angustiada.
Mas passando à atividade dentro de casa. No mesmo dia em que saí da maternidade tive a famosa subida (ou descida) do leite e isso, aliado a uma má pega do meu filhote aqui no seu sustento resultaram nuns dias mesmo muito difíceis. Sentia-me a ficar doente, tinha muitas dores (e calores e fraqueza) e mesmo seguindo as técnicas que me tinham ensinado a coisa não foi nada nada fácil. Ateéque dois dias depois tive uma consulta de amamentação nos Lusíadas - custa 25€ e não tem acordo com nenhum seguro de saúde (tive com a enfermeira Sara Póvoa que super recomendo, apetecia-me trazê-la para casa e enchê-la de beijinhos). Para além de me ter ensinado técnicas e posições para melhorar a pega do bebé, disse-me que eu estava à beira de ter uma inflamação e mandou-me tomar brufen. A partir desse dia as coisas melhoraram um pouco, e no final da semana começaram a ficar bastante melhores.
Vou ser muito honesta (e dizer algo que provavelmente muitas sentem mas não dizem): o sofrimento físico em que me encontrava naqueles dias, aliado à privação do sono (o Gu mamava e estava a ganhar peso, mas levava eternidades no processo porque ainda não estava a pegar bem) não me permitiram desfrutar da parte boa da maternidade naqueles dias. No dia em que cheguei ao hospital para o teste do pezinho (e em que depois me apareceu aquela enfermeira santa à frente), enquanto esperava pela nossa vez, corriam-me lágrimas pelo rosto. A enfermeira, que nunca me tinha visto mais gorda, olhou para mim e comentou "Está com um ar tão cansado". Quando lhe agradeci muito no final da consulta ela agarrou-me e deu-me um abraço. Uma profissional 10 estrelas, mesmo.
Foi por volta da altura em que o Gu fez uma semana de vida que a amamentação começou a estabilizar e, com isso, as nossas noites melhoraram (passámos a conseguir dormir entre 5 a 7 horas por noite, apesar de com várias interrupções pelo meio), o meu humor também, e aí sim consegui começar a desfrutar mais do meu bebé. 

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #2 - Os dias na maternidade

Esqueci-me de terminar o último post com uma informação que sempre achei que não era muito relevante de se partilhar com o mundo, mas que toda a gente o faz, pelo que fica também aqui o registo: o Gustavo nasceu com 3,105 kg (e recuperou este peso no espaço de 5 dias só com leite materno) e 49 cm. E tudo o que era (e assim se mantém) roupa de um mês lhe ficava a nadar no corpinho (e até alguma de 0 meses).
A nossa escolha por um hospital privado em detrimento de um público deveu-se a dois principais motivos (para além de este ter acordo com o nosso subsistema de saúde, obviamente): algum receio em não conseguir vagas para consultas, e até para o parto, e podermos ficar os dois a dormir na maternidade, num quarto privado só para nós. Escolhemos os Lusíadas.
Ao início da manhã de sábado, já estávamos os três no naquele que seria o nosso quarto até ao início da tarde de segunda-feira.
Como a nossa família próxima é de longe, não recebemos visitas naquele dia. E confesso que, fora as (pouquíssimas) pessoas com que tenho um à vontade muito grande, a minha vontade de ver pessoas que não fossem profissionais de saúde era quase nula.
O dia passou-se entre muita fraqueza e alguma dor da mãe, e muitas sonecas da parte do filho (tantas que eu já estava a ficar preocupada...veio muito bem nutrido de dentro de mim, o meu filhote).
A primeira noite a três foi muito parca em sono. Lembro-me de um episódio que me marcou especialmente: tinha acabado de dar maminha ao bebé e, como não conseguia levantar-me sozinha com ele ao colo, chamei o senhor namorado para ser ele a fazê-lo. Ele costuma ter o sono muito leve, mas depois de termos passado a noite da véspera em claro - e porque, ao contrário de mim, ele não foi invadido por um exército de hormonas que me fez mandar o sono e o cansaço para parte incerta naquelas primeiras horas de vida do nosso filho - apagou por completo e não me respondia por nada. Juro que dei por mim a pensar "E se eu estou para aqui a rogar-lhe pragas e o homem teve um enfarte e está-me para ali morto e eu vou ficar sozinha no mundo com um recém nascido nos braços?". Ora o homem não respondia, opção n.º 2 era chamar ajuda: pois o comando para tal estava em cima de um móvel onde eu não chegava com a criança nos braços. Foi um momento bonito...até que o pai da criança se dignou a "renascer dos mortos" e lá ma resgatou dos braços.



No dia seguinte, quando chegou uma enfermeira para dar o primeiro banho ao nosso filho, eu percebi - de forma ligeiramente assustadora - que tinha mesmo sido invadida por um bando de hormonas pós-parto. A enfermeira despiu o Gustavo, ele começou a chorar e eu...desatei a chorar com pena do meu pobre filho (quão assustadora foi esta minha reação? racionalmente tive sempre noção disso mas...vão lá dizer isso às hormonas, vão...).
No domingo tivemos a visita da família do pai e de uma amiga querida. E sabes que é uma amiga daquelas (não que eu já não soubesse) quando ela não só traz prendas para o teu bebé, mas também traz um miminho para ti. 
No dia seguinte, segunda feira, tratámos logo de registar  Gustavo e fazer o pedido para a emissão do cartão de cidadão: é mesmo muito prático. Têm um balcão no hospital, o senhor namorado foi lá fazer o pedido e vieram ao quarto fotografar o Gustavo para o cartão de cidadão (a conservadora era tão simpática que nos tratou a mim e ao senhor namorado como se tivessemos um ligeiro atraso mental...isso ou a idade do nosso filho. adoro pessoas que estupidificam os pais de bebés). Fui vista pela minha obstetra e tive "ordem de soltura". Os pagamentos e agendamentos de consultas futuras foram, mais uma vez, feitos todos no nosso quarto, por profissionais que lá foram, e eu achei isso espetacular. 
O que não foi tão espetacular foi a pouca ajuda que tive ao longo da minha estadia na maternidade. Admito que não sou pessoa de me queixar nem de pedir grande ajuda, mas acho também que quando se é mãe (e pai) de primeira viagem, nas primeiras horas nem nós sabemos que tipo de ajuda precisamos (mas oh se precisamos, principalmente se optarmos por amamentar). Eu ia fazendo algumas perguntas mas ninguém se dignou a "perder" algum tempo comigo e ensinar pegas ou dar conselhos para a coisa correr bem. Apenas na segunda feira uma enfermeira (a primeira) espetacular (que pena que nem me lembro do nome dela) chegou ao nosso quarto e deu todas as dicas sobre mudança de fralda, banho e ainda me fez uma massagem no peito (já estava bem a precisar e lá está, não sabia disso porque...sou mãe de primeira viagem e apesar de ter estudado muita teoria, a prática muitas vezes é completamente diferente). Para além disso, de cada vez que carregávamos no comando a pedir ajuda, demoravam uma vida a chegar ao quarto. Se a criança se tivesse engasgado a sério nos meus braços, ou tivesse acontecido algo mais urgente, estávamos por nossa conta.
A única vantagem disto? Estávamos desertos por vir para casa. Se a única vantagem de estar na maternidade era ter algum apoio, assim ficava mais fácil vir embora. E assim foi: no início da tarde de segunda, dois dias depois do nascimento do nosso filhote, chegávamos a casa para começar toda uma nova vida a três.

domingo, 22 de setembro de 2019

Diário de uma mãe de primeira viagem #1 - Nasceu o meu Gustavo

Para quem não me segue no Instagram e ainda não sabia: pois é, para acabar em beleza uma gravidez que correu às mil maravilhas, o meu filhote decidiu chegar uns dias antes de completarmos 40 semanas, para poupar a sua mãe à ansiedade dos últimos dias.
Escrevi o último relato da gravidez na terça feira antes de ele nascer. A chegada às 39 semanas, na quinta-feira, veio acompanhada de um nervoso miudinho. Andava a maior parte do dia em casa entre tarefas domésticas e descanso, saía às horas de menos calor para uma caminhada leve e pouco mais. Já tinha receio de conduzir ou estar sozinha fora de casa, não fossem rebentar-me as águas.
Na sexta-feira, e porque já estava farta de estar sozinha em casa, ainda fui ao ginásio com o senhor namorado ao final do dia. Fui caminhar para a passadeira e fazer uns alongamentos. Mal sabia eu que dali a meio dia já teria o meu filho nos braços.
Chegámos  a casa do ginásio ao início da noite. Não nos apeteceu cozinhar. Comemos cereais. Pensei que mais valia adiantar-me e pintar o cabelo, não fosse a criança chegar entretanto e não convinha deixar uma tarefa dessas para fazer com um recém nascido. Assim fiz.
Eram 23h30 quando me fui deitar. O senhor namorado chegou à cama às 00h30. Dali a 15 minutos - às 00h45 - eu acordei com uma contração. Fui à casa de banho e em menos de 15 minutos senti outra. Fui sentido contrações, algumas mais fortes que outras, com intervalos curtos, bem mais curtos do que aqueles que eu imaginava que aconteceria de acordo com a teoria do curso de preparação para o parto (em que falavam em contrações espaçadas por horas de distância ao início). Cheguei a senti-las com 5 minutos de intervalo (que é quando recomendam dirigirmo-nos à maternidade).  Mandei o homem preparar a mochila dele (já o tinha avisado mil vezes para não deixar para o dia D mas guess what?, foi mesmo naquele momento que ele a fez) e 1h30m depois da primeira contração, estávamos a sair de casa. Chegámos à maternidade eram quase 3h e dirigimo-nos às urgências. As contrações continuavam pouco espaçadas e já dolorosas. Puseram-me a fazer CTG durante uma meia hora, finda a qual confirmaram que eu estava em trabalho de parto e já não ia sair dali. Ligaram à minha médica e levaram-me para a sala de partos (mais uma vez, estudei toda uma teoria de posições e duches quentes e afins para fazer durante as horas antes de ir para a sala de parto e - esquece lá isso tudo que vamos já para a sala de partos...tanto melhor).



Perguntaram-me se queria epidural, ao que eu respondi "Eu querer quero, mas tenho uma tatuagem nas costas, não sei se poderão fazê-lo" (perguntei tantas vezes a profissionais diferentes e nunca nenhum me deu certeza se poderia ou não). Chamaram as anestesistas que logo me disseram que tinham espaço de sobra para aplicar a epidural sem fazê-lo na tatuagem. Que alívio que foi ouvir aquilo. Pois mal sabia eu que o meu problema seria outro. Ao que consta eu tenho as vértebras muito encaixadinhas umas nas outras, sobrando muito pouco espaço para enfiar uma agulha. Isso aliado à minha pouca flexibilidade para me inclinar e facilitar o trabalho das senhoras (quem diria, toda uma preparação física e fui lixada por não ter flexibilidade! oh vida!) fez com que fizessem inúmeras tentativas, durante 1 hora (durante a qual as contrações não paravam e eram cada vez mais dolorosas). Ao final desse tempo disseram-me que achavam que tinham, finalmente, conseguido. Pois que três contrações depois estava tudo igual. Eu comecei a tentar mentalizar-me que ia ter que sofrer até ao fim, quando elas decidiram chamar outro colega para tentar mais uma vez (ao que parece eu fui mesmo caso de estudo. a pobre médica estava com um ar quase tão desesperado quanto eu). Confesso que por aquela altura já não acreditava que alguém fosse conseguir tirar-me as dores, mas aquele santo milagreiro conseguiu...em menos de 5 minutos. Depois de a outra me ter picado vezes sem fim durante 1 hora. Como que por milagre, as dores desapareceram por completo. Fiquei tão incrédula, a sentir-me quase no céu depois daquelas horas em sofrimento (nunca foi nada de insuportável, mas era já muito doloroso). 
Entre o processo de aplica-não aplica epidural rebentou-se-me a bolsa. A minha médica observou-me  entre epidurais e disse-me que eu estava a dilatar muito bem. Por volta das 6h tinha a dilatação completa e começou a mandar-me fazer força quando sentisse contrações. Mas...quais contrações? Com a epidural eu nem sabia quando é que estava a tê-las.
Lá fui dando o meu melhor e por volta das 7h e pouco entraram os profissionais todos na sala de parto (obstetra, anestesista, pediatra e sei lá eu mais quem) e às 7h57m de sábado, dia 14 de setembro de 2019, ouvimos o choro do nosso bebé. Do nosso bebé saudável e perfeitinho que me foi colocado no peito ainda nuzinho. Que emoção! 
Apercebi-me, quando olhei para a cabecinha dele, que tinham usado ventosa (mas dali a 1 hora ou pouco mais já não se via nada). Dali a nada levaram-no (acompanhado pelo pai) para fazer uma catrefada de avaliações e voltaram a pô-lo em cima de mim, já coberto por uma mantinha e com um gorro. Não vou mentir: o facto de a médica continuar a "chafurdar-me" e a finalizar o trabalho de parto (vou-vos poupar os pormenores) não me permitiu desfrutar a 100% daquele momento enquanto ela não acabou. Até que finalmente éramos só nós três, e aí sim... ficou tudo perfeito. O nosso coração estava preenchido, a nossa família estava completa, com o nosso Gustavo ali no meio de nós.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Diário de uma gravidez #17 - 38 semanas







































Fotografia tirada no fim-de-semana passado (só me apercebi tarde demais que a lente da câmara estava suja pelo que é este o estado - miserável - da última recordação que terei na praia com o meu filhote ainda cá dentro)

Como contei no último post, a chegada às 37 semanas veio acompanhada de alguma ansiedade. Ansiedade essa que, estranhamente ou não, tem diminuido entretanto (não sei se por não ter voltado a sentir contrações com dor desde aqueles dois episódios isolados).
Se, por um lado, nesta fase todos os planos são feitos a curto prazo e sempre sob a condição de o Gustavo nos deixar, por outro parece que ainda não caí verdadeiramente em mim que qualquer dia pode mesmo ser o último dia em que não vamos ter o nosso filho cá fora connosco e que depois disso...a nossa vida nunca mais será a mesma.
Tive consulta ontem e, contrariamente ao que esperava ouvir, a médica disse-me que pela posição do bebé e pelo estado do meu útero, duvida que ele aguente cá dentro até às 40 semanas. Ora, daqui a dois dias completamos 39 semanas e eu sempre disse que se pudesse escolher seria precisamente por esta altura que o meu filhote viria cá para fora. Quem sabe ele não decide mesmo fazer-me a vontade? [Que miúfa, senhores!]
A nível físico, e apesar dos desconfortos inevitáveis desta fase, continuo a sentir-me muito (e cada vez mais) grata. Tenho à volta de 9kg a mais do que tinha quando engravidei (se a coisa não descambar entretanto, terei cumprido o intervalo de 9 a 12kg de que tinha falado a médica), continuo sem inchar (era dos meus maiores receios) e ainda vou conseguindo manter-me ativa (faço algumas caminhadas, alongamentos, e alguns exercícios muito leves e adaptados à minha condição) apesar de precisar de descansar mais (e fugir a sete pés do calor. esse sim, arrasa-me por completo). Custa-me um pouco virar-me na cama mas diria que tenho dormido em média umas 7 a 8 horas por dia, o que nesta altura do campeonato, é maravilhoso. 
A dois dias de completar as 39 semanas de gravidez, quem sabe se este terá sido o último capítulo deste diário cá pelo blogue? Cheira-me que ainda cá volto para um último relato (lá está, continuo sem ter efetivamente caído em mim) mas se  for mesmo o último, cá voltarei para vos dar novidades e dar início a um novo diário por aqui.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Diário de uma gravidez #16 - 37 semanas


37 semanas: aquele marco temporal que dita o momento a partir do qual o nosso bebé já pode nascer "à vontade" porque, à partida, já está completamente formado e é considerado bebé de termo.
Ao longo da gravidez convenci-me que este meu filho me vai fazer esperar até depois das 40 semanas para vir cá para fora. E a minha médica corroborou que uma gravidez como a minha, sendo a primeira, tem tudo para chegar efetivamente às 40 semanas (ou lá muito perto). 
Mas tenho que confessar que desde o dia em que atingi as 37 semanas (5a feira passada) a tranquilidade do "ainda falta" deu lugar a uma ligeira ansiedade de pensar que pode ser a qualquer momento.
Fiz o meu primeiro CTG na 4a feira passada (para quem não sabe é um procedimento que se faz a partir das últimas semanas de gravidez - ou mais cedo, nas gravidezes com complicações - que visa avaliar o bem estar fetal e as contrações). Na altura, a enfermeira disse-me que o mais normal era eu ainda não ter sentido contrações até ali. Pois que na noite de 5a para 6a (acho que) senti a primeira. Acordei a meio da noite com uma dor muito semelhante às dores menstruais (a um nível de 3 numa escala de 0 a 10), mas apenas no lado esquerdo, e que durou uns minutos. Achei que as contrações teriam uma localização e duração diferente, fiquei ligeiramente assustada sem saber bem se deveria fazer alguma coisa, mas a dor lá passou e eu voltei a adormecer. Duas noites depois voltei a sentir uma dorzita do género. 
E apesar de saber que há quem comece a ter estes sinais muito antes (semanas) de chegar o momento do parto, deu-se ali um clique de que pode mesmo acontecer a qualquer momento. E com o clique veio o medo, o nervoso miudinho.
Neste momento vivo uma bipolaridade em que num minuto estou a comentar que este filho não pára quieto (soluços principalmente, é uma festarola) ou me deixa a barriga com os formatos mais estranhos e desconfortáveis, e no seguinte estou a pensar se estará tudo bem porque ele não se mexeu nos últimos minutos. Num minuto estou a tentar levantar-me do sofá ou da cama mais desajeitada que um elefante e a dizer mal da minha vida, no seguinte estou a pensar em como é bom ter o meu filho aqui dentro de mim, protegido do mundo. Num minuto estou a olhar para o guarda roupa e a queixar-me que já não aguento mais vestir sempre a mesma roupa, no outro fico nostálgica de pensar que ainda vou ter saudades desta barriga.
Temos data prevista para o parto no dia 19 de setembro, mas se eu pudesse escolher o meu Gustavo chegaria na semana anterior para poupar a sua mãe à ansiedade dos últimos dias (ou até de uma indução). A ver vamos se a vontade dele coincide com a minha...

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Diário de uma gravidez #15 - 35 semanas





































































Fotos tiradas no fim-de-semana passado.

Eu não queria que este blogue se transformasse exclusivamente num diário de gravidez, mas a verdade é que nesta fase pouco se passa na minha vida que não esteja relacionado com isso, pelo que é gravidez ou o blogue às moscas. Para além do que sei que vou gostar muito de ler estas memórias daqui a uns tempos portanto cá vamos nós para mais um relato.
Estamos com 35 semanas (quase 36), o que significa que o mais tardar daqui a um mês devo ter o meu filho cá fora. E não vos vou mentir: a vontade de conhecê-lo é tanta quanto o friozinho na barriga de receio de tudo o que chegará à minha vida junto com ele... a responsabilidade de ter um ser vivo que depende de mim (e do pai) para tudo, a privação de sono, a amamentação e os choros inconsoláveis são assim os aspetos que estão no top daquilo que mais temo (e não é que cheguei ao fim desta lista sem pensar no parto?). Mas tudo se fará, da melhor forma que conseguirmos.
Quanto mais o tempo passa, mais grata me sinto pela forma como esta gravidez tem corrido. Trabalhei até hoje (tenho consulta esta semana e é provável que isso mude nos próximos dias), continuo a treinar (cada vez com mais limitações e menos intensidade, como é óbvio), as noites de sono menos boas até agora foram muito poucas (e só me levanto uma vez por noite para ir à casa de banho), e continuamos sem relatos de azia, enjoos ou dores consideráveis (como leio em tantos relatos nos grupos de mães), incluindo contrações (só tive mesmo das sem dor). Tive dois episódios ao longo da gravidez (um às 8 semanas, outro há coisa de um mês) que nos levaram às urgências mas que se revelaram meros sustos sem consequências. Continuo sem inchar, estou com mais 9 kg (o que está dentro daquilo que me foi recomendado pela obstetra) e o verão continua ameno na maior parte dos dias. O que é que esta grávida pode pedir mais? Nada, só posso mesmo estar muito grata. E estou.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Diário de uma gravidez #14 - Uma tranquilidade inesperada




































Barriga de 33 semanas.

Eu, que costumava ser a ansiedade em forma de gente, tenho estado estranhamente calma desde que engravidei.
Lembro-me bem de, a meio de dezembro, ter sentido uma necessidade grande de começar a meditar porque de repente dei por mim a ter crises de ansiedade (que basicamente se traduziam em pulsação acelerada sem motivação concreta aparente). Mas desde que soube que estava grávida, um mês depois de ter começado a meditar, não voltei a fazê-lo. Bem sei que não me faria mal nenhum continuar, mas a verdade é que deixei de sentir necessidade e, com isso, a preguiça instalou-se. 
Outro grande sinal de ansiedade que desapareceu durante a gravidez foi ranger os dentes durante o sono. Estava a usar uma goteira há uns bons meses - depois de o homem ter se queixado que a coisa estava a tornar-se insuportável - até que ele num belo dia ele me disse que eu podia deixar de usá-la porque nunca mais se tinha apercebido de eu ranger os dentes. E assim continuo: sem goteira e sem ranger os dentes.
É verdade que quando me ponho a refletir no facto de faltar pouco mais de um mês (ou menos, dependendo da vontade da criança) para ter o meu filho cá fora sinto um friozinho na barriga, mas não é menos verdade que estou a viver toda a gravidez de uma forma cem vezes mais tranquila do que alguma vez achei que aconteceria. E, apesar de nem saber bem como é que estou assim tão tranquila, sinto-me orgulhosa por isso. E super satisfeita de pensar que, se for verdade que os bebés "absorvem" muito daquilo que nós somos e sentimos durante a gravidez, então este meu filho está bem encaminhado para ser um bebé tranquilo e feliz.

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Férias por Nápoles, Costa Amalfitana e Apúlia - Parte #7 e última (Nápoles)

No oitavo dia de viagem voltámos a Nápoles. Entregámos o carro que tínhamos alugado e ficámos alojados numa espécie de aparthotel bastante central (e com um anfitrião super querido e prestável) que eu recomendo muito (sem pequeno almoço e o parque de estacionamento paga-se bem, qualquer coisa como 25€ ao dia): chama-se Sant'Alfonso Bed & Breakfast Napoli.
Nápoles é uma cidade grande com muito para ver. Um dia (que foi o tempo que tivemos) não é suficiente. Como tínhamos pouco tempo, acabámos por passear maioritariamente pelas ruas, deixando alguns monumentos (igrejas, nomeadamente) por ver.
Nápoles tem uma zona velha, mais caótica (e que corresponde à imagem que a maioria das pessoas tem da cidade, mesmo não a conhecendo) e uma zona nova muito mais cuidada, à beira mar. A zona antiga acaba por ser bem mais autêntica e interessante - pelo menos foi o que eu achei. 
Não é uma cidade onde me imaginaria a viver, mas gostei imenso de conhecer. E contrariamente ao que receava, não senti insegurança nenhuma.





A bela da pasta com molho ragú.


























As fotos acima são da parte antiga da cidade. As abaixo são da parte nova.




























Duvido que haja alguma cidade italiana onde se coma mal, mas as pizzas de Nápoles têm fama de ser das melhores do país. Fomos a uma pizzaria recomendada pelo nosso anfitrião do hotel (disse-nos que eram as preferidas dele em toda a Itália), chamada 50 Kalò. Para quem está habituado a pizzas com muitos ingredientes pode sentir falta de um menu mais diversificado (para além do queijo e do molho de tomate, na loucura, há fiambre), mas o queijo e o molho de tomate são realmente muito bons. E o pão. Enfim, era tudo bom.





E dou por terminado o relato da viagem. Foi muito boa (a única desvantagem foi só mesmo o calor. depois de ter ido três vezes a Itália em junho começo a achar que da próxima talvez deva antecipar a viagem para a primavera) e não nos arrependemos de nenhum dos destinos que decidimos incluir no nosso roteiro. 
[Se tiverem alguma dúvida em particular sobre a viagem que queiram ver esclarecida, estejam à vontade para perguntar.]

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Fim-de-semana (em modo Diário de uma gravidez #13)

O facto de andarmos a passar vários fins-de-semana fora de Lisboa, aliado à minha gravidez já avançada, têm feito com que quando ficamos por cá os passeios sejam escassos (e dêem lugar ao descanso e a tratar de mil coisas para preparar a chegada do nosso filhote).
Este fim-de-semana montámos o berço no quartinho dele, pendurámos uns quadros (falo no plural mas na verdade quem fez tudo isto foi o homem) e, finalmente, pus a roupa da criança a lavar. Continuam mil coisas por tratar, mas diria que pelo menos o essencial já temos (atendendo a que já contamos com 32 semanas, não posso propriamente vangloriar-me do feito).
Ontem, e porque não tinha ido ao ginásio no fim-de-semana, "obriguei-me" a uma pequena caminhada perto de casa. O facto de ter escolhido um lugar cheio de subidas não foi propriamente ideia de génio (é impressionante a dificuldade que as subidas ganharam nas últimas semanas) mas adiante.




































Eu até tirei umas fotos de lado, mas este macacão favorece (e muito) o meu aspeto atual de pequeno cachalote pelo que o meu ego só me permitiu partilhá-las com as únicas pessoas do mundo que até em versão cachalote me acham linda e esplendorosa, e que estão sempre a pedir fotos "do neto" (os meus pais).
Depois do passeio fizemos algo que eu não fazia há sensivelmente um século: fomos ao cinema ver O Rei Leão. E o que é que eu tenho a dizer da experiência? Que saí da sala de cinema mais deprimida que eu sei lá! Já não me lembrava de quão deprimente a história é (também posso sempre pôr parte da culpa nas hormonas)...soubessem vocês o esforço que eu fiz para não desatar num pranto (sem sucesso, diga-se de passagem, mas fui o mais discreta que consegui). Dramas à parte, e apesar de já conhecer a história (se bem que apesar de ter visto o filme umas 50 vezes não me lembrava de algumas partes...afinal de contas já se passaram 25 anos - e é aqui que uma pessoa sente bastante idosa) prendeu do início ao fim, e ouvir a banda sonora do filme (mesmo que pela 200ª vez na vida) foi maravilhoso, para não variar.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Diário de uma gravidez #12 - Grávida ET e uma sessão de fotos amadora pela ilha

Não raras vezes sinto-me uma ET nos grupos de mães dos quais faço parte no Facebook (e até fora do mundo virtual em geral). 
Antes de mais, porque não vivo - nem quero começar a viver - exclusivamente em função da gravidez e do meu bebé. Tenho pavor da ideia de me tornar numa daquelas mães que não tem outro tema de conversa (ou de interesse) que não seja os filhos (não estou a criticar quem o faz - apesar de muitas vezes ser uma seca do pior ter que levar com relatos cheios de pormenores sem o mínimo interesse -, mas, pelo menos enquanto estou dotada da minha racionalidade, não quero isso para mim).
Outro tema em que me sinto um bocado ET é nas sessões de fotos de gravidez (e, na verdade, em quase todo o tipo de recordação mais cliché da gravidez). Não acho piadinha nenhuma às barrigas de gesso, não fiz e não devo fazer ecografias 3D (não que não gostasse de fazer, mas uma pessoa já gasta tanto dinheiro nesta fase que me custa estar a dar mais umas centenas de euros só para matar a curiosidade - e na verdade, não acho que se veja assim tantos pormenores) e não acho a mínima piada àquelas sessões de fotos de grávida em modo semi despida com lingerie à mostra e vestidos cheios de rendas com lacinhos e afins. 
Atenção que não estou a criticar ninguém, estamos aqui a falar meramente de gostos - no caso, os meus - que são a coisa mais subjetiva à face da Terra.
Mas, não sendo fã de sessões de fotos "tradicionais", sou fã (e muito) de fotografia, e acho que há recordações neste registo que são super giras de se fazer. 
Tendo uma viagem marcada para a Madeira quando eu estaria de 30 semanas, decidi que seria uma boa oportunidade para levar a nossa máquina fotográfica e cravar uma espécie de sessão de fotos de gravidez à sodôna minha mãe. E assim fizemos. Inspirei-me no Pinterest e andámos a passear por vários recantos da ilha e tirámos umas fotos muito giras (dentro do que o homem estava disposto a fazer, que se eu não sou adepta de pirosada ele então nem vos passa pela cabeça). Não estava um sol esplendoroso na maior parte dos lugares onde parámos, mas mesmo assim fiquei satisfeita com o resultado.
Deixo-vos aqui um cheirinho das fotos que tirámos (sendo que as mais bonitas não dá para mostrar porque têm as nossas caras de frente e eu não tenho à vontade para fazer isso por aqui, como bem saberão).

























Os sapatinhos que o avô materno escolheu sozinho numa viagem ao Brasil e trouxe de presente para o primeiro neto. A criança até pode nunca vir a usá-los, mas já tiveram protagonismo suficiente para compensar o investimento do avô :p).



segunda-feira, 22 de julho de 2019

Mini férias de Verão

Para quem não sabe sou madeirense e há duas alturas no ano em que nunca falho (ou devo dizer falhava, tendo em conta as mudanças que se avizinham?) um regresso às origens: o verão e o natal.
Este verão não foi exceção e lá aproveitei para, enquanto ainda posso, apanhar o avião e ir passar uns dias à ilha. E, para não variar, foi tão bom. Matar saudades da família mais próxima, dar oportunidade aos meus avós queridos de verem a netinha de barrigona, nadar naquele mar maravilhoso, matar saudades das comidinhas da mãe (e das queijadas madeirenses), passear...não podia ter sido melhor.
Tenho nova viagem marcada para dezembro, que será supostamente a primeira viagem de avião do meu bebé, e a minha enquanto mãe (medo!). Despedir-me de tudo aquilo pensando no quão diferente será tudo na próxima vez que eu lá for foi estranho, confesso.
Mas bom, deixemos as reflexões de parte e passemos à parte mais gira, a das fotos.





E agora que venham as últimas semanas (dias?) de trabalho antes de começar o maior desafio da minha vida.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Férias por Nápoles, Costa Amalfitana e Apúlia - Parte #6 (Alberobello)

Descobri a existência de Alberobello numa das várias contas de Instagram que sigo com fotos de Itália. Desde a primeira vez que pus os olhinhos numa foto deste lugar que tinha imensa curiosidade em visitá-lo. Quando marcámos a viagem, lembrei-me de ir ao mapa ver se seria viável incluir esta paragem no nosso roteiro, e quando tive a aprovação do homem (é sempre o condutor de serviço portanto convém que aprove) fiquei radiante.
Ficámos alojados num trulli (é o nome das casinhas naquele formato) amoroso (o da foto abaixo). Aqui fica o link do alojamento se alguém quiser espreitar.














Segundo reza a lenda, os trullis eram usados com o objetivo de os seus proprietários fugirem aos impostos: quando os cobradores se aproximavam, os tetos eram desmontados e os edifícios confundidos com poços ou construções abandonadas, sendo posteriormente o teto reconstruído.
Adorei Alberobello, não desiludiu nada apesar das expetativas elevadas e recomendo muito a visita (e não é grande, vê-se em meio dia).