sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Ainda os trabalhadores do privado que nos criticam pela greve

(ou de como perder 90% dos leitores num só dia)



Claro que essas pessoas não podem estar de acordo com a nossa greve. Então se a fazemos porque nos querem cortar (mais uma vez) os salários a nós, funcionários públicos (que temos tanta culpa da crise como os trabalhadores do privado...ou menos até, já que não temos hipótese de fugir ao IRS com facturas de almoços e afins) e, consequentemente, fazer com que sejamos nós a suportar (no mínimo) 80% da crise em vez de repartir o mal por todos, como é que poderiam estar de acordo com a nossa luta? Então não seria muito mais justo mexer no IRS, que toca a todos, ou até mesmo no IVA? É um escândalo o que eu acabei de dizer, não é? Porque isso já vos tocaria também a vocês.

Pois, com o mal dos outros podemos nós bem.

28 comentários:

  1. Cara Gelatina de Morango,
    Não quero vir aqui para casa alheia arranjar confusão, mas sugiro que tente ver a situação de uma outra perspectiva:
    Os funcionários públicos estão a levar com cortes e os do privado não. Certo.
    Mas o ajustamento do sector privado não está a ser feito ao nível dos salários, mas sim ao do emprego.
    Enquanto os trabalhadores do privado estão a ir para o desemprego (uma taxa de 18% até há bem pouco tempo o prova), os funcionários públicos "só" tiveram cortes salariais.
    Vale mais ganhar pouco do que não ganhar nada.

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  2. E desde quando é que os do privado não são afectados? O meu pai trabalha no privado, e actualmente recebe menos 100 e tal € por mês do que recebia há 5 anos atrás (pensando que não, esse dinheiro faz diferença num orçamento familiar). E não tem qualquer hipótese de fugir ao impostos.
    Tenho muito respeito por quem trabalha na função pública, agora não venham é dizer que só vocês é que pagam o pato, que isso é mentira.

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  3. O que me tira do sério são os comentários de quem acha que os funcionários públicos não têm motivos para fazer greve, isso deixa-me doente!

    Anónimo, eu não disse que só "nós é que pagamos o pato", disse que, em termos financeiros, somos nós a suportamos a maior parcela sim senhor. Claro que há todo um conjunto de consequências da crise na vida dos cidadãos (todos!) que nada têm a ver com cortes nos salários, sem dúvida, mas não era disso que eu estava a falar.

    Estamos todos a ser prejudicados financeiramente com a crise, mas não todos da mesma forma. E a injustiça sempre mexeu muito com o meu sistema nervoso (veja lá que até caí no erro de seguir Direito). Situação que ainda piora quando o "outro" lado não é capaz de reconhecer isso e, pior, ainda nos critica. Acredite, é coisa para me deixar mesmo triste!

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  4. também me parece que falas do "outro lado" um pouco sem conhecimento de causa Gelatina, eu também trabalho mais e recebo menos que hà um ano atrás. se calhar essa diferença vai para o meu patrão e nao para o estado, mas para mim é igual. generalizações são sempre perigosas

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  5. Stantans provavelmente recebes menos pelo faco das taxas de IRS terem aumentado (para todos) este ano. A mim fizeram o mesmo para para o ano querem tirar-me 10% do que eu ganho.
    No mundo perfeito o que eu queria era que ninguém sofresse qualquer tipo de medida de austeridade. Mas como tal coisa não existe, e eu tenho tanta culpa da crise como tu e a maioria dos outros trabalhadores do público e do privado, não me parece justo tirarem-me 10% do ordenado a mim, quando podiam tirar menos e repartir esse sacrifício por todos os cidadãos (o que teria que ser feito, mais uma vez, por via do IRS por exemplo).

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  6. Chiça gelatina maria, estás mesmo piursa! Olha sabes o que é que eu acho, que "casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão", como dizia o meu pai. Ou neste caso, todos têm razão, que vai dar ao mesmo.

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  7. Podes estar chateada o quanto quiseres, mas desculpa lá que não estás bem a ver as coisas.
    Vai dizer isso na cara das pessoas que trabalhavam no privado e perderam o emprego, já não têm subsidio de emprego e continuam a ter contas para pagar.
    Pior, nunca tiveram dividas na vida, sempre pagaram tudo a tempo e horas, nunca fugiram ao fisco, pedem as suas facturas, não têm créditos e afins.
    Descontaram 40 anos, mas ainda não têm idade para se reformarem, nem lhes dão trabalho não só pela idade, mas também porque diz-se que é a crise. Têm pais a cargo, filhos a cargo, netos a cargo.
    Sempre trabalharam 8h ou mais horas por dia e agora davam tudo para trabalharam mais 1 horinha.
    Tu até podes estar muito chateada por te terem cortado no ordenado, mas há pessoas muito mais chateadas por não terem ordenado.
    Tu até podes trabalhar bem e muito, nas mais 5 horas por semana que têm de trabalhar, mas eu sei bem que há imensa gente na função publica que nem nas outras horas trabalha o que devia. Conheço pessoas que na hora a mais por dia que foram obrigados a trabalhar, a levam a mandar e-mails com gatinhos fofinhos e afins.
    Tu que és da nova geração e que acredito piamente que tens vontade de trabalhar, ainda tens muito que ver. Há tanta gente que está há anos sem fazer praticamente nada e a receber o seu salário na mesma. Infelizmente sei do que falo e não me orgulho nada de o saber.
    Para ti que acreditas piamente naquilo que dizes e que eu acho muito bem e que continues a praticá-lo, desejo-te muito boa sorte no teu emprego.
    Nada tenho contra ti, acredita, que até gosto de ler o teu blogue, mas não te vires tanto contra o "outro lado", porque às vezes desse lado é que se vê bem o que se passa à nossa volta!

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  8. Miranda, sempre discordei da mentalidade do "há gente pior do que tu por isso dá-te por satisfeita". Não devemos nunca nivelar por baixo. Vai sempre haver gente em situação pior e melhor do que a minha, nas não é por isso que vou deixar de ter razões de queixa.

    E por favor percebam que a minha revolta não é contra "o outro lado", é contra quem critica que os funcionários públicos estejam indignados por irem ter os ordenados cortados quando não fizeram nada para merecer isso.

    Infelizmente, no meu caso, sou a única prejudicada com a minha greve portanto não admito que insinuem que o que eu queria era um dia de férias quando apenas usei a única forma que tenho de mostrar ao meu patrão o meu desagrado. É só isso. Nunca quis fazer generalizações acerca do pessoal do privado, até porque não gosto nada de generalizações.

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  9. E no público não há desempregados?
    Será que estão a falar do mesmo país onde eu vivo?
    Onde há milhares de professores, enfermeiros, técnicos, etc, que trabalhavam no estado e que estão desempregados?
    Eu já estive no público e agora estou no privado e digo, com conhecimento de causa de ambos, que os cortes são, de longe, mais injustos para o público.
    Fazem por exemplo ideia de que um professor que há 5 anos recebia 1300€ neste momento recebe menos de 1000€? Acham isso normal?

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  10. Gelatina Maria, hoje nao concordo posso concordar contigo. Ainda és bastante jovem e certamente como é normal com pouco conhecimento do funcionalismo público. A verdade é que durante muitos anos os funcionários públicos "cantaram de galo" trabalhavam menos horas que os do privado, médico de especialidaade a pagar uma "tuta e meia", pontes etc etc etc. Tudo acabou e agora querem equidade!! Meus caros eu nunca ouvi em 20 anos que tenho de trabalhadora no privado alguem da função publica dizer: Ora bolas, não é justo nós temos estas regalias e eles do privado não!!!Mas agora quando é para cortar, claro é para todos!! E nem estou a falar do meu caso que este mês a firma onde trabalho, (uma multinacional credível por acaso) entrou em lay off e não sabemos até quando será ...E as contas no final do mês essas são certas

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  11. A questão é que os funcionários públicos sempre tiveram mais regalias que todos os outros. E os cortes que estão a ser feitos não são para combater a crise, são para conseguirmos ter as finanças minimamente equilibradas, PARA SEMPRE (e claro que não é só isto que o vai permitir.)

    Não fazia sentido trabalharem menos 5 horas por semana, como não faz sentido ganharem proporcionalmente mais que os trabalhadores do privado. Ou os funcionários públicos têm algo especial e por isso devem ser - positivamente - discriminados? NÃO! Principalmente quando somos todos nós, contribuintes, que pagamos isso. Eu não tenho que pagar o ordenado a um funcionária das finanças que ganha mais que eu, é mal-educada cada vez que me desloco à repartição e preciso de qualquer coisa e não faz ideia do que é ter que trabalhar para conquistar clientes e sobreviver de vendas, por exemplo. 5 minutos antes de fechar, ela responde-me "não atendemos mais ninguém!; eu trabalho até às 20h, se assim for preciso porque sei que se for mal-educada, o meu cliente procurará alguém que não o seja, e o meu ordenado não cai na conta a dia 27 vindo sabe-se lá de onde.

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  12. Leio-te há anos, e adoro o o que escreves, mas agora fiquei com pena, muita pena mesmo, que não passes pela minha realidade e de outros que não têm emprego, e se arranjarem alguma coisinha (fora da área para que estudaram) é sempre temporário. Vocês estão é mal habituados, estão seguros, o dinheiro seja muito, seja pouco, seja mais ou menos, pinga sempre na conta bancária......é triste ver tantas greves tanto na função pública, na TAP etc etc....se houvesse justiça nesta vida vocês deviam trocar connosco e depois haviam de ver o que é a realidade. Quem me dera estar na vossa situação :P

    Inês

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  13. Pois, eu concordo plenamente contigo mas claro sou FP. É sempre fácil criticar a função pública mas queria ver quem queria trabalhar a mais de 100km de casa gastar mais de 400€ só para ir trabalhar e ver sempre a descontar nos mesmos. Como foi dito num comentário, não sei quem acha normal um professor (licenciado que investiu nos seus estudos tanto a nível pessoal como finaceiro) com 20 anos de serviço efectivo passar a ganhar 1000€ quando ganhava 1300€ (pois os professores não ganham assim tanto!!!). Pois eu acho vergonhoso, só mostra que o nosso país não valoriza as pessoas qualificadas e que investiram na sua formação. E deixam-me acrewscentar que também existe desemprego dentro da FP mas claro que muitas pessoas que comentam ficam tão cegas com o ódio pela FP que até se tornam ignorantes. Já agora não fiz greve porque apesar de licenciada há 20 anos não ganho o suficiente par me deslocar para o trabalho, pagar a minha casa, sustentar a minha família e OFERECER mais um dia de salário a este governo!

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  14. Anónimo das 22:25, não generalize por favor. Eu já trabalhei um mês num serviço de finanças, não atendia os contribuintes mas as pessoas que atendiam eram impecáveis, garanto-lhe. E tenho uma familiar que trabalha num outro serviço de finanças que também não é como descreve,pelo contrário, recebe elogios (e também gente mal humorada que acha que ela é que tem culpa das medidas do Governo, óbvio, como se ela também não tivesse que pagar impostos). Por isso peço que não generalize porque não é justo.

    Quanto a eu ter pouco conhecimento do funcionalismo público (anónimo das 22:19), trabalho apenas há 2 anos na função pública mas sou filha de dois funcionários públicos cujo exemplo que me deram nunca coube no do cliché de serem maus profissionais.

    Inês, esse teu "vocês" não me abrange com certeza. Para além de eu não estar segura coisa nenhuma porque não fui nomeada, assinei contrato e como tal posso ser despedida sim, tive que fazer quatro exames (três deles eliminatórios) que me puseram a estudar durante mais de um ano non-stop só para perder o rótulo de estagiária (que entretanto, mesmo assim, ainda se prolonga).

    Pode haver mordomias e gente mal habituada e que não tenha legitimidade para reclamar. Pois não é o meu caso, pelo que me sinto no direito de reclamar, sim.
    E se o corte no meu salário servisse para te dar emprego a ti e a mais pessoas desempregadas, acredita que era de bom grado. O problema é que não é. É, para não variar, para usar esse dinheiro em coisas que não são prioritárias. O problema é esse.

    E agora espero que continuemos todos amigos como dantes, sim =)?

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  15. Tens razão Gelatina.....mas sabes,o que dói mesmo nestas greves é que quase todo o Portugal, só tem trabalho temporário e dependendo dos transportes, estamos sujeitos a ser despedidos por faltarmos. Pelo menos nos transportes podiam tentar não lixar quem já está no fundo :(

    Continuo e sempre continuarei tua fã, acompanho-te quase desde o princípio "friends forever" ;D

    beijinho*

    Inês

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  16. És uma querida Inês =).
    E espero do fundo do coração que a tua situação profissional melhore rapidamente.

    Beijinhos

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  17. Obrigada, tu também :)
    Uma boa semana para ti, cheia de tudo o que mais gostas! Vou passando, como sempre. Nunca te disse nem tinha comentado, mas o teu blog é que mais gosto em toda a "blogosfera". Invejo (no bom sentido) o teu talento para a escrita e a tua criatividade.

    Bjs<3

    Inês

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  18. Vê lá Inês que foi preciso eu dizer uma coisa da qual não gostaste para descobrir a tua existência e que, ainda por cima, gostas assim tanto aqui do estaminé.
    Mais não seja para ter lido esse elogio, já valeu a pena este meu desabafo polémico em formato de post ;).
    Obrigada!

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  19. Querida gelatina,

    Quando uma empresa privada vai à falência, os seus colaboradores caem com ela.
    Dado que é o Estado Português que está falido, é normal que seja a função pública a sentir isso de forma mais pronunciada. E apesar disso os trabalhadores do privado também pagam a sua parte, via subsídios cortados, sobretaxas de IRS e afins.

    Acho que tens todo o direito à greve e ainda mais à indignação, mas esta guerra privados/públicos não ajuda em nada.
    Todos estamos a pagar por erros de uma classe política incompetente de há vários anos a esta parte.

    Boa sorte!
    JM

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  20. Trabalho no privado e concordo com as tuas razões, porque tenho muitos familiares a trabalhar no publico e têm tido penalizações atrás de penalizações, ninguém gosta de perder o que adquiriu com esforço, tanto no privado como no público.. De qualquer forma, não podemos generalizar.
    E, não acredito que percas leitores. Eu adoro ler-te, pelo menos há um ano. Dá para ver que és boa pessoa e mesmo que não concordasse contigo continuava por aqui. Beijinho

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  21. Isa, és uma querida, obrigada =)!

    JM, eu percebo a tua ideia, mas o Estado, feliz ou infelizmente, é de todos, não é só dos funcionários públicos.
    Mas eu concordo a 100% contigo quando dizes que a luta privado/público não ajuda em nada.

    Beijinhos

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  22. A realidade é que isto não está fácil para ninguém, privado ou público. Não vale a pena estarmos aqui a fazer braço de ferro para tentarmos apurar quem está pior. Há desemprego e há cortes nos salários em ambos os sectores.Não está fácil para ninguém.

    Não concordo quando dizem que a Gelatina está mal habituada e tem muita sorte por estar onde está. Eu acompanhei todo o processo (à distância é certo!) e sei bem o quanto foi difícil chegar onde está. Eu certamente não teria chegado lá. Isto, meus amigos, não é sorte. É mérito e muito trabalho. Portanto, se acham que a Gelatina tem sorte, arregacem as mangas, estudam como se não houvesse amanhã e concorram, sim?

    **Beijinhos**

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  23. Myosotis, tu és uma querida, mas isso não é novidade nenhuma =)!
    É verdade que não tive facilidades para chegar onde estou agora, mas tu nem a brincar digas que não terias chegado onde eu cheguei. Se há pessoa com espírito de sacrifício e que luta pelo que quer és tu. És um grande exemplo de determinação!
    Beijinho

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  24. Cara Gelatina Maria, a única coisa que eu quero saber é como é que sendo trabalhadora do privado (por conta de outrém) posso fugir ao IRS com facturas de almoços e afins?!
    A sério? E eu passei 7 anos da vida profissional sem saber isto?!?!?!?

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  25. Cara Gelatina Maria, a única coisa que eu quero saber é como é que sendo trabalhadora do privado (por conta de outrém) posso fugir ao IRS com facturas de almoços e afins?!
    A sério? E eu passei 7 anos da vida profissional sem saber isto?!?!?!?

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  26. Cara Ana A., sendo eu inspetora tributária (é verdade, odeiem-me ainda mais um bocadinho) fica-me mal estar aqui a dar "dicas" para fugir aos impostos.
    Mas conheço mais de um caso de amigos que trabalham no privado cujos patrões lhes dão um "bónus" por entregarem tantas faturas de refeições em almoços quantas conseguirem. Isto tem um único objetivo, podes ter certeza: contornar a lei fiscal. E na maioria dos casos favorece as duas partes (patrão e funcionário).

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  27. Não tenho nada disso na minha empresa. Pago todos os meus impostos sempre.
    Portanto esperemos que não seja caso frequente.

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  28. Não tenho nada disso na minha empresa. Pago todos os meus impostos sempre.
    Portanto esperemos que não seja caso frequente.

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