quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dos erros


Hoje pus-me a ler, no site do Expresso, os comentários às notícias sobre o maquinista do comboio que descarrilou em Santiago de Compostela. 
Quando ainda nem certezas existem sobre o que aconteceu, atiram-se pedras ao homem, sem dó nem piedade. Chega-se a compará-lo a psicopatas (Deus meu!). E que lhe devia acontecer isto e aquilo porque, vejam lá, este ser imperfeito errou.
Eu sei que nenhuma das 79 pessoas que morreram eram meus familiares nem amigos (e nem quero imaginar o sofrimento das famílias) mas, muito sinceramente, independentemente do castigo que a justiça venha a atribuir àquele homem, tenho certeza que não há castigo pior para um ser humano (ou pelo menos para um que tenha coração) do que carregar o peso, a culpa da morte de alguém (quanto mais de 79 "alguéns"). Só por aí, acho que aqueles seres perfeitos e implacáveis que desejam a maior das punições para o maquinista já podem respirar de alívio.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente! E pelo que tenho percebido ele admitiu que estava distraído, logo ainda mais culpado e com mais peso na consciência se deve sentir... não precisa que lhe atirem pedras. Digo isto porque tenho conhecimento de um familiar que é camionista nos EUA e há uns 2 anos atropelou um carro onde seguiam uma mulher e a filha e que morreram. A culpa foi da mulher porque não parou no stop, mas nem por isso ele deixou de ficar perturbado, triste e a sentir-se culpado com aquilo que aconteceu, apesar da culpa não ser dele.

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  2. Sim, para lá de qualquer punição, do sentimento que vai carregar para o resto da vida ninguém lhe tira!

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  3. Eu penso que o peso na consciência é talvez o pior castigo que aquele homem vai ter e que o vai acompanhar o resto da vida.

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