Na manhã de sexta-feira apanhámos um autocarro rumo a Puno - a 3800 metros de altitude, numa viagem algo penosa que durou seis horas (e que me deixou o estômago bastante embrulhado). Para além das estradas estarem cheia de curvas e contracurvas, a condução daquele pessoal não é propriamente a coisa mais segura do mundo. Se vocês vissem a quantidade de cruzes (em homenagem aos mortos) que vimos durante o trajeto todo (e em todas as estradas fora do centro, nas viagens que fizemos). Mais de 100, arriscaria dizer (me-do!).
A meio do caminho, passámos por aquela que é provavelmente a cidade mais medonha que os meus olhos já viram, de seu nome Juliaca, com buracos monstros na estrada (ainda não sei como é que o autocarro não ficou para lá entalado algures). Cá está uma amostra do cenário que vimos:
Escapados de Juliaca, chegámos a Puno. E o primeiro impacto, embora não tão intenso como o de Juliaca, também não foi o melhor.
Quando, na véspera, dissemos a um rapaz português que conhecemos no Free walking tour de Arequipa que estávamos de partida para Puno, ele torceu o nariz e disse-nos "Puno é horrível". Pois bem, o primeiro impacto é algo assustador, porque a primeira coisa que vemos, desde o topo, é um amontoado de casas (aparentemente) inacabadas, em tijolo, por pintar. Cá está:
Mediante este cenário, tememos pela nossa vida (e pelo nosso hotel). Mas a zona central, apesar de muito pouco interessante, estava arranjadinha e pelo menos o nosso hotel e alguns restaurantes eram bastante apresentáveis. Para quem possa ter interesse, tanto em Arequipa como em Puno ficámos no Casa Andina Standard, que tem um preço bastante acessível, e não só é limpinho e visualmente agradável como tem todas as comodidades necessárias.
Depois de eu ter visto aquele amontoado peculiar e impressionante de casas, fiquei cheia de vontade de ir à procura de um miradouro para apreciar a vista e fotografá-la. Encontrámos indicação para um (chama-se "El Condor") e chamámos um taxi para nos levar lá. Se vocês vissem o trajeto que ele fez... depois de um pouco de estrada "civilizada", começámos a subir por uma estrada super íngreme, de terra, cheia de buracos, ladeada por um precipício. Era o carro aos saltos (e a levar com cada cacetada que se fosse meu era coisa para me deixar a chorar) e eu a suar e cada vez mais arrependida de me ter enfiado ali. O motorista? Tranquilo da vida, como se fizesse aquilo todos os dias. Só queria voltar para trás mas e fazer inversão de marcha naquela "estrada"? Está bem, está...
Lá chegámos, e a vista compensou toda aquela viagem atribulada. E não, não achei que Puno fosse horrível. De todo.
Terminado este passeio, jantámos pela primeira vez com os nossos novos amigos. Eu provei a famosa truta do lago (acompanhada de cogumelos e risotto de quinoa, para não variar), que me soube ao nosso salmão.
Nós sentíamo-nos bastante bem. O único sintoma da altitude que tivemos foi alguma falta de ar. Por exemplo, tínhamos que subir dois lanços de escadas para chegar ao nosso quarto de hotel, e ficávamos ofegantes como se tivessemos feito uma corrida. E se eu me entusiasmasse um pouco a conversar (principalmente ao ar livre) e dissesse três frases seguidas sentia necessidade de parar para respirar. Fora isso, não tivemos dores de cabeça nem enjoos ou indisposições, que era o que mais temíamos (o senhor namorado ainda teve ligeira dor de cabeça, eu nem isso). Já os nossos amigos não tiveram a mesma sorte que nós. Ela, que é propícia às enxaquecas, teve-as diariamente, e perdeu completamente a fome e apetite. Ele sentia-se zonzo e especialmente cansado. E foi aí que nos apercebemos da sorte que tínhamos tido sorte por estar a reagir tão bem (obrigada, corpinho!).
Bem, em comparação com as outras fotos, estas são assustadoras... =/
ResponderEliminarNão sei se iria gostar desta parte...
Beijocas
Que cidades Gelatina... tinha alguma noção do Peru mas estas fotos... que experiência! Quanto aos sintomas tiveram mesmo uma sorte brutal!
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