quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A nossa aventura pelo Nepal - parte 3 (Pokhara e trekking nos Himalaias)

E eis que chegámos à minha parte favorita da viagem: o ponto de partida do nosso trekking (caminhada) nos Himalaias. Mas não sem uma viagem memorável (de tão má) para lá chegar.
Na manhã do 5º dia da nossa estadia no Nepal, apanhámos um autocarro em Chitwan para ir até Pokhara. A distância entre as duas cidades não chega a 100km. A viagem durou 6h15m. Não me enganei: foram seis horas. Tínhamos sido avisados que duraria à volta de 5 horas (e uma pessoa já se perguntava "Mas como, se são 90 e tal km?"...oh santa ingenuidade!).
Ora e como é que se consegue a proeza de demorar seis horas para fazer 90km? Eu explico. As estradas por todo o Nepal estão em péssimo estado (estão a arranjar a canalização toda, tanto quanto percebi também devido ao terramoto de 2015) e basicamente temos uns centímetros de estrada boa a meio, rodeados de estrada de terra batida à volta (que é onde temos que andar sempre que temos carros a circular na faixa oposta). Depois, não fosse a viagem já longa o suficiente, há uma paragem de 45 minutos num lugar ranhoso para almoçar. Mais: desde que entrámos no autocarro e até sairmos da cidade, ele parou umas 10 vezes para recolher pessoas (?), outra para comprar água para dar às pessoas (??), outra para ir à oficina buscar um pneu (?!) e outra ainda para o cobrador de bilhetes ir comprar bolachas - estávamos na estrada há uns 20 minutos (???). Não é de uma pessoa ficar maluca?
Chegámos a Pokhara já passava da hora de almoço. É uma cidade pequena com pouco para ver, mas é amorosa, com um lago rodeado de montanhas. Nesse dia demos uma volta e aproveitámos para fazer algumas compras para a caminhada. No dia em que regressámos da caminhada fizemos um passeio de barco pelo lago.
A primeira foto abaixo é da vista do hotel onde ficámos em Pokhara.



E na manhã do 6º dia, às 9h, tínhamos o nosso guia à nossa espera no hotel para nos levar rumo à nossa aventura pela montanha (contratámos o pacote inteiro pela internet, ainda em Portugal, a uma agência nepalesa. Não terá sido a opção mais barata mas não tivemos que nos preocupar com nada relacionado com aqueles 4 dias - alojamento, refeições, autorizações para entrar nas zonas protegidas, etc). Ponho-me a pensar naqueles dias e - acreditem - sinto o meu coração a bater mais rápido, tamanho é o entusiasmo que as lembranças me trazem. Teve quase tanto de duro como de maravilhoso mas foi, sem dúvida, das melhores experiências da minha vida.
Começámos por fazer uma viagem de duas horas de carro (mais uma vez, para uma distância curta) até ao ponto de partida do trekking, em Nayapul. 
Andámos uma hora em terreno plano e parámos para almoçar num dos vários restaurantes que existem pelo caminho.




Depois do almoço a coisa complicou: esperavam-nos mais de 3200 degraus até Ulleri, onde iríamos passar a primeira noite. Estava sol e calor, e com uma mochila às costas (que depois de algum tempo começa a pesar) subir tanto degrau não foi tarefa nada fácil. Ainda para mais com um guia que parecia o Rambo e que estava sempre pronto a acelerar (e uma pessoa lá tinha que demonstrar fraqueza de vez em quando e pôr um travão ao moço).
Cá estão os primeiros de muiiiitos degraus:


Passámos por algumas pontes suspensas durante a caminhada.


E a meio da tarde chegámos à aldeia de Ulleri. É impressionante como conseguem construir estas aldeias a meio do nada, com várias estalagens com todas as condições (quartos com casa de banho privativa, restaurante) sem acesso por estrada. São pessoas e burros que transportam tudo o que chega a estas aldeias.
Esta era a vista do alojamento onde ficámos na primeira noite:

Na manhã do segundo dia, retomámos caminho.
As casinhas que se vê nas fotos abaixo são a aldeia onde dormimos na primeira noite.



























E ao início da tarde chegámos à aldeia onde passámos a segunda noite: Ghorepani (imagens abaixo), a 2874m de altitude. O imenso calor que sentimos na véspera deu lugar ao frio.


Na madrugada do dia seguinte, esperáva-nos o ponto alto do trekking.



(continua)

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Fim-de-semana

Depois de vários fins-de-semana passados fora de Lisboa em passeio, a chegada do frio (e o ventinho nada simpático) foram a desculpa perfeita para um fim-de-semana muito caseiro a fazer adivinhem lá o quê? Pois é, mais arrumações! 
Desta vez deitei fora babetes de criança que não eram usados sensivelmente há 20 anos, faturas de 1993 (em escudos...uma relíquia!), entre muitas outras tralhas. Pela primeira vez desde que me lembro, há gavetas vazias naquela casa...e eu não tenho nada para pôr lá dentro! [Bem, vamos respirar fundo e ignorar por momentos que toda a tralha de quando vivíamos os dois noutra casa continua pela garagem. Lá chegaremos, quando finalizarmos a tarefa de esvaziar a casa. Uma coisa de cada vez).
O único momento de lazer fora de casa foi dedicado ao The Fork Fest (o antigo Restaurant week, sendo que agora não há um menu especial para o evento, mas todos os pratos da carta têm 50% de desconto), no restaurante Zazah.
Eu tinha lido uma crítica maravilhosa sobre o restaurante, pelo que quando vi que ele constava da lista do The Fork Fest e não sendo muito barato, decidi aproveitar e marcar.
Se há coisa que eu gosto de fazer - e que faço com alguma frequência - é experimentar restaurantes. Escolho-os sempre com base em avaliações altas e em críticas de pessoas cuja opinião tenho em especial conta mas a verdade é que ultimamente pouco ou nada me deixa deslumbrada. Ou sou eu que estou a pôr a fasquia demasiado alta ou...bem, não sei. A verdade é que o restaurante tem 8,9 de avaliação, mas não nos deslumbrou.
Os pratos estão feitos para ser partilhados. Nós pedimos cogumelos na ciabata (saborosos), cone de sapateira (tudo bem que eu sou pessoa habituada a comer com pouco sal, mas achámos super salgados!) e de prato principal fiz a vontade ao senhor namorado e partilhámos uma fraldinha grelhada (bife da vazia) que, não sendo o género de pratos que mais me entusiasma, estava bom. O ponto alto da refeição foi mesmo a sobremesa: três cones de brigadeiro de chocolate preto, chocolate branco e flor de sal, que estavam ótimos.




sexta-feira, 26 de outubro de 2018

A nossa aventura pelo Nepal - parte 2 (safari em Chitwan)

Depois de termos passado o primeiro dia completo no Nepal na zona de Kathmandu, no dia 2 de manhã apanhámos um avião rumo a Sauhara para fazer um safari no Parque de Chitwan. 
A distância entre as duas cidades é de aproximadamente 155km, mas as descrições que lemos sobre o trânsito no Nepal (e o estado das estradas), e em particular de e para Kathmandu - com viagens de autocarro a demorar 8 horas (sim, para fazer 155km) - fez-nos optar pelo avião (a viagem não chega a 30 minutos). Pagámos à volta de 100€ por cada uma das viagens de avião (e depois de experimentar as estradas nepalesas, digo que valeu cada cêntimo). O aeroporto de Sauhara é tão moderno quanto o que podem ver nas duas imagens abaixo.

Aquela espécie de "tenda" é a zona de recolha da bagagem.

Do aeroporto de Sauhara a Chitwan são uns 20km, numa viagem que dura à volta de 30 minutos. Ficámos hospedados no Jungle Wildlife Camp, um dos muitos hotéis com vista para o rio e para a selva. Cá está a vista que tínhamos (não dá para ver bem, mas ao fundo estavam elefantes a tomar banho).


























Chegámos a Chitwan sem nada marcado e apercebemo-nos que a maioria das pessoas compram um pacote que inclui alojamento e atividades (mas não nos apetecia fazer todas as atividades, pelo que preferimos marcar só o hotel). Contactei o senhor que nos tinha organizado o passeio da véspera e ele pôs-me em contacto com um amigo da zona que nos fez um pacote de um dia apenas com aquilo que queríamos: passeio de barco no rio e caminhada na selva (de manhã) e safari de jeep de tarde (durou perto de 4 horas). 
Dispensámos o safari em cima de elefantes porque sabemos que os bichos são sujeitos a maus-tratos na preparação para isso (levaram-nos ao "Elephant breeding center" onde são treinados para isso - coisa que eu também tinha dispensado - e só ver os animais presos com pouco espaço para se mexerem já me fez confusão).
Estas são as canoas onde fizemos o passeio no rio. Não inspiram muita confiança (são bastante estreitas e baixas - que é tudo o que nos apetece quando vamos ver crocodilos ;)).

























Cá estão as pessoas a fazer o tal safari em cima de elefantes:


























E cá está um dos vários crocodilos que vimos: 

Também vimos pássaros lindíssimos (mas claro que a emoção não se compara à de ver um crocodilo ou um rinoceronte).


























E era chegado o momento do nosso passeio a pé na selva. O nosso guia virou-se para nós, muito sério, e disse: se virmos rinocerontes e não nos conseguirmos esconder temos que trepar à árvore mais próxima e ficar a um mínimo de 3 metros do chão (what?? devia ter ido para o cross fit). Se aparecerem ursos fazemos um círculo (éramos 3 pessoas...) e fazemos sons altos, para assustá-los. Gelatina Maria pondera dizer que afinal não lhe apetece brincar e quer ir para casa mas lá finge que é valente e faz o passeio todo a rezar para não ver mais do que formigas e lagartos. E assim foi.
























Vesti-me de cores neutras como tinham aconselhado (por causa de não chamar atenção aos animais) e quando cheguei à selva apercebi-me que a minha mochila era...vermelha. Mais discreto impossível.
Depois do passeio fomos ao tal centro de treino dos elefantes, onde me senti muito desconfortável. Não sou a maior apaixonada por animais (tenho medo até de chiwawas) mas o sofrimento animal só para puro prazer humano incomoda-me profundamente. E ler sobre o rigor dos treinos a que são sujeitos para fazer os safaris, e vê-los ali acorrentados com pouco espaço de movimento não foi muito agradável.





No jeep safari, na parte da tarde, conseguimos ver (ao longe e bem escondidinhos) dois rinocerontes (têm que fazer algum esforço para encontrá-los na foto).


























E vimos uma quantidade imensa de veados.


O resto do tempo que passámos em Chitwan foi alternado entre a cama (antes fosse a fazer o que vos ocorreu, mas foi mesmo a definhar) e alguns passeios pelas redondezas.

Mais crocodilos.


























E um pôr do sol bem mais bonito do que aquilo que a fotografia mostra.

Ficámos dois dias e meio em Chitwan, mas - a não ser que queiram passar dias na selva à espera da sorte de ver todo o tipo de animal e mais algum, mesmo os mais raros (tipo tigres) - acho que um dia completo chega na perfeição. 
A parte má de Chitwan? Retirando quando estamos mesmo dentro da selva, em que a vegetação ajuda bastante, o calor era surreal. O real feel era de 40 e muitos graus, e provavelmente por esse motivo no dia em que chegámos adoeci. Não sei bem o que tive, mas foi uma espécie de gripe em que me doía o corpo todo, assoava-me a toda a hora, e não tinha energia para nada. Durou à volta de 3 dias e foi duro. Mas lá me entupi de brufens e afins e consegui desfrutar.
Tivemos um episódio "extra" safari muito engraçado: estávamos a jantar num restaurante na cidade e ouvimos alguém a gritar. O empregado do restaurante saíu disparado a correr porta fora. Nós éramos os únicos clientes e ficámos curiosos para ver o que se passava. Fomos à rua e estava um rinoceronte a desfilar pela estrada, muito compenetrado na sua rota, ignorando tudo e todos. Ainda consegui tirar uma foto (de péssima qualidade) ao senhor namorado com o rinoceronte por trás. E pela reação das pessoas percebemos que aquele tipo de episódio não acontece todos os dias.






















(Eu disse que a foto estava péssima. O raio do bicho decidiu que não lhe apetecia pousar para a foto e não parou nem um segundo)
Apesar de só termos visto crocodilos e (pouquinhos) rinocerontes a nível de animais mais exóticos, a visita a Chitwan foi uma experiência muito interessante.

Parte 1 da viagem aqui.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Deste vício que é destralhar




Neste momento partilho um apartamento T3 com o senhor meu namorado, que pertence aos meus pais desde que eu nasci, onde durante toda a minha infância passámos sempre algumas semanas nas férias, e que, desde 2004 (ano em que entrei na faculdade) tem tido sempre alguém a lá morar. 
Resultado: é um apartamento pejadinho de tralha, muita dela já do século passado. Ou antes: era pejadinho dela, porque eu ando a tratar do assunto com muito afinco. Só que é uma assunto que, dada a sua dimensão e o facto de eu ter que trabalhar e pretender ter uma vida para além de arrumações, é coisa para ainda durar uns bons meses. E isto inclui não só a tralha antiga como coisas (nomeadamente roupa) mais recentes e que ou não uso, ou não gosto por aí além, mas que por motivos vários vão permanecendo erradamente a ocupar espaço precioso lá em casa.
Se eu já andava empenhada nisto, o livro "Arrume a sua casa, arrume a sua vida" que andei a ler deixou-me quase obcecada com a ideia de atingir o objetivo final de ter uma casa espaçosa e apenas e só com bens úteis e/ou dos quais eu gosto meeesmo. Nada de lembranças que não têm utilidade nenhuma mas uma pessoa guarda porque não tem coragem de mandar fora (perdoem-me os mais sensíveis, mas as memórias não se apagam por se mandar fora coisas), nada de roupa que não é usada há anos que uma pessoa não se desfaz porque foi cara, nada de tralha que "pode eventualmente dar jeito um dia, nem que seja algures em 2030", nada de roupa que "pode voltar a servir, ou estar na moda, ou gostarmos outra vez". Nada de apontamentos daquele curso de espanhol que fizemos em 2012 e que podemos ter vontade de voltar a pegar. Nada de caixas de eletrodomésticos e afins que uma pessoa comprou há décadas e nem se lembra que tem guardadas. Nada de papéis de garantias de produtos com 10 anos. Nada de apontamentos da faculdade que nunca mais vou pegar na vida (já foi tudo à vida). Nada. Se vier a fazer falta algures no futuro, compra-se ou arranja-se uma alternativa. Sem dramas. Antes deitar fora erradamente uma coisa do que guardar 100 inúteis.
Para quem, como eu, guardava tudo e mais um par de botas (muito cortesia de uma educação baseada em poupar, a qual eu prezo muito, mas que pretendo usar apenas para aquilo que eu gostar e/ou me for útil) e que associa momentos e pessoas às roupas (ai que não uso estas botas há três anos mas foram comigo àquela viagem tão especial, percorreram aquelas estradas que me fizeram tão feliz) nem sempre é uma tarefa fácil. Mas quando se começa a ganhar o ritmo, garanto-vos que se torna viciante e muito, mas mesmo muito libertador. Cada vez que consigo esvaziar uma gaveta ou convencer-me a mim própria de que aquela coisa que não me fez falta nos últimos 2 anos (mesmo que tenha custado uma fortuna) não fará mais no futuro, é uma felicidade só. E há-de estar para breve (2019, pelo menos) o dia em que vou ter a minha casa só com coisas que me fazem feliz ou que são verdadeiramente úteis. Mi aguardem.  

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Fim-de-semana de Marias em São Miguel

Apesar de uma de nós três viver por terras açorianas já há quase sete anos, fazemos questão de não deixar morrer a amizade. E acabamos por conseguir estar juntas nos momentos mais importantes da vida umas das outras. Desta vez não foi exceção: a nossa Maria açoriana está a viver uma fase muito especial e lá foram as duas Marias "lisboetas" rumo a São Miguel para um fim-de-semana juntas.
O S. Pedro foi pouco cooperante, mas quando estamos juntas isso pouco interessa. Fazemos a festa com ou sem chuva. E assim foi.


Miradouro de Nossa Senhora da Paz (em Vila Franca do Campo).






































E lambonas como somos, fartámo-nos de comer. No sábado ao almoço fomos à "Tasca" e comemos super bem (entre polvo panado com compota de cebola, folhado de maçã e queijo, carpaccio de atum e tarte de feijão branco, estava tudo uma maravilha).
E ao jantar tivemos aquela que foi a melhor experiência gastronómica que tive (diria que) nos últimos anos. A Maria açoriana falou-nos maravilhas da "Tasquinha Vieira". Eu fui ao Tripadvisor e a avaliação do restaurante é de 5 (em 5!), entre 239 comentários. Não é o restaurante mais barato do mundo (o menu é muito reduzido e os pratos custam à volta de 18€) mas vale cada cêntimo. Comi o melhor espadarte da minha vida, com arroz cremoso de tomate. Provei a carne de vaca que também estava divinal. A sobremesa de chocolate, não sendo soberba ao nível do prato principal, era também muito boa. Foi assim uma experiência gastronómica dos deuses, que eu recomendo muitíssimo a quem tenha oportunidade.



Oh fim-de-semana maravilhoso!

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

A nossa aventura pelo Nepal - parte 1 (Changu e Bhaktapur)

O mês de outubro é o melhor mês do ano para visitar o Nepal em termos de passeios na montanha porque é quando já passou a época de chuvas mas ainda não está muito frio (para ver animais na selva a primavera é melhor porque nesta época pós monções a vegetação está muito alta pelo que podemos ter animais a metros de nós e não conseguir vê-los).
Comprámos as viagens de avião em meados de julho, e fomos pela Emirates. Tinha grandes expetativas em relação a viajar nesta companhia mas honestamente não achei melhor que a Iberia, com a qual fomos ao Nepal (até gostei mais do entretenimento da Iberia, na verdade), nem mais espaçosa que um avião "comum" (estou a falar da classe económica, pois claro). Viajámos até ao Dubai (um voo de aproximadamente 8 horas) e depois de quatro horas no aeroporto fizemos mais 5 horas de voo (num avião com zero entretenimento) até Kathmandu.
Contratámos um taxi no aeroporto (a metade do preço que o hotel nos oferecia o mesmo serviço) e lá chegámos ao nosso hotel The Doors.
Pelas fotos parecia um hotel simpático e aceitável, e para os padrões nepaleses não era mau (e a localização era muito boa). Foi quando entrei na casa de banho que tive o primeiro choque de realidade: olhei para a sanita e a água estava amarela. Pensei "Que nojo, não puxaram a água!". Pois que carreguei no autoclismo e...a água que saiu era amarela. Digamos que aquela vontade enorme de tomar um duche depois de um dia inteiro entre aviões passou para um décimo (mas de boca bem fechada - como aliás nos tinha recomendado o médico na consulta do viajante - lá se tomou). E esta situação da água amarela não voltou a acontecer nos outros sítios onde estivemos, na verdade.
Fomos jantar a um restaurante perto da zona do hotel (pedi noodles com legumes, não me apetecia arriscar muito) e deitámo-nos para um sono muito pouco tranquilo. Dormir no Nepal (a não ser que estejamos a meio da montanha) não é tarefa propriamente fácil. Os quartos davam diretamente para a rua e ouvimos um pouco de tudo: música depois das 22h, animais a ganir durante a noite e a partir das 6h da manhã...muitas buzinas de carros (hei-de falar-vos do trânsito no Nepal...). Uma alegria!
No nosso primeiro dia inteiro em Kathmandu visitámos Changu e Bakthapur, ambas localizadas no vale de Kathmandu (mas fora do centro). Chandu fica a 20km de Kathmandu e a entrada no complexo custa à volta de 2€ por pessoa.



Uma das milhares de divindidades hindus: Shiva.


A maioria dos templos está quase sempre fechada. O templo hindu de Changu (acima) abre uma vez por ano. Como as pessoas deixam oferendas para os deuses quando lá entram (comida, basicamente) e, vá-se lá perceber porquê, os deuses não a comem, vimos alguns ratinhos à entrada do templo (que devem fazer banquetes com a comidinha dos deuses, os ladrões desavergonhados).


De Chandu seguimos para a cidade de Bakthapur, a 14km de Kathmandu, que é um museu a céu aberto, cheia de templos lindíssimos (apesar de haver muitos danificados e muitos em reconstrução, devido ao terramoto de 2015, que matou 10.000 pessoas e causou muita destruição no Nepal). A entrada no complexo custa à volta de 11€ por pessoa.


Não sei se conseguem perceber, mas a imagem acima é parte de um templo hindu e tem posições do Kama Sutra. Como os casamentos aconteciam em idades (mesmo) muito precoces, a ideia era as crianças (raparigas) que casavam aprenderem, através das imagens, como é que seria a vida sexual do casal (?!).


Muitas peças de barro, à venda por toda a parte.


As estacas de madeira são consequência do terramoto e visam dar algum suporte aos edifícios.





A bandeira do Nepal.

Fizemos este passeio com uma agência recomendada por uma conhecida minha, que esteve no Nepal este ano e fez amizade com o gerente. Mandei email ao senhor a saber de preços mas, tal como a demais oferta que encontrei por essa internet fora, a oferta que nos fizeram não cabia dentro do orçamento que tínhamos planeado: 100 dólares por pessoa para um passeio de um dia (eles têm o hábito de negociar em dólares com os turistas). Ora, eu achava que ia pagar uma pequena fortuna pela viagem de avião (que pagámos, foram 870€ por pessoa) mas que tudo o resto nos custaria o preço da chuva. Mas em relação a passeios organizados esqueçam lá isso, porque não vai acontecer.
Depois de ter perdido a vergonha e ter perguntado ao senhor se não tinha nada de preço mais modesto para nos oferecer porque aquilo excedia o nosso budget, lá passou a coisa para metade (com a justificação que o montante associado ao guia e ao motorista poderia ser dividida por nós dois) e lá fomos nós. O guia era um fofinho mas, tal como muita gente no Nepal, apesar de saber falar inglês, a pronúncia era tão mazinha que só percebíamos metade do que ele dizia. O que foi bastante frustrante quando estávamos a pagar por ele e estávamos mesmo interessados em aprender. 
Foi o nosso primeiro dia completo no Nepal, e foi mesmo bom. Recomendo imenso este passeio a quem vá a Kathmandu.