quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mais uns desabafos pós dia de trabalho em Lisboa

A nível de trabalho, a mudança de Lisboa para o Porto fez com que eu tenha vindo para longe de quase toda a minha equipa (que continua por lá, no mesmo sítio), e estando eu numa área bastante complexa que ainda por cima não é a da minha área de formação, torna-se ainda mais complicado estar a trabalhar isolada. É verdade que estou à distância de um telefonema ou email, mas eu sempre fui avessa a incomodar as pessoas, acho sempre que as minhas dúvidas não são dignas de tirar tempo seja a quem for (sou pessoa que abomina incomodar os outros, seja para o que for, tenho quase uma obsessão doentia com isto), e se tiver alguém na secretária ao lado (como tinha em Lisboa, a minha querida Ana que é um 3 em 1 - amiga, colega de equipa e companheira de corrida - que me faz uma falta desgraçada) até me dou ao trabalho de perguntar, mas quando tenho que estar a telefonar a coisa muda de figura (pode ser parvo, mas sou assim).
Ontem tive uma reunião de equipa em Lisboa, e foi tão, tão bom estar mais de duas horas a conversar, partilhar e resolver dúvidas e outras questões sobre trabalho com colegas que estão dentro do assunto. Saí da reunião com um misto de felicidade por aquelas duas horas que foram tão proveitosas, e de frustração por ter aquelas pessoas tão longe de mim na grande maioria dos dias.


Outro aspeto em que a mudança para o Porto também não foi para melhor foi nas vezes que vejo o meu pai. Como saberão os que me lêem, eu sou madeirense e tenho a minha família quase toda na Madeira. Mas o meu pai vai muitas vezes a Lisboa em trabalho. Ontem ele também lá esteve, e tínhamos combinado que ele me ia dar um beijinho à hora de almoço (e matar um milésimo das saudades acumuladas de dois meses). Ele atrasou-se e isso já não aconteceu. Estivesse eu ainda a viver em Lisboa e isto não teria sido minimamente problemático, porque íamos jantar juntos ao final do dia. Mas com o último comboio de regresso a horas decentes às 20h, isso tornou-se impossível. E pronto, toca de esperar mais um mês praticamente para abraçar o meu rico paizinho.
As viagens de regresso ao Porto são muitas vezes feitas entre lágrimas silenciosas (pelo menos a primeira meia hora) enquanto ouço música e me despeço de Lisboa através do vidro e me pergunto se algum dia vou conseguir deixar de sentir aquela cidade como a minha cidade. Ontem - depois de uma tarde de trabalho produtiva e de não ter conseguido dar um beijo ao meu pai - não foi exceção.

7 comentários:

  1. Acredita que agora fiquei triste por ti.
    Essa então das saudades é péssima =S

    Beijocas

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    1. És uma querida, Cláudia. És mesmo =)! Na altura custa um bocadinho, mas depois passa =).

      Beijinho para ti

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  2. Gelatina, desculpa dizer-te isto mas cada vez que te leio tenho mais a certeza que não devias ter trocado Lisboa pelo Porto. Familia é aquela com que vivemos todos os dias, seja essa de sangue ou coração não é ir almoçar ao Domingo. Eras feliz em Lisboa com tudo o que estava associado a isso, como namorado, amigos, familia, trabalho, etc....mudaste por amor para o teu namorado estar mais perto da familia mas quem te lê aqui todos os dias como eu sente que não és feliz.
    Falo por experiencia própria pois há muitoa anos os meus pais também trocaram o Porto por um meio mais pequeno e perto da familia dos dois...só que depois ....cada um tem a sua vida, o seu trabalho a sua casa e quando tens problemas tens que os resolver sozinha da mesma maneira.....Sê feliz por ti, para ti e não pelos outros....

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    1. Eu não concordo assim tanto com o comentário anterior, acho natural o teu namorado querer estar mais perto da família e não me parece dramático terem mudado para o Porto. Acho é a tua reacção um pouco "exagerada", atenção que isto não é uma crítica, nós não controlamos o que sentimos e o teu sofrimento pelo afastamento de Lisboa parece bem genuíno, acho é que se calhar devias tentar procurar alguma ajuda para perceber o que se pode estar a passar... E os motivos dessa tristeza tão presente. Desculpa mais uma vez a intromissão, mas achei que se partilhas com estes leitores que te seguem, ias gostar de ouvir a nossa opinião. Beijinhos e ânimo!

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    2. À anónima, aqui vai a minha resposta: não me peças desculpa por dares a tua opinião. Não foste desagradável portanto não tens que te desculpar, aliás até agradeço as tuas palavras =).
      Eu não acho que não devia ter trocado Lisboa pelo Porto, ou, explicando-me melhor, era incapaz de viver bem comigo mesma se me mantivesse por Lisboa (com as consequências que isso acarretariam, que seriam uma de duas: ou teria o meu namorado lá comigo, mas infeliz, ou a nossa relação terminaria, caso ele viesse sozinho) sem ter primeiro dado uma oportunidade ao Porto, até porque esta não foi a única (nem a maior) mudança da minha vida. E, quando fiz aquela que foi a maior mudança da vida minha (da Madeira para Lisboa, com 17 anos) tenho a dizer que foi uma das fases mais complicadas de sempre para mim (bem mais complicada do que esta mudança agora), eu detestava Lisboa com todas as minhas forças (coisa que também não acontece agora com o Porto) e acabei adorando a cidade e identificando-me como não me identifico com nenhuma outra hoje em dia.
      Por isso, o que prometi a mim mesma é que vou tentar não tirar conclusões sobre esta mudança e sobre se é mesmo aquilo que quero sem ter passado um ano pelo menos. Porque se posso voltar para Lisboa, mudando de ideias, já não poderei voltar para o Porto, se depois disso me arrepender. E, mais importante de tudo, está em causa a minha relação, que não sobreviveria a essa mudança de opinião, e, pelo menos neste momento, não estou disposta abdicar dela. Não estou.
      Mas só não concordo contigo mesmo na primeira frase, porque no resto concordo com tudo, e confesso que foi um colocar do dedo na ferida que doeu um bocadinho de ler, mas só mesmo porque tens razão. Um beijinho para ti e obrigada!

      Sempre entre Viagens: Já pensei em procurar ajuda, sim, porque também a mim tudo isto me assusta e não estava à espera que acontecesse. Até porque o único "problema" (se é que posso chamar assim) que o Porto tem é só mesmo o facto de não ser Lisboa, mais nada.
      Tenho fugido da ideia do apoio psicológico porque detesto criar dependências seja do que for (detesto basicamente porque as crio rapidamente, e já andei numa psicóloga antes e criei alguma dependência daquele "bordão"), mas provavelmente neste momento estou a ser mais teimosa do que outra coisa, porque só me podia fazer bem.
      Não peças desculpa por opinar, se escrevo sobre o assunto e permito os comentários, estou sujeita a isso e não me importo =).
      Obrigada pelas tuas palavras, beijinho grande!

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    3. :) e para ajudar a animar o dia posso dizer-te que estou a gostar bastante do teu blogue. Cheguei há pouco mas entretanto já li a época em França e em Londres também.
      O Porto é a minha Lisboa e deixei-a mais ou menos há um ano para voltar à minha Madeira (que só fica 90 km mais a norte, a terra onde nasci), sinto falta muitas vezes de ainda morar na cidade, onde tudo se passa, e onde ficaram todos os meus colegas, e de me ter vindo enfiar num fim de mundo que apesar de ser a minha casa (não só física mas onde me sinto mesmo em casa) está a ficar deserta - por todos os problemas económicos e de desertificação que os lugares pequenos estão a sofrer -. Ainda não sei onde é o meu lugar, em termos de trabalho, mas acredito que saltitando dum lado para o outro o vou acabar por encontrar... Enquanto isso conheço o mundo. Beijinhos e se precisares de alguma coisa em relação ao Porto, foi a minha casa durante 10 anos, no que puder ajudar...

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