sexta-feira, 10 de julho de 2020

Diário de uma mãe de primeira viagem #19 - Três meses de licença alargada em plena pandemia (e a evolução dos últimos meses)

Como já contei por aqui, eu e o pai do Gu optámos por tirar ambos licença alargada, já que não conseguimos arranjar vaga na creche para o ano letivo que está agora a terminar (se os pais partilharem ambas as licenças - inicial e alargada - podemos tirar um máximo de um ano, sendo que a partir do 7º mês o subsídio baixa muito).
Já regressei ao trabalho há quatro semanas, mas como estou em teletrabalho acabei por não sentir grande diferença.
O meu último dia de trabalho (da nossa licença inicial) foi o dia 11 de março, ainda em modo "normal". No fim de semana seguinte já estava o caos instalado no país, e logo na semana seguinte o pai cá de casa entrou em modo teletrabalho (e a mãe em modo feliz da vida com isso). E assim temos estado desde então, os três por casa. E devo dizer que isso facilitou imenso a minha vida: porque não precisava de ter as refeições todas planeadas, porque muitas vezes era o pai que adormecia o Gustavo para as sestas do dia, e porque não senti tanto aquela solidão de quem passa dia após dia em casa com um bebé sem ter um adulto com quem conversar.
Depois de ter passado pela experiência de ter tirado licença alargada e no contexto em que foi, acho  que não termos tido hipótese de pôr o Gustavo na creche mais cedo foi o melhor que nos podia ter acontecido. Dizem que os bebés evoluem muito quando vão para a creche (e o nosso bem precisava de aprender a ser mais autónomo a adormecer...), mas eu não tenho pressa nenhuma em que ele faça x ou y 1 ou 2 (ou até 3 ou 4) meses mais cedo. E não há amor nem atenção como o dos pais. E a alegria que o Gu tem mostrado nestes meses, com ambos os pais em casa o dia inteiro com ele, é impagável.
Entre as mil vantagens de não estar sozinha com o Gu, uma das maiores foi mesmo a de termos iniciado o Baby Led Weaning estando os três em casa (para quem não sabe o que é, é ver este post), porque muito honestamente nos primeiros dias o meu medo de que o Gu se engasgasse (e eu congelasse perante esse cenário) era tanto que não sei se o teria feito nas refeições em que estivesse sozinha em casa com ele.
Entretanto o sono continuou (e continua) a ser o grande desafio cá por casa, tanto de noite como de dia. O pouco que tínhamos "conquistado" de noite (era a única altura em que o Gu já adormecia pacificamente deitado e estava a acordar em média 3 vezes por noite) de repente mudou por completo aos 8 meses e tivemos várias semanas de 7, 8, 9 despertares noturnos em que andávamos à beira do desespero (nunca chegámos a perceber o motivo). Adormecer deitado para o sono da noite também nunca mais voltou a acontecer até hoje, e durante o dia adormecer deitado também é para esquecer (já se for no colo consigo a "proeza" quase sempre em menos de 5 minutos).



A nível de capacidades motoras, o Gustavo não é nada precoce, muito pelo contrário, e isso é coisa que não me tira o sono (ao contrário de algumas pessoas chatinhas que perguntam a tooooda a hora se já gatinha, se já isto, se aquilo).
O Gustavo só se sentou bem sem apoio aos 7 meses (daí termos começado o BLW, sem pressas, apenas aos 6 meses e meio, por uma questão de segurança) e só esta semana começou a colocar-se sozinho na posição sentado (estando deitado) (às vezes dá-lhe para praticar no berço, às 5h da manhã...), e até hoje ainda não gatinha (bem...às vezes semi gatinha em modo marcha atrás), mas lá se vai arrastando e chega onde quer. Já adora estar de pé (mas temos que ser nós a apoiá-lo), adora fazer posições de "ioga" e pranchas (e queixar-se enquanto as faz, como se estivesse a ser obrigado) e põe-se aos saltinhos (sentado), a tentar arranjar balanço para se levantar. O facto de não gatinhar nem andar não impede que já tenha dado início ao seu CV de nódoas negras.
Farta-se de "palrar" e vai dizendo os seus "ma ma" (mas está tudo menos a chamar-me), "pa pa" (mas está tudo menos a chamar o pai), "da da", e agora deu em estalar a língua. E tem uma adoração maluca pelo pai: não sei se consigo ver melhor por estar de fora, mas o olhar que ele dirige ao pai, tantas e tantas vezes, é dos cenários mais deliciosos a que já assisti em toda a minha vida (e que sortuda que sou, por poder ver com tanta frequência).
Com a regressão brutal de sono, decidimos mudar o Gustavo para o quarto dele aos 8 meses e meio, para ver se dormiria melhor sem nós (mas na verdade continuámos a dormir com ele, à vez, pelo que não sei se se cumpriu o propósito). Ele não estranhou nada a mudança...mas também não foi por aí que passou a dormir melhor. Foi também por esta altura que surgiram os primeiros dois dentes (eu sei que dito assim parece que foi o motivo do sono piorar, mas ele não só não parecia ter dores quando acordava como durante o dia estava sempre bem disposto).
Estreámo-nos na relva (ficou feliz da vida) e na praia (esteve o tempo todo - tipo 30 minutos - com um ar miserável de "tirem-me daqui" e quando molhou os pés na água começou a chorar, não em modo berraria, mas aquele beicinho sofredor digno de deixar o coração de uma mãe em cacos em 3 tempos). No final da minha licença fomos de fim de semana prolongado visitar a família do senhor namorado a Braga/Viana e não só não estranhou ninguém (não estávamos juntos há quase 4 meses) como distribuiu sorrisos por toda a gente (a foto deste post foi tirada nesse fim-de-semana, em Viana).
É uma praguinha para dormir, mas quando está acordado é um doce, quase sempre bem disposto, e que nos faz rir mais a cada dia que passa. É absolutamente delicioso vê-lo comer. E é o motivo para eu estar (quase) sempre cansada e com sono, mas é também o meu maior motivo de felicidade nos últimos meses. Meu Gucas querido.

4 comentários:

  1. Desconhecia que era possível tirar tanto tempo mas ainda bem que assim é. Assim podem aproveitar mais o vosso bebé :D

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    1. Por um lado nem toda a gente consegue viver alguns meses com 25% do salário (que é o que acontece a partir do 6º ou 7º mês - dependendo se a licença é partilhada ou não), por outro acho que a grande maioria dos pais (homens) acaba por ainda não usufruir da licença (por motivos profissionais ou outro), daí que esta opção não seja muito conhecida, pelo menos por quem não tem filhos (digo eu).

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  2. Sou sincera que quando vejo estes posts sobre o sono funciona com anti concepcional 😅
    Lembro-me que tinham recorrido a uma profissional para ajudar a resolver. Desistiram?
    Admiro a coragem que eu já tinha dado em doida...

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    1. Percebo perfeitamente :p, eu sentia o mesmo antes de ser mãe, e mantinha sempre a esperança de não vir a passar por isso. Mas a verdade é que o corpo também se adapta de certa forma e aguentamos mais do que aguentaríamos antes (eu antes se dormisse menos de 6 horas numa noite sentia um peso na cabeça o dia todo, agora aguento muito mais. Portanto posso dizer que apesar de ser muito mau, é menos mau do que pode parecer ;).
      Quanto à especialista do sono, na altura o Gustavo ainda tinha cólicas que influenciavam bastante o sono e então não dá para dizer que não funcionou a ajuda. Entretanto nunca mais procurámos ajuda, mas já ponderámos várias vezes na verdade...

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